Lisboa |
Semana da Caridade da Vigararia de Cascais
“Evidenciar o que nos diferencia”
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A Semana da Caridade da Vigararia de Cascais revelou o projeto ‘Vigararia acessível’, que está a ser preparado com várias entidades e que será apresentado brevemente. Aos agentes sociocaritativos, o presidente da direção da Federação Solicitude, José António Parente, desafiou a não ter medo da palavra “caridade”. “É a nossa marca!”, observou.

 

A pessoa com deficiência foi a periferia escolhida pela Vigararia de Cascais para este ano dedicado à caridade. “É um caminho incontornável”, diz-nos o vigário, padre Nuno Coelho. “Há que ter este cuidado, esta atenção, este acolhimento e temos que arriscar mais na lógica das pessoas com deficiência”, aponta o sacerdote, dando a conhecer o projeto de uma ‘Vigararia acessível’, que está a ser desenvolvido, fruto da colaboração entre associações locais, município, e que teve um forte impulso com a realização desta Semana da Caridade, que decorreu entre 2 e 8 de março. O projeto pretende “assinalar igrejas – mesmo para além das paroquiais –, espaços que tenham condições” para receber pessoas portadoras de diversos tipos de deficiência, explica o pároco de Cascais.

Ao longo de uma semana, foram várias as iniciativas que decorreram no âmbito da Semana Vicarial da Caridade. No dia 2 de março, aconteceu a conversa ‘Caridade e/ou Solidariedade?’, na Nova SBE, em Carcavelos, que juntou Miguel Pinto Luz, vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais, Maria Castro e Almeida, da Inclusive Community Forum da Nova SBE, Salvador Mendes de Almeida, da Associação Salvador, Francisco Mendes, da Missão País da Nova SBE, padre Paulo Malícia, pároco do Estoril (Boa Nova), e um representante da Comissão para as Pessoas com Deficiência do Concelho de Cascais (CPD). Segundo Carmo Diniz, uma das organizadoras da Semana da Caridade e diretora do Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência do Patriarcado de Lisboa, esta iniciativa foi uma oportunidade para se “falar mais sobre estes temas, de trazer mais perspetivas e de alargar o público”, revelou esta responsável.

A semana prosseguiu com uma venda de artigos, no Mercado de Cascais, uma recolha de bens alimentares que foram entregues na Paróquia de Tires e com o ‘VII Torneio Cercica’, onde participaram cerca de 100 atletas, de muitas instituições do país, para jogar futsal, basquetebol e praticar natação. A Semana da Caridade ficou concluída com a Missa de encerramento, no dia 8 de março, na Igreja da Boa Nova, no Estoril, que contou com tradução em língua gestual portuguesa e a participação de inúmeras pessoas que estão ligadas às instituições da CPD.

 

A marca

Três dias antes, decorreu um encontro que juntou diversos agentes da Pastoral Social das nove paróquias que compõem a vigararia. Em São Domingos de Rana, o presidente da direção da Federação Solicitude, José António Parente, desfiou os presentes a não terem receio de viver o verdadeiro significado da caridade. “Muitas vezes, cobrimo-nos de uma veste que nos protege para não falarmos de caridade. Então, falamos de solidariedade, serviço, partilha, do bem comum e não vamos à raiz da palavra. Mas nós somos caridade. É isso que nos define e é essa que deve ser a nossa grande identidade, a nossa marca!”, referiu José António Parente aos responsáveis de centros sociais paroquiais, conferências vicentinas e outras instituições ligadas à Igreja.

Nesta iniciativa, que teve como tema ‘Encheu-se de compaixão. Aproximou-se’, José António Parente referiu que “ir ao encontro, acaba por ser o maior desafio da caridade”. “A parábola [do Bom Samaritano] surge de uma pergunta: ‘Quem é o meu próximo?’. E Jesus não lhe diz quem é o próximo. Diz-lhe que ele é que é o próximo e vai ao encontro do outro. Para que isso aconteça, temos que estar preparados”, apontou, apelando também a uma maior valorização e reconhecimento do que é dar a vida. “Nos nossos serviços, no dia-a-dia, muitas vezes não nos apercebemos do quanto damos a vida e não valorizamos isso. Eu julgo que, se nós nos consciencializássemos mais, se tivéssemos essa perceção do gastar a minha vida em favor do outro, o serviço, o resultado, seria ainda melhor. Gasto-me? Dou-me? Entrego-me? É nessa medida que eu percebo se estou ou não em sintonia com a caridade do Evangelho. As nossas instituições correm o risco – sem desprimor para todas as restantes – de serem iguais. O que me diferencia – a mim, centro social –, e me identifica de uma outra associação? Mesmo que o resultado prático seja o mesmo, eu sei o que é que me faz ir ao encontro do outro”, sublinhou José António Parente.

 

Sinergias

No balanço deste encontro, o padre Nuno Coelho salientou a importância destas iniciativas para um aumento das sinergias entre as paróquias da Vigararia de Cascais. “As paróquias são muito diferentes. Algumas diferenças já se vão atenuando, mas devemos continuar a criar esta noção e consciência de ajuda paroquial”, garante o vigário, sublinhando que se devem organizar outros encontros que, tal como este, “ajudem a encontrar um eixo simples que potencie e oriente este nosso serviço”, sem sobrecarregar as instituições. “Criar laços, sinergias, evidenciando o que nos diferencia de todas as outras instituições... é o nosso grandíssimo desafio”, sublinha.

texto por Filipe Teixeira; fotos por Ana Pereira da Costa e Filipe Teixeira
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