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Paquistão. A história do mártir Akash Bashir
Um jovem especial
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No pequeno cemitério de Youhanabad não é difícil descobrir o local onde repousa o corpo de Akash. Junto ao seu túmulo, construído com mármore oferecido por um empresário muçulmano, é costume encontrar pessoas a rezar. Ninguém fica indiferente ao exemplo deste jovem que deu a vida pelos outros, impedindo um massacre, no domingo dia 15 de Março de 2015. Há precisamente cinco anos…

 

Na Igreja de São João, em Youhanabad, todos conhecem a história de Akash. Foi em Março de 2015. Há precisamente cinco anos. Akash era voluntário na paróquia. Fazia segurança na paróquia. Naquele dia, quando a Missa estava quase a começar, reparou num homem que caminhava apressadamente para a igreja. Caminhava apressadamente e trazia consigo, meio escondido na roupa, um cinto de explosivos. Akash dirigiu-se para ele e tentou afastá-lo dali. Não conseguiu. Tudo aconteceu então num ápice. Akash compreendeu que o homem ia fazer detonar a bomba que trazia consigo e atirou-se sobre ele. Morreram os dois instantaneamente. Era domingo, a igreja estava cheia de fiéis. Seriam centenas de homens, mulheres e crianças. Há quem fale mesmo em mais de mil pessoas. É difícil imaginar o banho de sangue que teria ocorrido se o terrorista tivesse entrado na igreja, como pretendia, fazendo detonar a bomba no meio de toda aquela multidão. Morreu Akash para se salvarem os outros.

 

A distracção dos guardas

Os ataques contra os Cristãos eram cada vez mais frequentes e as próprias autoridades tinham reforçado as medidas de segurança nos lugares mais sensíveis. Como as igrejas, por exemplo. Naquele dia, 15 de Março, faz agora precisamente cinco anos, as televisões estavam quase todas sintonizadas no jogo de críquete entre o Paquistão e a Irlanda. O jogo e a Missa decorriam à mesma hora. Foi precisamente para aproveitar a distracção dos guardas, mais preocupados com os lances do jogo do que a fiscalizarem as pessoas, que o terrorista tentou entrar na igreja disfarçando o cinto com explosivos debaixo das suas largas roupas escuras. Por acaso, Akash reparou nele. Tinha 20 anos e todos os sonhos do mundo. O antigo aluno da escola de Dom Bosco em Lahore era um jovem muito especial.

 

Salvou centenas de pessoas

Para a comunidade cristã no Paquistão, Akash é um herói, um mártir. Sempre que falam dele, os seus pais, Bashir e Nazbano, misturam sentimentos de tristeza e orgulho. “O meu filho sabia o sacrifício que estava a fazer”, diz o pai. “Ele deu a vida para salvar centenas de pessoas que estavam na Missa naquela manhã.” A mãe já perdeu as contas às vezes que deu por si a chorar cheia de saudades, lamentando que a vida do seu filho tenha sido interrompida de forma tão abrupta naquele domingo de manhã. “Akash era muito especial. Tenho três filhos e uma filha, mas ninguém o pode substituir. Na manhã em que morreu, ainda lhe disse que não fizesse a vigilância, mas ele respondeu-me que era o seu dever. Como é que eu o podia impedir?”

 

História que correu mundo

O exemplo de coragem de Akash não deixa ninguém indiferente. A comunidade salesiana e a Arquidiocese de Lahore começaram a recolher testemunhos sobre a vida deste jovem cristão, com vista a uma possível abertura de processo de causa de martírio. Até agora, mais de duas dezenas de pessoas de Lahore, cristãos e muçulmanos, já responderam a esse questionário, sendo que a história de Akash já correu mundo e ninguém estranha quando equipas de televisão aparecem na Igreja de São João, oriundas de países tão distantes como Polónia, Coreia do Sul ou Itália, procurando registar imagens do local onde se deu a explosão e recolhendo testemunhos de amigos, colegas e vizinhos.

Além da igreja, os repórteres vão também, normalmente, ao pequeno cemitério de Youhanabad. Não será difícil descobrir o local onde repousa o corpo de Akash. Junto ao seu túmulo, construído com mármore oferecido por um empresário muçulmano, é costume encontrar pessoas a rezar. Ninguém fica indiferente ao exemplo deste jovem que deu a vida pelos outros naquele domingo, dia 15 de Março de 2015. Foi há precisamente cinco anos…

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