O Cardeal-Patriarca de Lisboa escreveu uma carta aos sacerdotes da diocese, assegurando união a cada um. “Caríssimos irmãos sacerdotes: saúdo-vos com muita estima e gratidão, mesmo com a distância que as circunstâncias impõem e sem o nosso encontro habitual na Sé. Uno-me a cada um de vós, na respetiva vida e ministério, que são para mim constante motivo de oração e esperança”, começa por referir a missiva de D. Manuel Clemente, enviada aos sacerdotes esta Quinta-Feira Santa, 9 de abril.
Na carta, que foi também publicada no site do Patriarcado de Lisboa (www.patriarcado-lisboa.pt), o Cardeal-Patriarca destacou as iniciativas que o clero têm feito, em tempo de pandemia, para chegar aos seus paroquianos. “Chegam-me repetidas notícias de como acompanhais as comunidades nestes tempos difíceis, em que a presença física é limitada e a criatividade pastoral a supera doutras formas. – Graças a Deus que tanto vos inspira!”, frisa.
A natureza ‘sacerdotal’ da vida em Cristo
No dia em que iria ter lugar a Missa Crismal, na manhã desta Quinta-Feira Santa, na Sé de Lisboa, e que foi adiada para o início do próximo ano pastoral, em data a anunciar, devido ao coronavírus, D. Manuel Clemente citou “uma passagem do Apocalipse que se lê na Missa Crismal: «Àquele que nos ama e pelo seu sangue nos libertou do pecado e fez de nós um reino de sacerdotes para Deus, seu Pai, a Ele a glória e o poder pelos séculos dos séculos!»”. “Tomo este passo para salientar a natureza ‘sacerdotal’ da vida em Cristo e do nosso ministério em função desta. Se atenuamos tal realidade, perdemos o horizonte final que Cristo nos abriu e ofuscamos o sentido da sua oferta ao Pai, por nós e para nós, qual palavra inteiramente realizada e assim plenamente sacramental. Sentido que se mantém, especialmente nas atuais circunstâncias e enquanto não podemos pregar e celebrar diretamente com o povo. Pois é pelo povo que continuamos a celebrar e rezar”, apontou. Segundo o Cardeal-Patriarca, “é no Coração Sacerdotal de Jesus” que os sacerdotes se “compreendem”. “É este Coração que pulsa agora em nós – e por essa razão o Santo Cura d’Ars definiu o padre como «o amor do Coração de Jesus». Um coração que ama intensamente e por isso anuncia e celebra a oferta de Cristo, a bem de todos”, sublinhou.
A ‘Carta de Quinta-Feira Santa aos sacerdotes do Patriarcado de Lisboa’, da autoria de D. Manuel Clemente, garante ainda que “nada acontece sem mediações, entre a imensidão divina e a pequenez humana”. “O que passa por nós e sacramentalmente nos repassa, irmãos sacerdotes, medeia o sacerdócio de Cristo, palavra e gesto salvadores. É a nossa verdade existencial agora e o nosso lugar eclesial sempre, como vocação própria e ministério indelegável”, escreveu. Neste sentido, acrescentou, “com tal radicação divina, com tal objetivo santificador, havemos de considerar que a ação pastoral tem de ser sempre sacerdotal, de Deus para Deus e em oração insistente, pelo povo e com o povo”. “Trata-se de ação sagrada, só possível a partir de Deus e para Deus orientada. Há de impregnar tudo o mais, da pregação à catequese e dos sacramentos à caridade. Para glória de Deus e a vida de todos em Deus. É este o arco completo da realidade eclesial, que, retida em nós, logo se perderia. Da primeira à última pregação que fizermos, da primeira à última ação que realizarmos, tudo tem de ganhar dimensão sacerdotal, para se oferecer ao Pai, com Cristo e no Espírito”, salienta a missiva.
“Uma Páscoa muito santa e feliz”
Publicada na manhã do primeiro dia do Tríduo Pascal de 2020, a carta do Cardeal-Patriarca de Lisboa “aos caros irmãos sacerdotes” lembrou ainda a “finalidade” com que foram ordenados. “Como sacramento de Cristo Cabeça, Sacerdote e Pastor, servimos um povo que há de ser inteiramente de Deus e para Deus, sacerdotal também neste sentido amplo e verdadeiro. Servimo-lo como sinal vivo pela nossa consagração. Servimo-lo por palavras e gestos, que são os de Cristo em nós, para chegar a todos”, manifesta D. Manuel Clemente, terminando com os desejos de uma santa Páscoa: “Inteiramente convosco, caríssimos irmãos sacerdotes do clero secular e regular, e com os Bispos que comigo trabalham no Patriarcado, desejo a cada um de vós uma Páscoa muito santa e feliz, alargada a todo o Povo de Deus e à sociedade que integramos”.
Carta na íntegra: AQUI
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