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Bispo de Bafatá, na Guiné Bissau, deixa alerta face à ameaça do Covid-19
“A maioria das pessoas nem tem luz nem frigorífico”
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É um retrato preocupante, mas cheio também de esperança. D. Pedro Carlos Zilli, Bispo de Bafatá, na Guiné Bissau, explicou à Fundação AIS como é que o país está a lidar com a ameaça de pandemia do coronavírus.

A necessidade de a população ficar confinada em suas casas, como forma necessária para se evitar a propagação do contágio, está a afetar a vida de muitas famílias, fazendo sobressair o estatuto de a Guiné Bissau ser um dos países mais pobres do mundo. D. Pedro Zilli esclarece que é mesmo “um dos 10 países mais pobres do mundo…”

O estado de emergência, decretado pelo governo, levou ao encerramento de mercados, das fronteiras e provocou, de imediato, um aumento nos preços dos bens de primeira necessidade.

Com grande parte da população a viver de uma economia informal, o confinamento em casa pode revelar-se dramático. “As pessoas não têm dinheiro para comprar o peixe, a carne…. Até porque nem têm como conservar” os alimentos, diz o Bispo de Bafatá. “A maioria das pessoas nem tem luz elétrica, em frigorífico, nem nada. Então, as dificuldades são enormes. Às vezes na mesma casa moram muitas pessoas…”

Para D. Pedro Carlos Zilli, missionário na Guiné Bissau há mais de 35 anos, mas oriundo do Paraná, Brasil, o país tem procurado enfrentar os desafios da pandemia o melhor possível. E isso, apesar da falta de recursos. E dá exemplos. A começar no ministério da Saúde, passando pelos “médicos, enfermeiros”, todos têm procurado sensibilizar as populações para o risco de saúde que se está a viver.

Mas a própria sociedade, com destaque para a Igreja Católica, tem mostrado que é possível haver união no combate a este inimigo comum. “A Igreja Católica, através da Caritas, das paróquias, tem feito um bom trabalho de sensibilização, de prevenção, de ajudar as pessoas. A rádio, a nossa rádio ‘Sol Mansi’, tem feito, graças a Deus, um bom trabalho nesse sentido…”

Na mensagem gravada para a Fundação AIS, o prelado destacou também o facto de, nestes dias, estar a sentir que as pessoas rezam mais, estão mais unidas, mais próximas, independentemente até das religiões que professam.

Neste país, que foi uma colónia portuguesa até 1974, os cristãos representam apenas cerca de 13% da população. Os muçulmanos são a religião principal, com mais de 45% da população, seguida das religiões tradicionais, com cerca de 40% dos guineenses.

Apesar desta diversidade, a Guiné Bissau tem mantido, até aos dias de hoje, uma coexistência pacífica assinalável entre religiões. Sinal disso, a ameaça do coronavírus aproximou as pessoas e motivou momentos coletivos de oração que o Bispo de Bafatá destaca pela sua importância.

“Temos rezado muito. Nós, católicos, evangélicos, muçulmanos, [as pessoas da] religião tradicional, todos estamos em oração. Em oração, pedindo a Deus forças para trabalhar ainda mais, com coragem, na luta [contra] esta pandemia, este sofrimento. E pedindo a Deus para que Deus acabe com isso tudo, para que Deus nos dê a graça de retornar à normalidade, de retornar ao nosso dia-a-dia.”

O próprio Bispo assume estar também a rezar mais nestes tempos de ameaça de pandemia. “Eu tenho rezado bastante, talvez até mais do que noutros tempos…” Uma oração onde não esquece sequer as suas origens brasileiras… “Na minha oração coloco sempre o nosso mundo, a nossa África, a nossa Guiné Bissau, o nosso Brasil, o nosso Paraná…”

A rádio, que D. Pedro Carlos Zilli referiu na mensagem, é um exemplo da solidariedade dos benfeitores da Ajuda à Igreja que Sofre para com este país africano. A emissora católica na Guiné-Bissau tem sido um instrumento essencial para a primeira evangelização, conseguindo, após a aquisição de novos transmissores, em 2012, graças à ajuda dos benfeitores da Fundação AIS, que as suas emissões passassem a chegar aos lugares mais recônditos do país.

Departamento de Informação da Fundação AIS | ACN Portugal
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