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Tudo Pela Família

Na carta apostólica ‘Mulieris Dignitatem’, João Paulo II afirmou com toda a clareza: “O facto de o homem, criado como homem e mulher, ser imagem de Deus não significa apenas que cada um deles, individualmente, é semelhante a Deus, enquanto ser racional e livre; significa também que o homem e a mulher, criados como ‘unidade dos dois’ na comum humanidade, são chamados a viver uma comunhão de amor e, desse modo, a reflectir no mundo a comunhão de amor que é própria de Deus, pela qual as três Pessoas se amam no íntimo mistério da única vida divina.” (João Paulo II, Mulieris Dignitatem 7)

“A Igreja está ciente de que a sua presença no mundo contemporâneo e, em particular, o seu contributo e apoio à promoção da dignidade do matrimónio e da família estão estreitamente ligados ao progresso da cultura; com isto, justamente ela se preocupa. (...) Graças a uma tal reflexão crítica, a nossa civilização, com tantos aspectos positivos que possui quer no plano material quer no cultural, dever-se-ia dar conta de ser, sob diversos pontos de vista, uma civilização doente que gera profundas alterações no homem. Porque é que se verifica isto? A razão está no facto de a nossa sociedade se ter afastado da verdade plena sobre o homem, da verdade acerca daquilo que o homem e a mulher são como pessoas. Consequentemente, não sabe compreender de maneira adequada o que sejam verdadeiramente o dom das pessoas no matrimónio, o amor responsável ao serviço da paternidade e da maternidade, a autêntica grandeza da geração e da educação. Será, então, exagerado afirmar que os mass media, se não são orientados segundo os sãos princípios éticos, não respeitam a verdade na sua dimensão essencial? Aqui está o drama: os modernos instrumentos da comunicação social estão sujeitos à tentação de manipular a mensagem, tornando falsa a verdade sobre o homem. O ser humano não é aquele anunciado na publicidade e apresentado nos modernos mass media. É muito mais, como unidade psicofísica, como um todo só feito de alma e corpo, como pessoa. É muito mais pela sua vocação ao amor, que o insere como homem e mulher na dimensão do ‘grande mistério’.” (João Paulo II, Carta às Famílias, 1994, n.20)

 

De olho na família

A família é um tema constante nos escritos, nas pregações e na ação de João Paulo II.

Um trabalho não ama de volta, por mais importante que o trabalho possa ser. A família não está ao mesmo nível do trabalho profissional, por isso se é preciso escolher entre os dois deve-se escolher a família. Para uma vida pessoal saudável, é assim. Para uma sociedade saudável, é assim.

“A família cristã, de facto, é a primeira comunidade chamada a anunciar o Evangelho à pessoa humana em crescimento e a levá-la, através da catequese e educação progressivas, à plenitude da maturidade humana e cristã.” (Familiaris Consortio, n 2)

 

A família um bem ameaçado

Na era em que vivemos, temos assistido a um progressivo desmoronamento da família. As razões por detrás disto são variadas e suscetíveis de debate. Porém, o que é verdade é que com o aumento do divórcio, com a diminuição da natalidade e o surgir de leis que alteram o significado de matrimónio deixando de ser reconhecido como uma união entre homem e mulher para toda a vida, também há cada vez menos famílias duradouras a serem construídas e ainda menos famílias cristãs.

“Para grandes males, grandes remédios", diz o ditado. “No momento histórico em que a família é alvo de numerosas forças que a procuram destruir ou ao menos deformar, a Igreja, ciente de que o bem da sociedade e de si mesma está profundamente ligado ao bem da família, sente de modo mais vivo e veemente a sua missão de proclamar a todos o desígnio de Deus sobre o matrimónio e a família, a fim de lhes assegurar a plena vitalidade e promoção humana e cristã, contribuindo assim para a renovação da sociedade e do próprio Povo de Deus.” (Familiaris Consortio, n 3)

 

Apóstolo para o mundo moderno

São João Paulo II é uma figura que surge precisamente no meio desta crise da família. A sua pastoral da família começa com os jovens. Desde cedo, Karol Wojtyla passava horas com jovens, especialmente namorados e noivos que se preparavam para o casamento. Fazia caminhadas e piqueniques com eles na natureza, ouvia-os e celebrava missa com eles. São João Paulo II tinha a noção de quão importante era passar muito tempo com casais jovens e fazer este acompanhamento. Unindo os seus vastos estudos filosóficos (de doutoramento e de ensino) com esta experiência prática de horas e horas de acompanhamento de casais e de jovens, Karol Wojtyla publicou a grande obra intitulada Amor e Responsabilidade em 1960, como fruto pensado da sua experiência pastoral. Esta obra explora o “amor humano”, no qual Deus encarna e se manifesta. O amor humano não é acidental e não é um “arrepio na pele”. É por ele que passa todo o plano divino da nossa salvação.

“A família é em si própria uma pequena sociedade, e a existência de todas as grandes sociedades – nação, estado, Igreja – dependem da família.” (Amor e Responsabilidade, Capítulo IV, “O Valor da Instituição”)

 

A Polónia e o Personalismo

São João Paulo II sentiu o desmoronamento e ataque à família em primeira mão em consequência da época e lugar especial onde viveu. Para o regime político que dominava a Polónia desde o fim da segunda guerra mundial até 1989, a família não era o mais importante a salvaguardar nem a célula básica da sociedade. Aliás, nas bases filosóficas desse regime, a família é a primeira desigualdade social (em que o homem domina a mulher) e a primeira desigualdade a combater. Poder-se-ia dizer que o Estado era considerado como “pai” do povo e o coletivo era o mais importante, ignorando o indivíduo como um fim em si mesmo. Os fins justificam os meios e Lenin nesta linha de pensamento referiu-se a um provérbio russo que diz: “Não se pode fazer omelete sem quebrar alguns ovos.” 

Esta visão contrasta fortemente com a filosofia de João Paulo II referida como “personalista”, que procura responder à pergunta “quem somos?”. Onde é que a pessoa se pode realizar, onde se sente amada, onde descobre a sua vocação? Onde é que a pessoa vê o reflexo do amor trinitário de Deus, e também o amor esponsal de Cristo pela Igreja, que dá a vida pela sua esposa?

“Apesar de tudo, também neste estado (em que o homem vive), isto é, no estado do pecado hereditário do homem, o matrimónio nunca cessa de ser a figura do sacramento, sobre o qual lemos em Efésios 5:22-23 e do qual o autor da mesma carta não hesita em chamar ‘um grande mistério’. Não poderemos deduzir que o matrimónio se tem mantido como plataforma da realização dos planos eternos de Deus, pela maneira que o sacramento da criação se aproximou deles e os preparou para o sacramento da redenção, introduzindo-os na dimensão do trabalho da salvação? A análise de Efésios, e particularmente do texto ‘clássico’ de Efésios 5:22-23, parece levar a tal conclusão.” (Teologia do Corpo, n 97)

 

Nestes 100 anos de aniversário de São João Paulo II, lembramos a crise da família e também uma grande figura que Deus suscitou para ser apóstolo para a família. Pedimos a intercessão dele para as nossas famílias e para a pastoral da família em Portugal e no mundo.

 

Aqui fica um vídeo de João Paulo II a dizer “os diferentes ambientes, sociedades, povos, culturas, vida social, vida económica, tudo isto para a família. Sim. Ide por todo o mundo dizer a todos para a família e não à custa da família.”

 

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