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“Precisamos da santa inquietação de Santo António”
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O Papa Francisco sublinhou o exemplo de Santo António, que partilhou “as dificuldades das famílias, dos pobres e desfavorecidos”. Na semana em que condenou a violência nos Estados Unidos, o Papa divulgou o tema para o Dia Mundial das Missões, convidou à “coragem de sair desta crise melhor do que antes” e presidiu à oração do terço nos jardins do Vaticano.

 

1. O Papa Francisco considera que Santo António é um “antigo santo, mas tão moderno e engenhoso nas suas intuições”, que continua a ser um modelo inspirador para os dias de hoje. Numa carta dirigida ao padre Carlos Tovarelli, geral da Ordem dos Frades Menores Conventuais, por ocasião dos 800 anos da vocação franciscana de Santo António, Francisco diz esperar que este aniversário “desperte, especialmente nos religiosos e devotos franciscanos de Santo António espalhados pelo mundo, o desejo de experimentar a mesma santa inquietação que o levou pelas estradas do mundo a testemunhar, com palavras e obras, o amor de Deus”.

O Papa sublinha o exemplo de António, que partilhou “as dificuldades das famílias, dos pobres e desfavorecidos, bem como sua paixão pela verdade e justiça que, ainda hoje pode suscitar um generoso compromisso de doação, em sinal de fraternidade”.

A carta de Francisco recorda que, em 1220, em Coimbra, Portugal, “o jovem agostiniano Fernando, natural de Lisboa, ao saber do martírio de cinco franciscanos, mortos por causa da fé cristã em Marrocos, decidiu transformar a sua vida”. O religioso deixou a sua terra e embarcou numa viagem, “símbolo do seu próprio caminho espiritual de conversão”, explica o Papa. “Primeiro foi para Marrocos, determinado a viver corajosamente o Evangelho nos passos dos franciscanos ali martirizados, depois desembarcou na Sicília após um naufrágio nas costas da Itália, como acontece hoje com tantos dos nossos irmãos e irmãs”, acrescentou, recordando ainda que, “depois da Sicília, o desígnio providencial de Deus levou António ao encontro com Francisco de Assis e finalmente a Pádua, cidade que estará sempre ligada de maneira especial ao seu nome e que guarda o seu corpo”.

Para comemorar este VIII centenário, os Frades Menores Conventuais da Província italiana de Pádua lançaram o projeto ‘António 20-22’ que, num período de três anos, entre 2020 e 2022, quer celebrar, além da sua vocação franciscana, o seu naufrágio em Itália, o seu primeiro encontro com São Francisco e a sua revelação ao mundo como um grande pregador e santo. Com esta carta, Francisco espera que as celebrações ajudem a “repetir com Santo António: ‘Eu vejo meu Senhor’, pois é necessário ver o Senhor no rosto de cada irmão e irmã, oferecendo a todos consolação, esperança e a possibilidade de encontrar a Palavra de Deus sobre a qual ancorar a própria vida”.

 

2. O Papa falou sobre os protestos que decorrem nos Estados Unidos, após a “trágica morte” de George Floyd, e deixou um apelo à paz e à reconciliação nacional. Na habitual audiência-geral das quartas-feiras, no Vaticano, Francisco condenou a onda de violência e destruição provocada pela morte deste afro-americano de 46 anos. “Não podemos tolerar nem fechar os olhos a qualquer tipo de racismo ou exclusão e pretender defender a sacralidade de cada vida humana. Ao mesmo tempo, devemos reconhecer que a violência das últimas noites é autodestrutiva e derrotista. Nada se ganha com violência e muito se perde”, sublinhou, no dia 3 de junho.

Francisco convidou os fiéis a rezar pelas famílias, amigos em luto e “pela reconciliação nacional e pela paz”, invocando a intercessão de Nossa Senhora de Guadalupe, Mãe da América, “por todos aqueles que trabalham pela paz e justiça na vossa terra e no mundo “.

Na catequese sobre a oração, durante a audiência-geral, o Papa lembrou como Abraão é, para os cristãos, “modelo de quem escuta a voz de Deus e confia na sua palavra”. “Abraão é o homem da Palavra, que se deixa conduzir por Deus, num caminho que às vezes se faz árduo e até incompreensível, como no drama que Abraão enfrentou ao ser-lhe pedido o sacrifício do seu filho Isaque. Porém, apesar dos obstáculos, Abraão permaneceu fiel, totalmente disponível a Deus, ensinando-nos assim que rezar com fé significa escutar, dialogar e até mesmo discutir, mas sempre dispostos a acolher a palavra de Deus e pô-la em prática”, frisou.

 

3. ‘Eis-me aqui, envia-me’ (Is 6, 8), é o tema escolhido pelo Papa para assinalar o próximo Dia Mundial das Missões, que se assinala a 18 de outubro de 2020. Na mensagem divulgada no Domingo de Pentecostes, 31 de maio, Francisco não esquece “as tribulações e desafios causados pela pandemia do covid-19” e propõe à Igreja uma atenção especial a estas circunstâncias que interpelam toda a humanidade. O Papa constata como “à semelhança dos discípulos do Evangelho, fomos surpreendidos por uma tempestade inesperada e furibunda” e como nos “demos conta de estar no mesmo barco, todos frágeis e desorientados, mas, ao mesmo tempo, importantes e necessários: todos chamados a remar juntos, todos carecidos de mútuo encorajamento. E, neste barco, estamos todos.”

 

4. O Papa considera que “de uma crise como esta não se sai igual”. “Sai-se ou melhor ou pior. Tenhamos a coragem de sair desta crise melhor do que antes, para se poder construir positivamente o pós-pandemia”, desafiou, durante a oração do Regina Coeli, no passado Domingo, 31 de maio, ao despedir-se das pessoas espalhadas pela Praça de São Pedro, ainda em número reduzido. Francisco deixou também um apelo “para que não falte a ninguém a assistência de saúde” e acrescentou que é preciso “cuidar das pessoas, não cuidar da economia”, porque “as pessoas são mais importantes do que a economia”, pois “somos templo do Espírito Santo e a economia não”.

Antes, na Missa de Pentecostes, na Basílica de São Pedro, o Papa tinha lembrado que a diversidade na unidade é o grande dom do Espírito Santo à Igreja.

 

5. O Papa presidiu à oração do terço por todas as vítimas da pandemia de coronavírus, nos jardins do Vaticano, acompanhado de 130 pessoas, muitas das quais profissionais de saúde ou familiares de vítimas de covid-19, pedindo que Nossa Senhora inspire os líderes mundiais para investirem menos nas armas e mais na prevenção. “Que Nossa Senhora toque as consciências dos governantes para que as grandes somas gastas para possuir e aperfeiçoar armamentos sejam antes destinadas a promover a investigação suficiente para prevenir estas catástrofes no futuro”, rezou o Papa.

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