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“Solidariedade é a melhor saída da crise”
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No regresso às audiências com fiéis, o Papa Francisco apontou o caminho para se sair da crise. Nesta semana, o Papa apelou ao cancelamento da “dívida dos países mais frágeis”, pediu que se tome consciência da grave dívida ecológica, criticou quem faz do crucifixo um objeto decorativo ou de superstição e visitou o túmulo de Santa Mónica.

 

1. O Papa considera que a solidariedade é o melhor caminho para se sair da crise pandémica. No regresso das audiências com fiéis, nesta quarta-feira, 2 de setembro, Francisco alertou para as mudanças superficiais neste tempo. “Não se sai da mesma forma de uma crise e a pandemia é uma crise. De uma crise pode-se sair melhor ou pior. Temos de escolher. E a solidariedade é a melhor saída da crise. Não com mudanças superficiais, com umas pinceladas e está tudo bem. Não. Melhor”, desafiou.

“Uma solidariedade guiada pela fé permite-nos traduzir o amor de Deus na nossa cultura globalizada; não construindo torres ou muros que dividem e depois desabam, mas tecendo comunidades e apoiando processos de crescimento verdadeiramente humanos e sólidos. Ou seguimos em frente pelo caminho da solidariedade ou as coisas irão piorar. Quero repetir: de uma crise não sai como antes”, concretizou o Papa.

Esta primeira audiência pública desde o início da pandemia, realizada no Pátio de São Dâmaso, contou com 500 pessoas. “Depois de tantos meses, retomamos o nosso encontro face a face e não ‘tela a tela’”, disse Francisco, com manifesta alegria, ao iniciar a catequese. Antes, ao sair do automóvel, foi recebido com aplausos e ainda conversou com alguns fiéis, mantendo a devida distância de segurança.

Num dos momentos altos do encontro, o Papa fez um apelo à unidade dos católicos no Líbano – isto, depois de um sacerdote libanês lhe apresentado uma bandeira do país. Francisco segurou-a, beijou-a e deixou o apelo em prol do país abalado pela violenta explosão no porto de Beirute e uma grave crise político-económica. O Papa pediu ainda à Igreja de todo o mundo que fizesse um dia de jejum e oração na sexta-feira seguinte, 4 de setembro.

 

2. O Papa apelou ao cancelamento da “dívida dos países mais frágeis”, na Mensagem para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação 2020, que foi assinalado dia 1 de setembro. “Apelo para se cancelar a dívida dos países mais frágeis, à luz do grave impacto das crises sanitárias, sociais e económicas” que os países têm de enfrentar por causa da pandemia da covid-19. “É necessário ainda assegurar que os incentivos para a recuperação, em fase de elaboração e implementação a nível mundial, regional e nacional, se tornem realmente eficazes mediante políticas, legislações e investimentos centrados no bem comum e com a garantia de se alcançar os objetivos sociais e ambientais globais”, acrescentou.

Na mensagem que escreveu, Francisco sublinha que “não devemos esquecer a história de exploração do sul do planeta, que provocou um enorme deficit ecológico, devido principalmente à devastação dos recursos e ao uso excessivo do espaço ambiental comum para a eliminação dos resíduos”. Para o Papa, é de igual modo “preciso restaurar a terra”, e defende que o “restabelecimento” de um equilíbrio climático é “extremamente importante”, por causa da “urgência em que a sociedade se encontra, “a ficar sem tempo, como lembram os filhos e os jovens”.

Na sua nota, diz que “tem de se fazer todo o possível para manter o aumento da temperatura média global abaixo do limite de 1,5 graus centígrados, como ficou consagrado no Acordo de Paris sobre o Clima: ultrapassar tal limite revelar-se-á catastrófico, sobretudo para as comunidades mais pobres em todo o mundo”.

O Papa refere ainda que, neste momento crítico, “é necessário promover uma solidariedade intra e intergeracional”, e aponta para a “importante” Cimeira do Clima em Glasgow, no Reino Unido (COP 26), convidando cada país a “adotar metas nacionais mais ambiciosas para reduzir as emissões”.

O Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação 2020, a 1 de setembro, marca o início de um tempo ecuménico dedicado à criação, até 4 de outubro, memória de São Francisco de Assis, este ano vivido sob o tema ‘Jubileu pela Terra’. Nesta sua mensagem, o Papa recorda precisamente que na Sagrada Escritura o jubileu é “um tempo sagrado para recordar, regressar, repousar, restaurar e rejubilar”.

 

3. O Papa Francisco pede que todas as pessoas tomem consciência da grave “dívida ecológica” que resulta da exploração dos recursos naturais e da atividade de algumas empresas multinacionais que “fazem fora dos seus países o que não é permitido nos seus”, uma atitude que Francisco considera “ultrajante”. Na edição deste mês de setembro de ‘O Vídeo do Papa’, o Santo Padre afirma, com veemência, que o Homem está a “espremer os bens do planeta”, exatamente “como se fosse uma laranja”. Cuidar dos recursos do planeta é, pois, uma necessidade urgente. “Hoje, não amanhã, hoje, temos que cuidar da criação com responsabilidade”, sustenta Francisco.

 

4. O Papa criticou quem faz do crucifixo um objeto decorativo ou de superstição, sublinhando que a Cruz de Jesus deve ser sinal de quem vive “sem reservas, por amor a Deus e ao próximo”. “A cruz é um santo sinal do amor de Deus e do sacrifício de Jesus, e não deve ser reduzida a um objeto supersticioso ou a uma joia ornamental”, advertiu Francisco, no Angelus do passado Domingo, 30 de agosto. Perante os peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, no Vaticano, Francisco sublinhou que a vida dos cristãos é “sempre uma luta” contra o espírito do mal e que a cruz representa as atitudes que devem tomar. “Pensando nisso, certifiquemo-nos de que a cruz pendurada na parede da casa, ou a pequena cruz que trazemos ao pescoço, é um sinal do nosso desejo de nos unirmos a Cristo no serviço amoroso aos nossos irmãos, especialmente aos mais pequenos e frágeis”, indiciou.

Neste encontro, o Papa disse ainda seguir “com preocupação” as tensões no Mediterrâneo Oriental, atingido por “vários focos de instabilidade”. “Por favor, apelo ao diálogo construtivo e ao respeito pela legalidade internacional para resolver os conflitos que ameaçam a paz dos povos dessa região”, referiu.

 

5. O Papa Francisco visitou a Basílica de Santo Agostinho em Roma, onde se encontra o túmulo de Santa Mónica, cuja festa era celebrada naquele dia, em 27 de agosto. Segundo a Sala de Imprensa da Santa Sé, o Papa rezou na capela dedicada à mãe do Bispo de Hipona. Esta igreja, refira-se, está localizada perto da Piazza Navona, em Roma, e, no interior, estão algumas pinturas de Caravaggio, Rafael e Guercino. Após a oração, o Papa regressou ao Vaticano.

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