Há um diálogo no musical “Um violino no telhado”, entre um casal judeu a propósito das suas filhas porem em causa a tradição dos casamentos, que os leva a descobrir, passados 25 anos, que se amam. Nunca é tarde para descobrir que os gestos simples de cada dia, a fidelidade nos bons e nos maus momentos, são o amor em acto; que podíamos dizer mais frequentemente, mas o importante viver constantemente. De facto, o amor como palavra e como ideia pode ser bonita, contudo, ele só existe como verbo, feito dádiva e entrega, corpo e alma que sai de quem ama para quem é amado. Como dizia Pedro Casaldáliga, o bispo brasileiro recentemente falecido: “No final do caminho perguntar-me-ão: “Viveste?”, “Amaste?”… E eu, sem dizer nada, abrirei o coração cheio de nomes…”.
Não encontraremos no mais fundo de cada pessoa infeliz a falta de sentir-se amado e de amar? E se a primeira experiência nos unifica e fortalece, ela não depende substancialmente de nós. É dom daqueles que nos rodeiam, do nascer ao morrer, de muitas circunstâncias que não dominamos. Mas quanto a amar, essa é uma escolha que depende de cada um, por vezes natural como respirar, ou encantarmo-nos com a beleza que nos rodeia, mas por vezes a exigir escolhas difíceis e comprometedoras. Pode educar-se para amar? Sim, e não será esse o maior objectivo da educação? E quem não é amado não é capaz de amar? Não; porque o amor é semeado no íntimo de todos. É mesmo o maior dom que é oferecido a todos, capaz de se multiplicar sempre que o damos a outros.
Jesus ao unir o amor a Deus ao amor ao próximo, sintetizando a extensa lista de mandamentos e preceitos judaicos, ainda hoje nos interpela. Amar o próximo que vemos é o modo de amar Deus que não vemos. É aprender com o próprio Jesus que deu cada instante da sua vida ao Pai e aos irmãos, até no-la dar totalmente na cruz. Como Ele não podemos ficar numa atitude de indiferença, despreocupação ou esquecimento dos outros. Diante de qualquer pessoa a atitude fundamental é amá-la. O amor do próximo é um apelo, uma necessidade, uma urgência. Sem perder tempo em estabelecer uma “lista de próximos”, como nos desafia o “bom samaritano”; antes, criando disponibilidade para “os mais pequeninos” com quem Jesus se identifica.
Mais do que um “slogan”, o amor é um projecto. É o maior projecto de Deus, que é a fonte do Amor. Aprovado na generalidade e na especialidade, com todos os meios para se erguer em cada dia e em cada situação. Basta que nos demos a ele. E recordo outra imagem cinéfila: o discurso de Charlie Chaplin no final do filme “O Grande Ditador”. Sem nunca falar de amor, concretiza-o repetidamente: “Todos nos queremos ajudar uns aos outros. O ser humano é assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo — não para seu sofrimento.[…] Mais do que de inteligência, precisamos de gentileza e bondade.[…]Você tem o amor da humanidade no coração.”
Pedro Vaz Patto
Impressiona como foi festejada a aprovação, por larga e transversal maioria de deputados e senadores,...
ver [+]
|
Guilherme d'Oliveira Martins
Há anos, Umberto Eco perguntava: o que faria Tomás de Aquino se vivesse nos dias de hoje? Aperceber-se-ia...
ver [+]
|
Pedro Vaz Patto
Já lá vai o tempo em que por muitos cantos das nossas cidades e vilas se viam bandeiras azuis e amarelas...
ver [+]
|
Guilherme d'Oliveira Martins
Vivemos um tempo de grande angústia e incerteza. As guerras multiplicam-se e os sinais de intolerância são cada vez mais evidentes.
ver [+]
|