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O que vejo à janela?

É quarta-feira, dia de fecho de mais uma edição deste jornal e, depois de uma longa noite de chuvas fortes, trazidas pela dita depressão ‘Bárbara’, amanheceu com um céu mais azul, limpo de nuvens. Sentado à secretária, na residência paroquial, da rua ouço o ‘chilrear’ das crianças que brincam, como pássaros que se divertem, de um lado para outro. Elas são o hoje, não o amanhã. Trazem alegria, boa disposição, simplicidade, momentos de ternura, mas sobretudo a esperança de um mundo melhor.

O sino da igreja toca, assinala as horas do meio da manhã. A celebração matutina já passou, e mais logo o altar volta a ser mesa da ceia. Os voluntários que asseguram o bom funcionamento e a segurança sanitária nas celebrações já partiram. Alguns chegam um pouco mais tarde ao local de trabalho, mas foram capazes de deixar tudo preparado para a reabertura da igreja durante a manhã.

Na rua, soam os ferros da montagem de uma pequena barraca. Será mais um lugar de oportunidade comercial. Os tempos não estão fáceis e é preciso aproveitar todas as ocasiões.

Os transeuntes passam. De lá para cá. De repente, o sol brilha, como que a trazer a novidade de uma nova calma. Ainda poderá chover, mas por agora tudo parece diferente.

Ao adro da igreja começam a chegar os utentes, na procura dos sacos diários com alimentos. Do supermercado, agora, vem muito pouco. Antes da pandemia, eram mais os excedentes que se traziam para dar a quem necessita. A crise que vivemos terá levado a uma diferente gestão e racionamento nos espaços comerciais, mas os pedidos que chegam continuam a ser muitos.

O André (nome fictício) chega cedo para levar o seu almoço. Sentado, junto à pequena secretária que tem permanecido debaixo de um telheiro, puxa de um caderno e escreve.  Quem o vir na rua provavelmente fará juízos, mas precisamos aprender que as aparências escondem verdades diferentes daquelas que julgamos. Entretanto, chegam outros voluntários. Vêm para entregar a refeição já confecionada. Antes, logo ao início da manhã, mais voluntários estiveram para receber o que chegava dos supermercados. Quanto bem fazem estes corações!

E, assim, a manhã vai passando, com a beleza das coisas simples que acontecem e que precisamos valorizar como dom de Deus. Gosto de olhar pela janela e ver o dia a acontecer.

 

Editorial, pelo P. Nuno Rosário Fernandes, diretor

p.nunorfernandes@patriarcado-lisboa.pt

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