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“Peço a Deus que suscite no coração de todos o respeito pela vida”
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O Papa Francisco lembrou São João Paulo II, que “exortou sempre a um amor privilegiado pelos últimos e os indefesos”. Na semana em que disse sonhar com “uma Europa saudavelmente laica”, o Papa nomeou 13 novos cardeais, sublinhou que “a Igreja precisa redescobrir o seu coração materno” e viu renovado o acordo entre o Vaticano e a China sobre a nomeação de bispos.

 

1. O Papa Francisco apelou ao respeito pela vida de todos, especialmente os “últimos e indefesos”, evocando o ensinamento de São João Paulo II, eleito Papa a 22 de outubro de 1978. “Peço a Deus que suscite no coração de todos o respeito pela vida dos nossos irmãos, especialmente dos mais frágeis, indefesos, e dar força aos que a acolhem e tomam conta dela, mesmo quando isso exige um amor heroico”, declarou, no final da audiência-geral de quarta-feira, 28 de outubro, que decorreu na Sala Paulo VI, no Vaticano. No ano do centenário de São João Paulo II, Francisco sublinhou que o Papa polaco “exortou sempre a um amor privilegiado pelos últimos e os indefesos, e à tutela de todos os seres humanos, da conceção à morte natural”.

Francisco tinha começado o encontro público semanal com uma explicação para o distanciamento face aos peregrinos, sublinhando que não poderia descer e cumprimenta-los, como de costume, para evitar ajuntamentos. “Isso iria contra as normas, os cuidados que devemos ter diante dessa ‘senhora’ que se chama Covid e que tanto mal nos faz. Por isso, desculpem-me se não desço para vos cumprimentar: saúdo-vos daqui, mas levo-vos no meu coração, a todos”, apontou.

O Papa dedicou a sua catequese à oração de Jesus. “Se, numa noite de oração, nos sentirmos fracos e vazios, se nos parecer que a vida tem sido completamente inútil, nesse momento devemos implorar que a prece de Jesus se torne também nossa”, declarou.

 

2. O Papa Francisco quer uma Europa “saudavelmente laica”, onde Deus e César possam conviver “distintos, mas não contrapostos”. “Sonho uma Europa saudavelmente laica, onde Deus e César apareçam distintos, mas não contrapostos. Uma terra aberta à transcendência, onde a pessoa crente se sinta livre para professar publicamente a fé e propor o seu ponto de vista à sociedade”, escreveu o Papa, para quem “é evidente que uma cultura ou um sistema político que não respeite a abertura à transcendência, não respeita adequadamente a pessoa humana.”

A Santa Sé divulgou esta terça-feira, 27 de outubro, a carta escrita por Francisco ao cardeal Parolin, por ocasião dos 40 anos da COMECE (Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia) e os 50 anos das relações diplomáticas da Santa Sé com a União Europeia. O Secretário de Estado do Vaticano deveria deslocar-se a Bruxelas entre 28 e 30 de novembro, mas devido à pandemia, os encontros previstos realizam-se por videoconferência. Em tempo de pandemia, em que prevalece a tentação de “proceder sozinhos”, escreve o Papa nesta carta, só há dois caminhos: ou prosseguir pelo mesmo caminho da última década, com “soluções unilaterais” e “mal-entendidos, contraposições e conflitos cada vez maiores”, ou redescobrir “o caminho da fraternidade, que inspirou e animou os Pais fundadores da Europa moderna, a começar por Robert Schuman”. Francisco destacou ainda a atualidade do apelo de São João Paulo II no Ato Europeu de Santiago de Compostela: “Europa volta a encontrar-te. Sê tu mesma”.

 

3. O Papa Francisco anunciou, para dia 28 de novembro, véspera do primeiro Domingo do Advento, a realização de um consistório onde serão criados 13 novos cardeais. Dos 13 nomeados, cinco são de fora da Europa: Ruanda, Estados Unidos, Chile, Filipinas e Brunei. Os novos cardeais europeus são todos italianos, mas três deles sem direito a voto por terem mais de 80 anos.

Francisco reforça o próximo Conclave, integrando pastores com experiências de Igreja missionárias, como em Kigali, no Ruanda, ou Kuala Lumpur, no Brunei, e deixa de lado bispos de outras dioceses da Europa que, tradicionalmente, eram cardinalícias, como, por exemplo, a Arquidiocese de Paris. Com mais de 80 anos, ou seja, sem direito a voto em conclave, a púrpura vai para o bispo emérito de San Cristóbal de las Casas (México), para o ex-núncio e observador do Vaticano da ONU em Genebra, Silvano Tomasi, e para dois padres: Raniero Cantalamessa, o mais velho de todos, com 86 anos, e pregador da Casa Pontifícia, e Enrico Feroci, ex-diretor da Caritas de Roma.

O anúncio dos novos cardeais foi feito pelo Papa na manhã deste Domingo, 25 de outubro, após a recitação do Angelus, na Praça de São Pedro. “Rezemos pelos novos cardeais, a fim de que, confirmando a sua adesão a Cristo, me ajudem no meu ministério de bispo de Roma, pelo bem de todo o santo povo fiel de Deus”, pediu Francisco.

Na sua habitual intervenção dominical, o Papa fez um apelo ao fim de toda a violência, lamentando, nomeadamente, os conflitos em curso na Nigéria e pedindo justiça e diálogo para o país.

 

4. O Papa Francisco recebeu os professores e alunos da Pontifícia Faculdade Teológica ‘Marianum’, de Roma, e recordou que “os tempos em que vivemos são os tempos de Maria” e que a “Igreja precisa redescobrir o seu coração materno”. “Precisamos da maternidade, de quem gera e regenera a vida com ternura, porque só o dom, o cuidado e a partilha mantêm a família humana unida. Pensemos no mundo sem as mães: não tem futuro: as vantagens, os lucros, por si só, não dão um futuro, na verdade, por vezes aumentam as desigualdades e as injustiças. As mães, em vez disso, fazem com que cada filho se sinta em casa e dão esperança”, disse o Papa, no encontro do passado dia 23 de outubro. No seu discurso, Francisco destacou que Maria, “a melhor das mães”, é capaz de tornar a Igreja e o mundo mais fraternos.

“A Igreja precisa redescobrir o seu coração materno, que bate pela unidade; mas também precisa da nossa Terra, para voltar a ser a casa de todos os seus filhos, onde todos somos irmãos, onde há lugar para cada descartado das nossas sociedades”, apontou.

 

5. Dois anos depois do Acordo Provisório assinado em Pequim, a 22 de setembro de 2018, a Santa Sé prorrogou por mais dois anos a aplicação deste documento, que permite ao Papa nomear bispos para o território, mas cujo conteúdo se mantém secreto. Apesar de continuarem os protestos de sectores católicos locais e das críticas internacionais contra ofensas à liberdade religiosa por parte de Pequim, a Santa Sé considera positivo “o valor eclesial e pastoral” deste acordo. Num comunicado divulgado dia 22 de outubro, o Vaticano sublinha “a boa comunicação e colaboração entre as partes” e propõe-se “continuar o diálogo aberto e construtivo para favorecer a vida da Igreja católica e o bem do povo chinês”.

Aura Miguel, jornalista da Renascença, à conversa com Diogo Paiva Brandão
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