JMJ Lisboa 2023 |
Entrega dos símbolos da JMJ à delegação portuguesa
“Novo ritmo” no caminho de preparação
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Daniela Calças e Guilhermino Sarmento foram os representantes do Patriarcado de Lisboa que receberam os símbolos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no Vaticano. Ao Jornal VOZ DA VERDADE, estes jovens falam desta experiência “intensa”, que será um “momento de viragem” no caminho de preparação da JMJ Lisboa 2023.

 

Daniela Calças, da paróquia do Parque das Nações, já tinha como “adquirido” que, devido à pandemia, não seria possível viajar até Roma, juntamente com centenas de jovens portugueses, para a entrega dos símbolos da Jornada Mundial da Juventude. No entanto, tudo se proporcionou para ser uma de dez jovens portugueses que, no Domingo passado, 22 de novembro, na Basílica de São Pedro, receberam a Cruz e o Ícone de Nossa Senhora ‘Salus Populi Romani’. “Quando soube que, afinal, ia estar presente, acabei por viver tudo muito intensamente”, afirma, ao Jornal VOZ DA VERDADE, esta jovem que completou 26 anos no dia em que segurou, juntamente com outra jovem portuguesa, o ícone mariano. “Foi um bombardear de emoções e ainda estou a tentar gerir o que vivi”, revela.

Para já, a surpresa da viagem a Roma e o facto de ter sido escolhida para custodiar o Ícone de Nossa Senhora, desafiou Daniela a refletir na presença de Maria na sua vida. Apesar de não se considerar “muito mariana”, reconhece que “Ela” sempre esteve presente nas coisas que “quis muito”. “A primeira vez, foi na Missão País, na Faculdade Belas Artes, em 2017, em que o tema também era sobre Maria. A seguir, enquanto chefe geral da missão, o tema foi sobre Maria. Depois, como já participei em três JMJ’s, sempre tive o sonho de poder ter, um dia, uma Jornada Mundial da Juventude no meu país. Esse senho realizou-se e o tema é também relacionado com Maria!”, conta. Perante todos estes “sinais concretos”, Daniela Calças reconhece que Maria se faz presente. “Ela está mesmo aqui ao meu lado e eu parece que não dou o valor que devia”, reconhece.

Para esta jovem do Parque das Nações e que faz parte do COV (Comité Organizador Vicarial) e do COP (Comité Organizador Paroquial), a entrega dos símbolos da JMJ é o impulso para poder começar o trabalho de preparação junto da sua realidade eclesial. “Há muita vontade de começar a trabalhar e de podermos contribuir para a JMJ. Pode ser bom para os jovens da comunidade, até para os que não estão inseridos em nenhum grupo. Estamos com esta vontade de começar a trabalhar”, revela.

 

“Momento de viragem”

A missão de Guilhermino Sarmento, da paróquia de Massamá, foi a de receber a Cruz da JMJ, juntamente com mais dois jovens portugueses de outras dioceses. Ao Jornal VOZ DA VERDADE, este jovem de 27 anos destaca a emoção vivida junto do Papa Francisco e garante que este acontecimento sublinha a “dimensão universal da Igreja”. “Esta experiência mostra que esta Jornada, este receber os símbolos, não acontece só para nós, portugueses, mas para todos aqueles que irão participar na JMJ, em 2023”, realça. “Receber a Cruz significa que há vida para além da Cruz, que Deus está vivo, que a Igreja está viva e que nós precisamos de anunciar o próprio Cristo”, referiu.

Guilhermino faz parte da equipa do Serviço da Juventude do Patriarcado de Lisboa e foi nessa missão que viajou até Roma – uma cidade onde, tal como Daniela, nunca tinha estado. De tudo o que viu e viveu nesta peregrinação, este jovem destaca o “ambiente familiar” que sentiu na comitiva de 35 portugueses que esteve em Roma para assinalar a passagem dos símbolos do Panamá – local onde decorreu a JMJ 2019 – para a diocese que vai acolher a próxima JMJ, em 2023, Lisboa. “Senti-me especialmente confirmado nesta nova missão que é recebermos a Jornada. O receber os símbolos foi também o tomar consciência da proximidade do acontecimento. Vamos ao trabalho!”, desafiou.

Agora, com os símbolos recebidos, Guilhermino acredita que este pode ser um “momento de viragem” no caminho de preparação da JMJ Lisboa 2023, “não só enquanto Diocese de Lisboa, mas enquanto país organizador”. “Uma das coisas que gostei de ver foi a comunhão que se viveu. A experiência de Igreja prende-se também com isto, é um trabalho conjunto e tem de ser feito em Igreja”, afirma.

 

“Rumo aos sonhos de Deus”

Na Basílica de São Pedro, o Papa desafiou os jovens de todo o mundo a servirem quem sofre, rejeitando a “febre” consumista. Perante a delegação portuguesa que recebeu os símbolos da Jornada Mundial da Juventude – a Cruz peregrina e o Ícone de Nossa Senhora – no final da Eucaristia, Francisco alertou para a “obsessão pelo divertimento” que afeta as novas gerações, observando que “amar é principalmente dom, escolha e sacrifício”, e convidou os jovens a assumirem “escolhas vigorosas, decisivas e eternas”. “Escolher a vida é lutar contra a mentalidade do usa e deita fora, do tudo e imediatamente, para orientar a existência rumo à meta do Céu, rumo aos sonhos de Deus”, sublinhou o Papa, na homilia da celebração na Solenidade de Cristo Rei do Universo, onde também destacou a importância dos “grandes sonhos” na vida dos jovens, para que estes alarguem os seus “horizontes” e não fiquem “estacionados nas margens da vida”. “Não fomos feitos para sonhar aos feriados ou ao fim-de-semana, mas para realizar os sonhos de Deus neste mundo. Ele tornou-nos capazes de sonhar, para abraçar a beleza da vida”, indicou.

O Papa comentou ainda uma das passagens que tem como referência do seu pontificado, do Evangelho segundo São Mateus (Mt 25, 37-40), sobre a necessidade de identificar Jesus Cristo nos necessitados e em quem sofre. “O bem que fizermos a um dos seus irmãos mais pequeninos – esfomeados, sedentos, forasteiros, necessitados, doentes, reclusos – será feito a Ele”, observou. Francisco sublinhou que “escolhas banais levam a uma vida banal”, e realçou que “a beleza das opções depende do amor”. “Se escolhemos roubar, tornamo-nos ladrões; se escolhemos pensar em nós mesmos, tornamo-nos egoístas; se escolhemos odiar, tornamo-nos furiosos; se escolhemos passar horas no telemóvel, tornamo-nos dependentes. Mas, se escolhermos Deus, vamo-nos tornando dia-a-dia mais amáveis; e, se optarmos por amar, tornamo-nos felizes”, garantiu, na celebração concelebrada pelo cardeal Kevin Farrell, prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, e pelos cardeais portugueses D. Manuel Clemente e D. José Tolentino Mendonça, além dos Bispos Auxiliares de Lisboa D. Joaquim Mendes e D. Américo Aguiar, coordenadores-gerais do Comité Organizador Local da JMJ 2023.

 

“Cada vez mais realidade”

Após a celebração, o Cardeal-Patriarca de Lisboa referiu que a entrega dos símbolos da JMJ é um “momento marcante num caminho que já anda como sonho há muito tempo e agora começa a ser cada vez mais realidade”. Aos jornalistas, D. Manuel Clemente apontou que, “se esta Jornada se realiza em Lisboa, tem muito a ver com este caudal de juventude que se vem agigantando em Portugal, concretamente ligados a jovens católicos, mas que se alargam depois a muitos outros”. Neste sentido, elogiou o trabalho pastoral desenvolvido no mundo universitário, onde jovens católicos “têm feito muitas realizações a propósito da misericórdia, da caridade, aproximando-se das pessoas, de terras, vilas e aldeias, na Missão País e outras missões, como campos de férias, que eles organizam”. “Tudo isto é um caudal de misericórdia que é a melhor garantia de futuro. As jornadas nasceram deste caudal e agora reforçam-se nestas iniciativas, que vão no mesmo sentido”, realçou.

Na véspera, o Cardeal-Patriarca de Lisboa interveio no encontro internacional online ‘Do Panamá a Lisboa – chamados à sinodalidade missionária’, promovido pelo Dicastério para os Leigos a Família e a Vida (Santa Sé) e sublinhou que a “peregrinação dos símbolos da Jornada” marca o início de um “novo ritmo” no caminho até ao encontro internacional de jovens, em Lisboa, no verão de 2023. “Esta peregrinação, mesmo que nem todos tenhamos acesso direto a esses símbolos até ao momento da Jornada, lembra-nos que ela anda toda à volta do que é essencial, ou seja, de Jesus Cristo e de sua Mãe, Nossa Senhora. Também é com Ela que nós nos dispomos, agora, para partir apressadamente para ir ao encontro de quem nos espera”, sublinhou D. Manuel Clemente. “Vamos já por tudo aquilo que estamos a fazer, pela oração que nos está a impelir e porque temos a certeza de que é no presente – quando é assim vivido – que se constrói um melhor futuro”, acrescentou, numa mensagem vídeo aos 250 responsáveis da Pastoral Juvenil das várias conferências episcopais e movimentos internacionais que, entre 18 e 22 de novembro, participaram no encontro online.

 

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Presidente da República congratula-se com a entrega dos símbolos

O Presidente da República saudou a entrega dos símbolos da Jornada Mundial da Juventude à delegação nacional, no Vaticano. “O Presidente da República congratula-se com a entrega a Portugal dos símbolos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que Lisboa acolhe em 2023. Os símbolos foram hoje entregues por Sua Santidade o Papa Francisco a uma comitiva portuguesa presidida pelo Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente e da qual fazem parte uma dezena de jovens e o Ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues. O Cardeal-Patriarca foi portador de uma carta pessoal do Presidente da República para Sua Santidade”, referiu uma nota divulgada, dia 22 de novembro, pela Presidência da República.

 

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Cardeal Tolentino defende que JMJ tem de ser mais do que um megaevento

O cardeal D. José Tolentino Mendonça considera que a edição internacional da Jornada Mundial da Juventude que Lisboa vai receber tem de ser mais do que um megaevento. “As jornadas devem – e muito em particular nestes anos de preparação – fazer chegar a cada jovem a boa notícia de que ela, de que ele, foram encontrados por Jesus e que isso faz a diferença”, declarou, na Igreja de Santo António dos Portugueses, em Roma, num encontro que decorreu no dia 21, véspera da entrega dos símbolos da JMJ à delegação portuguesa.

Na intervenção ‘Os desafios do lema das JMJ de Lisboa’, disponível em https://bit.ly/DTolentinoJMJ, o colaborador do Papa apelou ao combate de uma “cultura dominante do egoísmo” e a entender a vida como “serviço e dedicação” aos outros. As JMJ, sublinhou o bibliotecário e arquivista do Vaticano, são um “sinal” e ultrapassam a lógica do “mega-acontecimento pontual”, que deixa tudo “como estava”. “As jornadas não são apenas uma das maiores concentrações humanas e juvenis do planeta, com tudo o que isso representa em termos de organização”, indicou o cardeal Tolentino, no encontro que terminou com a Eucaristia presidida pelo Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente.

 

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‘Dia 23’: “Estamos a levantar-nos e a partir”

O padre João Quintas, do Comité Organizador Diocesano de Lisboa, garantiu que a iniciativa ‘Dia 23’ vai decorrer todos os meses e vai procurar “juntar o passado, o presente e o futuro”, rumo à Jornada Mundial da Juventude, no verão de 2023, em Lisboa. “Que sintam que são umas jornadas dos jovens para os jovens, que sejam protagonistas. Estamos a levantar-nos e a partir. As jornadas já começaram. Para aquela semana, temos a expetativa que seja um momento de ação de graças, mas as jornadas já começaram e queremos contar com todos”, afirmou o assistente espiritual do Serviço da Juventude de Lisboa. Em Lisboa, o primeiro ‘Dia 23’ decorreu na última segunda-feira, na igreja do Parque das Nações, onde houve espaço para recordar alguns hinos de JMJ anteriores e dar a conhecer alguns rostos da organização da JMJ Lisboa 2023.

Henrique Delfina, que integra a Direção de Logística da JMJ Lisboa 2023, recordou a sua participação na Jornada em Cracóvia, e o sonho na viagem de regresso. “Quando vim de Cracóvia vinha tão contente pelo que tinha experienciado, que durante a viagem de regresso, com um amigo, planificámos, nos nossos sonhos, a JMJ em Lisboa. E hoje, estamos aqui a fazer parte deste caminho. Juntamos a capacidade de sonhar com as missões que Deus nos dá. Cuidado com o que sonham para a vossa vida”, gracejou.

Joana Geraldes Barba, que integra a Direção de Atendimento e Voluntariado da JMJ Lisboa 2023, dá conta da tarefa de acolher pessoas que vivem a fé de forma diversa. “Preparar as jornadas é uma dimensão completamente diferente do que tenho feito. Estamos a pensar no mundo inteiro, pessoas diferentes que vivem a fé de forma diversa, e é uma responsabilidade grande de preparação, passo a passo, até 2023. Uma alegria e um compromisso enorme”, explicou.

Este primeiro encontro ‘Dia 23’ foi seguido, através da transmissão online no site e redes sociais do Patriarcado de Lisboa e do Serviço da Juventude, por largas centenas de jovens.

texto por Filipe Teixeira, com Agência Ecclesia; fotos por JMJ Lisboa 2023 e DR
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