Lisboa |
Encerramento do processo diocesano da causa de canonização do Padre Cruz
“Não poderíamos encontrar figura mais inspiradora”
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O Cardeal-Patriarca de Lisboa apontou a vida do Padre Cruz como “oportunidade” que inspira a ‘nova evangelização’, e que encontra expressão atual no magistério do Papa Francisco. Por onde o ‘Apóstolo da Caridade’ passou, “deixou um rasto de Evangelho”, salientou D. Manuel Clemente.

 

O Cardeal-Patriarca destacou a “figura muito inspiradora” que o Padre Cruz é para todos os cristãos e referiu que a sua canonização e, para já, “a maior divulgação da sua vida exemplar”, vão “impelir” muitos “no rumo certo e inadiável” da ‘nova evangelização’. Na sessão de conclusão do processo diocesano supletivo da causa de canonização do Padre Cruz, que decorreu na tarde de dia 17 de dezembro, na Igreja de São Vicente de Fora, em Lisboa, D. Manuel Clemente começou por agradecer a todos os que colaboraram no processo iniciado em 1951, e explicou a “oportunidade” deste processo “para a ‘nova evangelização’” – um termo criado por São João Paulo II, mas que encontrou expressão na vida do Padre Cruz (1859-1948). “Foi muito especialmente o Padre Cruz a protagonizar tal proposta, em várias décadas ardentes”, referiu o Cardeal-Patriarca, sublinhando a mesma intenção do Papa Francisco, ao fazer incidir este termo “na resposta a todo o tipo de pobreza”. Por isso, as palavras do Papa, sobretudo na exortação apostólica ‘Evangelii Gaudium’, fazem evocar a figura do Padre Cruz “que as incarnou de modo exemplar, no púlpito, na administração dos sacramentos, nas prisões, nos hospitais e fosse onde fosse”, assegurou. “O Padre Cruz soube manifestar o Evangelho na diocese e no país inteiro, com essa mesma atenção prioritária, que foi a de Cristo, e que a ‘nova evangelização’ quer retomar. Não poderíamos encontrar figura mais inspiradora. Daqui, a especial oportunidade do seu processo de canonização”, realçou D. Manuel Clemente, na sessão onde participaram o Núncio Apostólico, D. Ivo Scapolo, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa e Bispo de Setúbal, D. José Ornelas, e os Bispos Auxiliares de Lisboa D. Daniel Henrique e D. Américo Aguiar.

 

Não há coincidências

Na sessão de encerramento do processo diocesano – que agora é enviado para a Santa Sé, que irá examinar a informação sobre a vida do ‘Servo de Deus’ –, o provincial da Companhia de Jesus, padre Miguel Almeida, sj, referiu as semelhanças entre o apostolado do Padre Cruz e o pontificado do Papa Francisco, também ele jesuíta. “Talvez não seja total coincidência, atingirmos este ponto do processo no atual pontificado. Parece-me inegável que o estilo do Papa Francisco parece estar tão parecido com o modo de proceder do ‘Santo’ Padre Cruz”, observou o sacerdote, desejando que “ocorra rapidamente a canonização oficial daquele que o povo já há muito canonizou”.

O vice-postulador da causa, padre Dário Pedroso, sj, agradeceu ao Cardeal-Patriarca o “incentivo” para o desenvolvimento do processo e à Comissão da Causa o trabalho realizado ao longo de 69 anos, referindo-se a um “processo tão longo, tão difícil e com tantas peripécias e dificuldades”, que, no dia 17 de dezembro – data do aniversário natalício do Papa Francisco – chegou ao seu término. Na sua intervenção, o vice-postulador afirmou que a veneração ao Padre Cruz está “profundamente espalhada” pelos vários continentes e “arreigada” no coração de muitas pessoas, com “um amor e dedicação muito grande” ao sacerdote jesuíta.


 

“Integridade, autenticidade e sinceridade”

No ‘Painel sobre a vida e obra do «Apóstolo da Caridade»’, transmitido online no dia 17 de dezembro, antes da sessão de encerramento do processo diocesano de canonização do Padre Cruz, o Cardeal-Patriarca de Lisboa disse estar convencido de que se o Papa Francisco “tiver acesso direto” às informações que constam no processo “se reconhecerá muito” na vida do sacerdote português. “Vai-se achar perfeitamente em casa e até a canonização vem mais depressa”, desejou. Na opinião de D. Manuel Clemente, esse reconhecimento surgirá, “não só porque o Padre Cruz, nos últimos anos, pertenceu à Companhia de Jesus, mas também e sobretudo pela grande coincidência que há na maneira não só de viver, mas de propor o Evangelho às pessoas”. A qualquer lugar onde o Padre Cruz ia, “o que queria visitar era os doentes e os presos em primeiro lugar, e pedia mesmo isso”. O sacerdote “passou por todas as dioceses de Portugal” e “deixou um rasto de Evangelho propriamente dito”, acrescentou o Cardeal-Patriarca de Lisboa.

O historiador Paulo Fontes, diretor do Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa, lembrou que o Padre Cruz conheceu diferentes regimes políticos – “monarquia constitucional, implementação e Primeira República, a ditadura militar, o Estado Novo” – e “um país que estava em grande processo de transformação a vários níveis”. “É nesse país em mutação, em transição, por variadíssimos processos, que vai emergir esta figura, carismática, muito atenta à realidade em que se move, e que vai inaugurar um tipo de apostolado que é relativamente novo”, disse o docente, que integrou a Comissão Histórica deste processo diocesano.

Paulo Fontes destaca que o Padre Cruz conseguiu ir ao encontro dos mais necessitados, “dos pobres, dos presos, dos sectores mais marginalizados, de gente que o procura em situação pessoal, social, familiar difícil”, recuperando “uma tradição velha da Igreja, que é a itinerância”, e “beneficia com um contacto muito próximo com as notabilidades locais”. “Trazia consigo uma integridade, autenticidade e sinceridade até, que cativava as pessoas pela sua pregação, acolhimento, palavra de conforto e ao mesmo tempo pela sua prática esmoler”, desenvolveu o historiador, que deixou o desafio de “refazer-se, hoje, uma biografia da figura do Padre Cruz”.

Neste painel produzido pelo Gabinete de Comunicação da Companhia de Jesus em Portugal e pelo Patriarcado de Lisboa, e que foi moderado por Rita Carvalho, o vice-postulador da Causa de Canonização do Padre Cruz, padre Dário Pedroso, sj, apresentou os principais momentos do processo diocesano e falou deste momento como “um momento de muito júbilo”. “Quando entrei para vice-postulador [em 2016], não fazia a mínima ideia de cartas, de graças, de descrição de dons que, através do Padre Cruz, as pessoas estão confiadas que receberam de Deus”, partilhou o sacerdote, sublinhando que esta é “uma devoção que está por todo o mundo”. “A dimensão de universalidade que o Padre Cruz alcançou é própria de um coração que rezava muito e de um homem que amava muito”, observou. 

 

 

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Padre Cruz “nunca desistiu da caridade”

Na sessão de encerramento do processo diocesano da causa de canonização do Padre Cruz, o Juiz Delegado do Tribunal composto para instruir o processo, cónego Francisco Tito, destacou a vida “longa e hercúlea” do Padre Cruz, que, apesar da sua saúde frágil, sempre foi “desapegado de tudo, sempre esquecido de si e devotado aos outros, a todos os outros e, sobretudo, à salvação eterna dos outros”. Segundo este sacerdote, o processo agora concluído “reproduz a tenacidade” da vida do “Apóstolo da Caridade”. “O Padre Cruz nunca desistiu ou vacilou da caridade ou piedade e de ser admitido na Companhia de Jesus”, referiu o cónego Tito, que acompanhou, desde 2009, a última fase diocesana deste processo de canonização.

 

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“Um olhar que vale mais do que mil palavras”

No início da semana em que decorreu a sessão de clausura do processo diocesano supletivo para a causa de canonização do Padre Cruz, foi publicado um documentário sobre a vida do sacerdote, produzido pelo Secretariado Nacional das Comunicações Sociais – Agência Ecclesia, em colaboração com a Causa de Canonização do Padre Cruz, a partir do guião escrito pelo argumentista Manuel Arouca.

  

 

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