Lisboa |
Comunicado do Grupo de Trabalho Inter-Religioso | Religiões-Saúde
“Continuamos a afirmar o princípio ético, ancestral e universal, não matarás”
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O Grupo de Trabalho Inter-Religioso | Religiões-Saúde (GTIR), com representantes de nove comunidades religiosas, criticou a legalização da eutanásia, aprovada esta sexta-feira no Parlamento, falando em “retrocesso civilizacional”. “Face àquilo que consideramos ser uma rutura no dique da vida e um retrocesso civilizacional em função das ideologias do desejo, reforçaremos o nosso empenho na proclamação dos valores da vida e na formação humana”, indicam os nove signatários do comunicado.

O documento é assinado por representantes da Aliança Evangélica Portuguesa, Comunidade Hindu Portuguesa, Comunidade Islâmica de Lisboa, Comunidade Israelita de Lisboa, Igreja Católica, Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Mórmons), Patriarcado Ecuménico de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), União Budista Portuguesa e União Portuguesa dos Adventistas do Sétimo Dia. “Cada pessoa é, na verdade, única e irrepetível, insubstituível e necessária à sociedade de que faz parte. Não há vidas descartáveis”, sustentam.

 

Uma lei para morrer (ou matar?)

O texto sublinha que os portugueses estão “atordoados pelo tsumani provocado pela pandemia em número de mortos e infetados e incrédulos face ao número de ambulância que acorrem aos cuidados de saúde ficando horas e horas à espera de cuidados, às angústias das famílias e desespero de muitos doentes”. “Com sublime indiferença à realidade da cidade e do país, a maioria relativa dos deputados levou a Assembleia da República a oferecer aos portugueses uma lei para morrer (ou matar?), a eutanásia”, lamenta o comunicado do GTIR, lembrando que, perante o sofrimento, é necessário “amparar, acompanhar, curar e cuidar com compaixão o seu semelhante doente, vulnerável e frágil”. “Aquilo que a Assembleia Parlamentar ofereceu como saída à pessoa que sofre gravemente é a morte a pedido (por enquanto). O que esperar face às dificuldades no acesso aos cuidados de saúde, à pobreza, à grave insuficiência de cuidados continuados, à inexistência de uma rede de cuidados paliativos, ao depósito de idosos em muitos lares, às graves insuficiências do SNS?”, questiona a nota, falando em “niilismo moral, relativismo ético e indiferença individualista” que levaram à decisão da Assembleia da República.

 

Acompanhamento espiritual

Os representantes de nove comunidades religiosas assumem ainda o compromisso de uma “maior proximidade aos doentes através do acompanhamento espiritual”. “Sabemos pela experiência de acompanhamento compassivo que esse pedido é não só um grito suplicante por ajuda no controlo sintomático da dor, mas é também um pedido dramático de proximidade humana e um desejo de sentido espiritual”, indicam.

O comunicado destaca que a vida tem “um caracter sagrado”, apontando ao “respeito pela vida própria e o respeito pela vida do outro”, ensinado pelas grandes tradições religiosas.

“Continuamos a afirmar o princípio ético, ancestral e universal, ‘não matarás’ porque acreditamos que a vida é um dom que recebemos de Deus, que tem um caracter sagrado e que uma finalidade última e por isso temos o dever de a cuidar até ao seu fim natural. O princípio ‘não matarás’ conduziu a humanidade pelas vicissitudes da história até ao respeito pela vida e pela dignificação da pessoa humana, consagrando nos direitos humanos e nos códigos constitucionais da maior parte das nações, bem como nas grandes tradições religiosas o respeito pela vida própria e o respeito pela vida do outro”, termina a nota.

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