A presidente da CIRP - Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal assegura que todas as comunidades religiosas do país estão a rezar pelo fim da pandemia, pelos que sofrem e pelos que estão na linha da frente. “Tem-se feito muito nesta linha oracional”, garante a irmã Maria da Graça Guedes, em entrevista ao Jornal VOZ DA VERDADE, por ocasião do Dia do Consagrado.
A Igreja celebra nesta terça-feira, 2 de fevereiro, o XXIV Dia Mundial da Vida Consagrada. De que forma é possível testemunhar, hoje, a vida consagrada para o despertar de Deus na juventude, tendo como horizonte a Jornada Mundial da Juventude que Lisboa vai receber em 2023?
Hoje, a vida consagrada poderá despertar esta inquietação nos jovens, e numa linha também do tema para a Jornada, ao tomar esta atitude de Maria, que apressadamente foi visitar a sua prima, foi servir. No fundo, é essa também a interpelação da vida consagrada: nós seguimos Jesus e, como Maria, estamos disponíveis para O servir nos irmãos.
Outro aspeto tem a ver com o nosso testemunho, a nossa forma de estar, junto dos jovens, sobretudo com o nosso testemunho de alegria, de coerência, de transparência na vida. De sermos inteiros, como consagrados.
Pelos testemunhos que lhe chegam, como é que os consagrados e as consagradas têm vivido a sua missão neste tempo de pandemia?
Assim como todos os cidadãos da nossa sociedade, nós vivemos este tempo, por um lado, com perplexidade, procurando respeitar e cumprir aquilo que têm sido as diretrizes que vêm do nosso Governo e do mundo inteiro. Estamos com extrema atenção a tudo o que tem sido noticiado, procuramos acompanhar isso numa linha humana. Por outro lado, como pessoas de fé, também procuramos ter muito presente, sempre, na nossa vida, esta intenção nas nossas orações. Tem-se feito muito nesta linha oracional, de rezar pelo fim da pandemia, por todos os que sofrem, por todos os que estão envolvidos para sanar este mal que nos afetou a todos.
Depois também, tem a ver muito com a nossa missão, nas ações onde estamos, quer na linha da frente, quer noutras de retaguarda, procuramos aí ser esta presença de ajuda, de solidariedade, de estar com os mais frágeis, de não nos retrairmos ante as dificuldades. Daí que muitos têm sido afetados, porque ao estarmos a ajudar os outros por vezes corremos esse risco. Como se sabe, muito religiosos têm sido afetados e muitos têm morrido, com esta pandemia.
Na mensagem para a Semana do Consagrado 2021, com o tema ‘Consagrados: fiéis e felizes?’, o presidente da Comissão Episcopal Vocações e Ministérios, D. António Augusto de Azevedo, sublinha que, “nestes tempos em que predomina a cultura do provisório”, é “desvalorizada” a “fidelidade aos compromissos”. Considera que a vida consagrada enfrenta hoje desafios mais exigentes?
Sim, considero que sim. Aliás, cada tempo tem a sua exigência; mas, pensando neste tempo, que é o nosso presente atual, efetivamente a vida consagrada vive um tempo de alguma dificuldade em se apresentar como aqueles que procuram ser fiéis aos seus compromissos, e, ao mesmo tempo, é testemunho disso. Se, por um lado, é exigente, por outro lado, também há este ser coerente com estes compromissos e procurar vivê-los na vida, no quotidiano e não ter receio e medo de se apresentar, tal como somos, com as nossas riquezas, com os nossos dons, com aquilo que nos caracteriza.
Caros consagrados, reconheço e agradeço o vosso indispensável contributo, concretizado nas muitas instituições, iniciativas e paróquias que tão generosamente servis. Tenho-vos muito presentes na oração. 🙏🏼#DiadoConsagrado
O Cardeal-Patriarca de Lisboa escreveu, no passado Domingo, uma carta aos consagrados presentes no Patriarcado, onde dirigiu “palavras de companhia, estímulo e muita gratidão”. D. Manuel Clemente fala mesmo do “indispensável contributo” dos religiosos, “concretizado nas muitas instituições, iniciativas e paróquias”. É uma mensagem que mostra a atualidade da vida consagrada?
Vejo a mensagem de D. Clemente como muito próxima, de alguém que também é nosso pai, porque o senhor Bispo, nosso Patriarca, é de facto o nosso pai na fé a nível diocesano. Efetivamente, não só falando por ele, mas também por ele e pelos senhores bispos e pelos senhores padres seculares, como ele próprio fala na mensagem, tece estas palavras que, por um lado, nos fazem muito bem, nos animam interiormente, como nosso guia espiritual, que nos conduz até Cristo.
De facto, a nossa presença é isto mesmo: dentro da riqueza dos nossos carismas, procurarmos estar muito ligados sempre com aquilo que são as diretrizes da nossa Igreja Diocesana, e aí sermos, dentro desta porção do Povo de Deus, a luz do mundo, aquela chama, aquele fermento que fazem parte dos nossos carismas e da nossa missão.
Pertence à Congregação das Religiosas do Amor de Deus e foi eleita, em junho do ano passado, presidente da CIRP - Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal, para o triénio 2020-2023. Que balanço pode fazer deste meio ano?
A Assembleia da CIRP era para decorrer em abril e teve de ser alterada para junho, devido à pandemia, mas temos procurado reunir, como direção, e olhar para aquilo que são as linhas que foram tecidas na Assembleia dos Superiores Maiores, para podermos responder com alguma presença. No entanto, hoje, tendo em conta o que vivemos, a nível de ações tem sido muito difícil concretizarmos o que quer que seja, porque a pandemia não tem permitido. E agora, com este agravar, ainda mais, mas temos estado presentes através das nossas correspondências – por exemplo, nesta Semana do Consagrado, enviámos materiais para ajudar as nossas comunidades religiosas e também para fazer chegar a todo o Povo de Deus a nossa mensagem de que estamos a rezar por todos e que rezamos por esta pandemia e que vamos, dentro daquilo que são as possibilidades dos nossos lugares de missão, e nas nossas comunidades religiosas, procurar viver ‘felizes e fiéis’, como diz a mensagem para este tempo.
Direção da CIRP (2020/2023)
Presidente: Ir. Maria da Graça Alves Guedes (Religiosas do Amor de Deus)
Vice-Presidente: P. Pedro Alexandre Simões Gouveia Fernandes (Espiritanos)
Vogais: Ir. Natália Maria Areias da Rocha (Aliança de Santa Maria)
Pe. Adelino Ascenso (Sociedade Missionária da Boa Nova)
Ir. Alzira Rodrigues Ferreira (Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena)
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