Lisboa |
Cónego Armindo Garcia (1941-2021)
“Uma presença que valia pela simplicidade que tinha”
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O Cardeal-Patriarca de Lisboa recordou a presença “discreta, simples e humilde” do cónego Armindo Garcia, falecido no passado dia 26 de fevereiro, aos 79 anos. Na Missa exequial, D. Manuel Clemente lembrou ainda a “entrega total ao serviço da Igreja” do pároco da Ericeira e Carvoeira.

 

Na celebração na igreja paroquial da Ericeira, o Cardeal-Patriarca começou por recordar que teve “a graça” de conhecer o cónego Armindo “pouco depois da sua ordenação sacerdotal, quando ele andava por Alvalade”, mais concretamente “na paróquia de São João de Brito, colaborando com monsenhor Botelho”, e D. Manuel Clemente “era lá escuteiro”. “A primeira imagem que eu guardei de então, foi a que conservei ao longo de toda a minha vida e feliz convivência com o cónego Armindo: uma presença discreta, uma presença simples, uma presença humilde, que não se impunha a não ser pela própria força que tinha dentro de si, pela convicção que tinha, e que manifestava, e assim mesmo nos contagiava positivamente”, observou o Cardeal-Patriarca, na tarde do passado dia 27 de fevereiro.

D. Manuel Clemente lembrou depois o tempo em que ambos foram “perfeitos no Seminário dos Olivais”, nos anos 80. “Fui seguindo sempre numa convivência amiga, na qual também se incluíam umas belas férias na Serra da Estrela, com muito tempo para conversarmos de tudo e de mais alguma coisa. E depois, nas várias responsabilidades paroquiais que foi assumindo – no Estoril, não tanto, porque são os meus tempos no Porto, mas depois aqui, quando o encontrei na Ericeira, e até agora”, partilhou.

 

Como o grão de trigo

Na sua homilia, o Cardeal-Patriarca recordou o Evangelho da celebração exequial, da parábola do grão de trigo – “e que o próprio cónego Armindo indicou para este momento”, frisou –, para destacar o trabalho pastoral do sacerdote falecido. “Era uma presença que valia pela simplicidade que tinha, pela força que continha e que assim mesmo se manifestava, numa entrega total ao serviço da Igreja, com aquilo que a Igreja lhe foi pedindo, nos diversos serviços que lhe cometeu, e que ele foi sempre exercitando, praticando, com essa mesma nota de simplicidade, afável, próxima de todos. Como um grão de trigo, pequenino, mas que se desfaz na terra e por isso dá muito fruto. Nós aprendemos, com Jesus Cristo, a ser assim, mas é bom que alguns de nós – como foi o caso do cónego Armindo – exercitem para nos motivarem e para nos convencerem, ainda mais, que é assim”, apontou D. Manuel Clemente.

 

 

Rezar

Vigário paroquial (coadjutor) da Ericeira e Carvoeira, o padre Tiago Fonseca lembrou que o falecimento do ‘seu’ pároco é motivo para rezar, e convidou a comunidade a dirigir-se à casa de Deus, ao longo destes dias. “Porque a despedida ao padre Armindo nos impele a rezar e a voltar o coração para Deus, junto de Quem ele agora se encontra, convido todos a fazer o propósito de passar pela igreja para rezar alguma vez nesta semana”, desafiou o jovem sacerdote, numa publicação na página no Facebook destas paróquias.

O padre Tiago, de 35 anos, está presente nestas terras da Vigararia de Mafra desde 2016, ano da sua ordenação. Contactou, por isso, diariamente, com o cónego Armindo Garcia nestes últimos cinco anos e meio. “Obrigado a todos pela vossa amizade ao padre Armindo, que tanto amou a Ericeira e a Carvoeira e que muitos batizou, casou e nos acompanhou nestes 15 anos de pároco nas alegrias e nos momentos difíceis!”, escreveu ainda, nesta rede social.

O padre Tiago Fonseca salientou ainda que o cónego Armindo Garcia completaria brevemente 80 anos, mais concretamente no próximo dia 12 de março. “Depois de tantos anos a anunciar Deus a todos, aqui na terra, foi agora chamado à Sua Presença e fará a festa dos 80 anos (que ele tanto ansiava) já no Céu!”, garantiu, dando “graças a Deus pela sua vida, que nos deixa um rasto até Jesus”. “Obrigado pela vossa amizade e oração. Tantas vezes o cónego Armindo rezava e bendizia a família, os seus amigos, os seus alunos dos liceus, os seminaristas e sacerdotes que acompanhou, os seus paroquianos do Estoril, da Ericeira e da Carvoeira”, terminou o jovem sacerdote, que é coadjutor da Ericeira e Carvoeira.

 

Perfil

Falecido no passado dia 26 de fevereiro, o cónego Armindo Marques Garcia, de 79 anos, era atualmente o pároco da Ericeira e Carvoeira e capelão da Santa Casa da Misericórdia da Vila da Ericeira, tendo sido criado Cónego do Cabido da Sé de Lisboa em 2011, estando jubilado desde 2016.

Nasceu a 12 de março de 1941, no concelho das Caldas da Rainha, e foi ordenado sacerdote a 15 de agosto de 1965, em Lisboa, pelo Cardeal D. Manuel Gonçalves Cerejeira. Entre 1964 e 1977, o sacerdote foi professor de Religião e Assistente da JEC. Entre 1968 e 1971, foi coadjutor da paróquia de Santa Isabel e, entre 1971 e 1974, da paróquia de São João de Brito, em Lisboa. Durante três anos, entre 1977 e 1980, o sacerdote esteve em Beja, onde desempenhou o seu ministério. No final desse período, prosseguiu os estudos, em Roma, na Universidade Gregoriana. Regressado a Portugal, entre 1982 e 1991, foi diretor do Secretariado Diocesano da Pastoral Vocacional e foi membro da equipa formadora do Seminário dos Olivais. Entre 1984 e 1997, assumiu também a função de diretor espiritual do Seminário de Caparide e, durante esse período, foi membro do Conselho Pastoral Diocesano e do Conselho Presbiteral do Patriarcado de Lisboa.

Depois de ser coadjutor da paróquia de Algueirão-Mem Martins, entre 1992 e 1995, o padre Armindo Garcia foi pároco de Santo António do Estoril durante 11 anos, até 2006, período onde exerceu, entre 2001 e 2006, as funções de vigário de Cascais. Atualmente, e desde 2006, o cónego Armindo Garcia era pároco das paróquias de Carvoeira e Ericeira.

texto por Diogo Paiva Brandão; fotos por paróquia da Ericeira
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