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“Meditar é um modo de encontrar Jesus”
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O Papa Francisco falou sobre o valor da oração cristã. Na semana em que foi anunciado que Charles de Foucauld vai ser canonizado, o Papa fez um apelo direto aos padres, realizou uma visita surpresa a uma zona de vacinação e pediu uma maratona de oração contra a pandemia.

 

1. O Papa dedicou a catequese da audiência-geral de quarta-feira ao valor da oração cristã, que considera algo mais do que a mera meditação. “Todos nós temos necessidade de meditar, de refletir, de nos encontrarmos a nós mesmos. Especialmente, no voraz mundo ocidental, as pessoas procuram a meditação porque ela representa uma barreira elevada contra o stress diário e o vazio que se alastra por toda a parte. Eis, então, a imagem de jovens e adultos sentados em recolhimento, em silêncio, com os olhos meio fechados... O que fazem estas pessoas? Meditam”, referiu.

Francisco reconhece que a meditação “é um fenómeno que deve ser encarado de modo favorável”, mas “apercebemo-nos de que esta palavra, quando é aceite no contexto cristão, assume uma especificidade que não deve ser cancelada”. O Papa explicou que “a grande porta por onde passa a oração de uma pessoa batizada é Jesus Cristo”, por isso, a meditação do cristão “não aspira à plena transparência de si, nem procura o núcleo mais profundo do seu ego”, diz Francisco. “A oração do cristão é, antes de mais nada, um encontro com o Outro com ‘O’ maiúsculo. Se uma experiência de oração nos dá paz interior ou autodomínio ou lucidez no caminho a empreender, estes resultados são, por assim dizer, efeitos colaterais da graça da oração cristã, que é o encontro com Jesus”, esclareceu.

Nesta catequese de dia 28 de abril, transmitida a partir da biblioteca do Palácio Apostólico, o Papa sublinhou ainda que “Cristo não está longe, mas sempre em relação connosco”. E que “cada momento da vida terrena de Jesus, através da graça da oração, pode tornar-se contemporâneo para nós”. Ou seja, “para nós cristãos, meditar é um modo de encontrar Jesus; e assim, só assim, de nos encontrarmos a nós mesmos”.

 

2. No próximo dia 3 de maio, o Papa preside ao consistório ordinário para a canonização do religioso francês Charles de Foucauld, eremita no deserto do Saara e pioneiro do diálogo com outras culturas e religiões. Assassinado em 1916, em Tamanrasset, na Argélia, foi beatificado em Roma por Bento XVI, a 13 de novembro de 2005. A data da canonização poderá vir a ser revelada neste próximo consistório presidido por Francisco.

Após uma vida atribulada e boémia, Charles Foucauld converteu-se na idade adulta e ingressou na vida religiosa, vivendo de forma radical, como trapista. Em 1901, foi ordenado sacerdote na diocese francesa de Viviers, mas obteve licença para viver em África. Fascinado pela vida no deserto africano, que conhecia enquanto militar, o sacerdote-eremita instalou-se na região do Saara, onde meditava e traduzia os Evangelhos para os tuaregues, passando grande parte do tempo em adoração eucarística.

Em Portugal, existe uma pequena fraternidade dos Irmãos de Jesus e também o ramo feminino das Irmãzinhas de Jesus, que vivem a partir do exemplo de vida deste religioso, que ofereceu a vida pelos mais pobres e esquecidos.

 

3. “Confesso-vos que estou muito triste com a tragédia que, uma vez mais, aconteceu há dias no Mediterrâneo”, desabafou o Papa, na manhã de Domingo, 25 de abril, referindo-se aos 130 migrantes que morreram no mar. “São pessoas. São vidas humanas que, durante dois dias inteiros, pediram ajuda, em vão. Uma ajuda que não chegou”, lamentou. No final da oração do Regina Coeli, proferida na janela do Palácio Apostólico, Francisco convidou todos a interrogarem-se sobre esta “enésima tragédia”, classificando-a como “o momento da vergonha”. E pediu para se rezar pelos que morreram “e continuam a morrer nestas dramáticas viagens”, bem como “por aqueles que podem ajudar, mas preferem olhar para outro lado”.

O Papa também se mostrou solidário com as 82 vítimas de um incêndio num hospital de Bagdad, no Iraque, e não esqueceu a população das ilhas Saint Vincent e Granadinas, afetadas por sucessivas erupções vulcânicas.

No dia em que a Igreja celebra o Domingo do Bom Pastor, Francisco ordenou nove sacerdotes, pedindo-lhes que se afastem da vaidade, do orgulho e do dinheiro. “O diabo entra ‘pelos bolsos’. Pensem nisto. Sede pobres, porque os santos fiéis de Deus são pobres. Pobres que amam os pobres”, alertou o Papa. “Não sejam arrivistas… a ‘carreira eclesiástica’... depois, tornas-te funcionário, e quando um sacerdote começa a ser empresário, tanto na paróquia como no colégio, onde quer que seja, perde aquela proximidade com o povo, perde aquela pobreza que o torna semelhante ao Cristo pobre e crucificado. E torna-se sacerdote-empresário, e não servo”, acrescentou.

Para reforçar este alerta, Francisco contou um episódio relacionado com um destes “padres-empresários” que, ao ver que um dos seus funcionários mais velhos tinha cometido um erro, gritou com ele e mandou-o embora. “E aquele idoso morreu por causa disso… aquele homem tinha sido ordenado sacerdote e acabou como empresário impiedoso”, disse o Papa. “Guardem sempre esta imagem: sirvam como pastores e não como empresários. E afastem-se do dinheiro”, pediu.

 

4. O Papa apareceu de surpresa na Aula Paulo VI, no Vaticano, onde 600 pessoas frágeis e marginalizadas iriam receber a segunda dose da vacina contra a covid-19. Foi no dia de São Jorge, onomástico de Jorge Maria Bergoglio, a 23 de abril, em que os presentes foram surpreendidos com a chegada de Francisco, que os saudou e participou numa pequena festa, tendo oferecido um ovo de chocolate a cada um, incluindo voluntários e profissionais de saúde. Um comunicado do Vaticano informa que todos cantaram os “parabéns”, enquanto Francisco se detinha para conversar com alguns voluntários, “em clima de festa e de carinho”.

 

5. O Papa Francisco convidou os fiéis do mundo inteiro a rezarem o terço, todos os dias às 18h00 (hora de Roma), em ligação com 30 santuários marianos espalhados pelos cinco continentes, incluindo o Santuário de Fátima. Um comunicado do Conselho Pontifício para a Nova Evangelização informa que o Papa vai participar no primeiro e no último dia do mês de maio. O tema desta maratona de oração é ‘De toda a Igreja subia incessantemente a oração a Deus’, para invocar o fim da pandemia.

O comunicado acrescenta ainda que “esta iniciativa nasceu do desejo do Papa Francisco”, com o objetivo “de envolver de modo especial todos os outros santuários do mundo, para promoverem esta oração junto dos fiéis, das famílias e das comunidades”.

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