O Papa Francisco invocou Nossa Senhora de Fátima. Na semana em que instituiu o ministério para catequistas leigos, o Papa apelou à paz, à distribuição “livre e justa” de vacinas e alertou para o risco de nacionalismos “agressivos”.
1. O Papa invocou a proteção maternal de Nossa Senhora de Fátima, “especialmente quando encontramos dificuldades na nossa vida de oração”. Na saudação aos portugueses, durante a audiência-geral de quarta-feira, 12 de maio, Francisco recordou as celebrações da Cova da Iria e, dirigindo-se aos polacos, assinalou os 40 anos do atentado a São João Paulo II. “Ele mesmo sublinhava, com convicção, que devia a sua vida à Senhora de Fátima”, disse. “Este acontecimento torna-nos conscientes de que a nossa vida e a história do mundo estão nas mãos de Deus. Confiamos a Igreja, nós mesmos e o mundo inteiro ao Imaculado Coração de Maria”, realçou.
Na catequese dedicada à oração, o Papa reconheceu que “rezar não é fácil” e que nos distraímos com “outras atividades, que naquele momento parecem mais importantes e mais urgentes”, e acrescentou: “A mim também acontece o mesmo”. Mas, “quase sempre, depois de termos adiado a oração, percebemos que aquelas coisas não eram absolutamente essenciais e que talvez tenhamos desperdiçado tempo. É deste modo que o Inimigo nos engana”, explicou.
Após vários meses de isolamento, Francisco retomou esta quarta-feira as audiências na presença de fiéis, no Pátio São Dâmaso, no Vaticano, ainda que em número mais reduzido, e não escondeu o seu entusiasmo. “Estou contente por retomar estes encontros cara a cara, porque, digo-vos uma coisa: não é bonito falar para o nada, só para uma câmara, não é nada bonito. Mas agora, depois de tantos meses, posso-vos encontrar, a cada um com a sua história, gente que vem de todo o lado”, disse, sorridente, o Papa. “Ver cada um de vós dá-me grande prazer porque somos todos irmãos no Senhor e vermo-nos juntos ajuda a rezar uns pelos outros”, concluiu.
2. Na carta apostólica, sob forma de ‘Motu proprio’, ‘Antiquum ministeruim’, o Papa institui o ministério laical de catequista e recorda como, na história da evangelização destes dois milénios, é evidente a eficácia da missão dos catequistas, reconhecendo, desde os primórdios na comunidade cristã, “uma forma difusa de ministerialidade, concretizada no serviço de homens e mulheres que, obedientes à ação do Espírito Santo, dedicaram a sua vida à edificação da Igreja”. Na carta publicada esta terça-feira, 11 de maio, o Papa valoriza “a multidão incontável de leigos e leigas que tomaram parte, diretamente, na difusão do Evangelho através do ensino da catequese, animados por uma grande fé e verdadeiras testemunhas de santidade, que, em alguns casos, foram mesmo fundadores de Igrejas, chegando até a dar a sua vida”. E reconhece como “nos nossos dias, há muitos catequistas competentes e perseverantes que estão à frente de comunidades em diferentes regiões, realizando uma missão insubstituível na transmissão e aprofundamento da fé”.
Entre os requisitos para aceder ao ministério instituído de catequista, é exigido que sejam “homens e mulheres de fé profunda e maturidade humana, que tenham uma participação ativa na vida da comunidade cristã, capazes de acolhimento, generosidade e vida de comunhão fraterna, que recebam a devida formação bíblica, teológica, pastoral e pedagógica e tenham já maturado uma prévia experiência de catequese”. Exige-se ainda que estejam “disponíveis para exercer o ministério onde for necessário e animados por verdadeiro entusiasmo apostólica”. O rito de Instituição do ministério laical de catequista será publicado brevemente pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Todas as Conferências Episcopais devem, a partir de agora, estabelecer os passos necessários e os critérios normativos “para tornarem realidade o ministério de Catequista”.
3. No Regina Coeli, o Papa Francisco afirmou que “amar como Cristo significa dizer não aos outros ‘amores’ que o mundo nos oferece: amor ao dinheiro – quem ama o dinheiro não ama como Jesus –, amor ao sucesso, à vaidade, ao poder”. Caminhos enganosos, disse o Papa, na manhã do passado Domingo, 9 de maio, porque “nos afastam do amor de Deus e nos levam a ser sempre mais egoístas, narcisistas e prepotentes. E a prepotência leva a uma degeneração do amor, a abusar dos outros, a fazer sofrer a pessoa amada”.
No final, Francisco mostrou-se preocupado com os recentes acontecimentos em Jerusalém. “Rezo para que seja um lugar de encontro e não de confrontos violentos, um lugar de oração e de paz. Convido todos a procurarem soluções partilhadas, para que a identidade multirreligiosa e multicultural da Cidade Santa seja respeitada e possa prevalecer a fraternidade. A violência só gera violência. Basta com os confrontos”, pediu.
4. O Papa juntou-se às estrelas da música, do cinema e a outras personalidades mundiais para apoiar uma distribuição justa da vacina contra a covid-19. “Queridos jovens de idade e de espírito: recebam uma saudação cordial deste velho, que não dança nem canta como vocês, mas que acredita, juntamente convosco, que a injustiça e o mal não são invencíveis”, começou por dizer, numa mensagem vídeo enviada ao ‘Vax Live - The Concert To Reunite the World’, transmitida a partir de Los Angeles. Francisco pediu “caminhos de cura e salvação, para que a causa do mal e não fique apenas nos sintomas”, e a coragem de “abandonar os nossos individualismos e promover o bem comum”. “Um espírito de justiça que nos mobiliza para garantir o acesso universal à vacina e a suspensão temporária dos direitos de propriedade intelectual; um espírito de comunhão que nos permite gerar um modelo económico diferente, mais inclusivo, justo e sustentável”, apelou.
5. O Papa Francisco alertou para o risco de nacionalismos “agressivos” e de sociedades mais fechadas, no pós-pandemia, apelando ao fim dos “muros” entre pessoas e nações. “Estamos todos no mesmo barco e somos chamados a empenhar-nos para que não existam mais muros que nos separam, nem existam mais os outros, mas só um nós, do tamanho da humanidade inteira”, escreveu, na mensagem para o 107.º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, que a Igreja assinala a 26 de setembro, e tem como tema ‘Rumo a um nós cada vez maior’. Francisco refere que este “nós” da humanidade “está dilacerado e dividido, ferido e desfigurado”.
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