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P. Manuel Barbosa, scj
7 tempos Laudato si’
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A 24 de maio celebramos seis anos da publicação da encíclica Laudato si’. Quis o Papa Francisco que celebrássemos, de maio de 2020 a maio de 2021, um ano especial de quinto aniversário. Em atenção ao cuidado da casa comum e dos pobres, “este ano deveria levar a planos operacionais de longo prazo, para chegar a uma ecologia integral nas famílias, paróquias, dioceses, ordens religiosas, escolas, universidades, cuidados da saúde, empresas, fazendas agrícolas e muitas outras áreas”.
O que fizemos nos nossos ambientes e organismos, famílias e comunidades? Como celebrámos este ano especial? Como vamos continuar a concretizar os seus dinamismos?
Do muito que se disse, retenho sete tempos, à luz da mensagem do Papa para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação (1 de setembro de 2020) e do encontro com as comunidades Laudato si’ doze dias depois.
1. Recordar. O Jubileu é um tempo de graça para recordar a vocação primordial da criação: ser e prosperar como comunidade de amor. Devemos lembrar constantemente que “tudo está inter-relacionado e o cuidado autêntico da nossa própria vida e das nossas relações com a natureza é inseparável da fraternidade, da justiça e da fidelidade aos outros” (LS 70).
2. Regressar. O jubileu é um tempo para arrepender-se e sarar relações danificadas, regressar a Deus, nosso criador amoroso, e pensar novamente nos outros, especialmente os pobres e os mais vulneráveis, voltar a ouvir a terra e a voz da criação.
3. Repousar. O jubileu é um tempo para descansar dos trabalhos habituais, deixar a terra regenerar-se e o mundo reentrar na ordem, redescobrir estilos de vida mais simples e sustentáveis e desenvolver novas maneiras de viver. “A pandemia levou-nos a uma encruzilhada. Devemos aproveitar este momento decisivo para acabar com atividades e objetivos supérfluos e destrutivos, e cultivar valores, vínculos e projetos criadores. Devemos examinar os nossos hábitos no uso da energia, no consumo, nos transportes e na alimentação”.
4. Restaurar. O jubileu é um tempo para “restaurar a harmonia primordial da criação e curar relações humanas comprometidas”, para restaurar a terra e reparar segundo a justiça, garantindo o bem comum e alcançando os objetivos sociais e ambientais globais, para promover a solidariedade entre as gerações.
5. Rejubilar. O jubileu é um acontecimento festivo de júbilo sob a ação do Espírito Santo. “É uma alegria ver tantos jovens e comunidades na linha da frente para dar resposta à crise ecológica. Apelam por um Jubileu da Terra e um novo começo, cientes de que «as coisas podem mudar» (LS 13)”.
6. Contemplar. O Jubileu é um tempo para contemplar, contrariando a realidade que consome e perde raízes, que nos devora e escraviza. Assim nos provoca o Papa Francisco: “Contemplar é dar tempo para fazer silêncio para rezar, a fim de que a alma volte novamente a estar em harmonia: o equilíbrio está entre a cabeça, coração e mãos; entre pensamento, sentimento e ação. A contemplação é o antídoto para as escolhas apressadas, superficiais e inconcludentes”. Quem contempla descobre a preciosa ternura do olhar de Deus, não fica sentado de braços cruzados e dedica-se com afinco à contemplação que leva à ação.
7. Compadecer-se. O Jubileu é um tempo da compaixão pelos outros, “a melhor vacina contra a epidemia da indiferença”. A compaixão exige a escolha radical de não ter inimigos, vendo em todos um irmão próximo, cria uma nova ligação com o outro, sem sentimentalismos nem pietismos, faz lutar constantemente contra o descarte dos outros e o desperdício das coisas.
Estes tempos jubilares, para concretizar em intensidade criativa, não nos deixam como espetadores passivos e estagnados, mas como protagonistas humildes e empenhados na construção de ecologia integral e no cuidado da nossa casa comum.
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