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África: a Igreja na linha da frente no apoio às vítimas do terrorismo
Porto de abrigo
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Primeiro, foi no norte da Nigéria, em 2009. Depois, aos poucos, os terroristas do Boko Haram foram galgando quilómetros, ultrapassando fronteiras, deixando em todo o lado marcas de violência e de morte. O Pe. Ngalandja vive em Kousseri, nos Camarões. Ajudar as vítimas do Boko Haram é uma das suas tarefas. Talvez seja, neste momento, mesmo a sua missão principal…


A fronteira entre a Nigéria e os Camarões é imensa. Tem 1690 km. Como praticamente todas as fronteiras em África, são linhas quase invisíveis para as pessoas que as cruzam no terreno. Para os terroristas, então, não existem de todo. Os ataques do Boko Haram, um grupo jihadista que sonha criar um ‘califado’ em África, começaram na Nigéria em 2009. Nos últimos anos, já deixaram marcas em vários países da região. Níger, Chade, Burquina Fasso, Camarões… Marcas de terror visíveis como feridas ainda abertas nas pessoas em lágrimas, enlutadas, nas pessoas que sangram no corpo e na alma, mas também nas aldeias que se esvaziaram, nas paróquias que ficaram sem fiéis, nas escolas fechadas sem crianças. Este é o mundo do Pe. Jacques Ngalandja. Ele vive em Kousseri, nos Camarões. Para ele, o Boko Haram é terror puro. “O Boko Haram não tem qualquer objectivo político como tal. Temos a impressão de que é um terror sem sentido e sem qualquer propósito.”

 

Acudir a todos

Pode ser apenas isso. Espalhar o medo, provocar a fuga das populações. Abel Maraba sabe de experiência própria o que pode significar a violência dos terroristas. “O Boko Haram atacou-nos. Eles vieram à nossa paróquia e fizeram muito mal às nossas famílias. Queimaram as nossas cabanas, levaram o nosso gado, ovelhas e bois. Ouvíamos tiros todas as noites. Isso paralisou-nos de medo…” Sempre o medo. Essa é já uma vitória dos terroristas. As pessoas não escondem o receio de novos ataques e estão permanentemente em alerta. Vivem num sufoco constante. Fogem, deixam casas e aldeias, abandonam os lugares onde sempre viveram. A miséria aumenta. Essa é outra vitória dos terroristas. Diz o Pe. Ngalandja que é preciso acudir a todos. É uma urgência. É a missão da Igreja. “Estas pessoas refugiaram-se após terem fugido das suas aldeias atingidas pelo Boko Haram. Ajudar as pessoas significa acompanhá-las, para que não caiam na pobreza.”

 

Troféus para os terroristas

O Pe. Jacques Ngalandja é apenas um dos rostos da Igreja solidária que está na linha da frente ao lado dos que mais sofrem, das vítimas directas do Boko Haram e de todos os grupos que semeiam o extremismo religioso neste imenso continente. Estar na linha da frente significa arriscar também a vida. Os sacerdotes e as religiosas são verdadeiros troféus para os terroristas. Por isso são assassinados, são raptados, são ameaçados. Por isso, também, a sua presença revela-se tão valiosa para as populações. “A Igreja esteve connosco mesmo quando estávamos dispersos, não nos abandonou e continuou a estar connosco, aconselhando-nos, organizando orações, tudo para nos ajudar na nossa vida cristã, para nos ajudar a continuar a nossa vida cristã.” Abel Maraba, que já assistiu a um ataque do Boko Haram à sua aldeia, sabe bem o que significa a presença da Igreja quando tudo o resto parecia desmoronar-se. Aos poucos, a Igreja foi-se transformando no porto de abrigo de todas as vítimas dos terroristas. A Fundação AIS lançou uma enorme campanha de ajuda para a Igreja de África que enfrenta o vírus contagioso do terrorismo. Não podemos fechar os olhos a esta tragédia. A Igreja em África pode contar consigo?

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