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P. Manuel Barbosa, scj
Evangelizar

Os Bispos estiveram reunidos num tempo de formação, de 14 a 16 de junho, nas anuais Jornadas Pastorais do Episcopado, juntamente com dois convidados por diocese, sobre o tema “Evangelizar. A receção do Sínodo dos Bispos sobre os jovens e a Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023”.

O encontro decorreu em conferências, trabalhos de grupo, plenários e partilha de experiências. Teve a orientação do padre salesiano Rossano Sala, Professor Ordinário de Teologia Pastoral e Pastoral Juvenil na Universidade Pontifícia Salesiana de Roma, Secretário Especial da XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo sobre o tema Os jovens, a fé e o discernimento vocacional e Consultor da Secretaria-Geral do Sínodo dos Bispos.

Num primeiro andamento, abordou o atual CONTEXTO GLOBAL atual, fazendo-nos olhar para o cenário mundial e para a Igreja que está na Europa neste tempo de pandemia. De seguida, confrontou-nos com as PROVOCAÇÕES PAPAIS que nos vêm do pontificado do Papa Francisco, os principais desafios para a Igreja e para o mundo. No terceiro passo, provocou o nosso olhar sobre a receção e o relançamento do Sínodo sobre os jovens, deixando-nos contaminar pelas suas propostas em chave de EVANGELIZAÇÃO MISSIONÁRIA. Na última etapa, incidiu na PASTORAL JUVENIL, tratando especificamente a próxima Jornada Mundial da Juventude e procurando perceber criticamente os desafios e as oportunidades deste momento específico e original.

Vale a pena aproveitar os textos e interpelações do Padre Rossano Sala, os quais podem ser aproveitados para quatro excelentes encontros de preparação para a JMJ Lisboa 2023 (os textos podem ser pedidos à CEP: cep.sgeral@ecclesia.pt).

Em provocação final, sempre centrado na evangelização como objetivo último da Jornada Mundial da Juventude, que nos leva a ouvir de novo a proposta de evangelização missionária do mundo juvenil e da própria Igreja, o P. Rossano partilhou alguns sonhos para uma Jornada Mundial da Juventude:

- sintonizada com as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias do nosso tempo, que tem em conta o que está a acontecer nos contextos global, eclesial e pastoral;

- ligada a um processo temporal que faz com que a JMJ seja cada menos um evento isolado e cada vez mais uma tessela de um mosaico maior;

- capaz de criar espaços de anúncio e catequese não unidirecionais, intimamente caraterizados por momentos de escuta e de diálogo autênticos e não pré-confecionados, capazes de abrir novas oportunidades;

- aberta ao contributo inter-religioso e ecuménico, capaz de interagir com força no contexto de vida normal dos jovens de hoje, que é intercultural e multirreligioso;

- capaz de valorizar a presença inter-geracional, porque velhos que sonham e jovens que fazem profecias são o caminho de salvação da nossa sociedade desenraizada: duas gerações de descartados podem salvar toda a gente;

- capaz de envolver os jovens como autênticos sujeitos, recurso imprescindível para ser bem-sucedidos no esforço de imprimir de novo um dinamismo juvenil a toda a comunidade dos crentes.

Estes sonhos entrelaçam-se com o sonho missionário de chegar a todos, lema do Sínodo Diocesano do Patriarcado Lisboa, que hoje, 19 de junho, acaba de avaliar a sua receção em Assembleia Diocesana. Foram sete anos de experiência sinodal, com significativa participação dos fiéis e comunidades, movimentos e associações, institutos de vida consagrada, instituições da Igreja e da sociedade em geral.

A receção não termina aqui, pois o Sínodo não é um evento, mas um processo que continua em “sinodalidade missionária” (belíssima expressão do Sínodo dos Jovens!) em toda a Igreja e particularmente nesta Igreja local onde estamos. A renovação autêntica de uma Igreja que se quer sinodal acontece na escuta atenta e orante do Espírito Santo e dos seus sinais na Igreja e do mundo.