Domingo |
À procura da Palavra
Os fins e os meios
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DOMINGO XV COMUM Ano B

“Ordenou-lhes que nada levassem para o caminho,

a não ser o bastão.”

Mc 6, 8

 

Perdoem-me os economistas e outros sábios das lógicas do capital, pois devo estar enganado quanto ao progresso do mundo, mas creio firmemente que os muitos meios não são garantia dos melhores fins. Há uma lição a retirar da criação e da alma humana que é a espantosa força das sementes, e como toda a “start-up” precisa da humildade e da pobreza de ter começado insignificante. E não é essa experiência vital de cada um de nós? E a pobreza dos meios podem dificultar, mas quantas flores conseguem brotar no meio do alcatrão das estradas? E não é o Evangelho uma formidável concretização de como a pobreza de meios não impede, antes favorece, a grandeza desse fim paradoxal da cruz que se torna o princípio da vida eterna para todos?

 

Deus gosta de contar com “a prata da casa” que é sempre o coração disponível da pessoa humana. Foi sempre assim desde a Criação. Como disse S. Paulo, “escolhe o que é fraco para confundir o que é forte” (1 Cor. 27) e mais dos que as qualidades ou dons dos escolhidos, capacita-os para a missão. É uma autêntica “formação na acção” aquela que os Doze recebem de Jesus; mal acabados de ser chamados e logo enviados com um propósito imenso. Dois a dois, para autenticar o testemunho e entenderem não se evangeliza por conta-própria, mas por conta de Deus. Além disso, é um projecto de comunhão e não de vedetismo: se não aprendemos a precisar dos outros, não nos tornamos heróis solitários e desumanos? E com que meios podem contar? Acima de tudo, a força de quem envia e o poder de libertar do mal os que vivem atormentados. Depois, um bastão, um par de sandálias e uma túnica! O equipamento “topo-de-gama” para a missão!

 

Dizia Inácio Larrañaga: “Um pobre de Deus é um homem livre.” O despojamento dos apóstolos sustenta a credibilidade do seu anúncio. Não há interesses de retorno, nem negócios escondidos. O bastão é arma do pobre, dos pastores, do coxo. Lembra a vara de Moisés com que abre o Mar Vermelho e conduz os escravos hebreus à libertação. As sandálias são o “turbo” dos pés, arejados e facilmente laváveis num pouco de água, próprias para longas caminhadas. A túnica é o “pronto a vestir” utilitário e simples, sempre na moda e quase uma segunda pele que dá liberdade de movimentos e não distrai a exibir “griffes”! Jesus não envia miseráveis ou maltrapilhos; levam o essencial e não o excesso, para que seja a compaixão e não a “auto-imagem” a ter o primeiro lugar. E os grandes fins da cura e da libertação não precisaram de grandes meios, mas de grande pobreza!

 

Em dia de S. Bento de Núrsia, lembremos a renovação do mundo do seu tempo que o seu despojamento e a sua Regra realizaram. Como da “oração e do trabalho” fizeram os alicerces de uma vida comunitária que anima hoje tantas comunidades beneditinas. Também começou com pouco, em 503 fundou doze mosteiros!

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