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São José, operário e pai
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Diz o Santo Padre na Carta Apostólica ‘Patris Corde’: “São José era um carpinteiro que trabalhou honestamente para garantir o sustento da sua família. Com ele, Jesus aprendeu o valor, a dignidade e a alegria do que significa comer o pão fruto do próprio trabalho”.

A Sagrada Escritura diz-nos pouco sobre São José. Não sabemos a sua idade, não sabemos quando morreu, não sabemos se era alto ou baixo, se era um homem bonito ou feio. Nem sequer lhe conhecemos qualquer palavra. Contudo, das poucas informações que temos sobre o Pai Terreno de Jesus é que ele era carpinteiro. Era um homem justo da Tribo de David e carpinteiro. A isto se resume a biografia conhecida deste santo.

O autor sagrado parece assim colocar no mesmo plano a ascendência real de José e o seu trabalho. Descendia dos reis de Israel e trabalhava a madeira. Deus confia assim o Seu Filho a um homem de sangue real, mas que vive do seu trabalho. O Deus feito carne será assim sustentado pelo trabalho daquele homem. Deus precisou do trabalho de São José!

E foi com São José que Jesus aprendeu um labor. Também ele foi carpinteiro, como seu pai. “Não é este o carpinteiro filho de Maria?”, perguntam, desdenhosos, em Nazaré. Mas Deus não desdenha o trabalho, pelo contrário, glorifica o trabalho, pois Ele próprio se faz trabalhador como seu pai terreno. Aprendeu com São José a usar as ferramentas, a talhar a madeira, a construir. Sim, é Ele o carpinteiro, como já o seu pai tinha sido.

O trabalho de São José foi essencial à salvação, pois foi através do seu trabalho que Jesus foi sustentado. São José Operário torna-se assim diretamente participante da obra da salvação. Não pelas suas pregações, ou pela sua piedade, mas pelo simples facto de trabalhar para sustentar o seu filho. Porque aquele seu filho era Deus verdadeiramente homem, com todas as necessidades que uma criança tem: casa, comida, roupa, escola. E foi para isso que ele trabalhou, para que nada faltasse ao seu filho, que era Deus.

São José é símbolo de todos os pais que trabalham. Porque, como diz o Santo Padre: “O trabalho torna-se participação na própria obra da salvação, oportunidade para apressar a vinda do Reino, desenvolver as próprias potencialidades e qualidades, colocando-as ao serviço da sociedade e da comunhão; o trabalho torna-se uma oportunidade de realização não só para o próprio trabalhador, mas sobretudo para aquele núcleo originário da sociedade que é a família”.

Vivemos um tempo onde se desvaloriza o trabalho. Este é visto como um mal, algo que nos impede de viver, uma mera imposição à qual queremos fugir. Hoje, cada vez mais se valoriza os que enriquecem sem trabalhar, ou trabalhando pouco. Os ídolos de hoje são aqueles que vivem da fama gratuita, sem desenvolver qualquer profissão ou talento. E o trabalho é visto apenas como um meio de ganhar dinheiro.

Nesta carta onde nos fala de São José, o Papa Francisco volta a lembrar, como tem feito ao longo do seu pontificado, como o trabalho dignifica o Homem. Relembra o Santo Padre como é digno que o homem coma do fruto do seu trabalho. Assim, como São José se tornou parte da história da salvação ao trabalhar para a sua família, assim também o faz cada pai que oferece o seu tempo, as suas forças, o seu empenho, para o sustento da sua família.

O Santo Padre chama também a atenção para a necessidade de criar condições para que todos possam ter um trabalho digno, sobretudo neste tempo onde a pandemia destruiu tantos empregos. O Papa desafia todos a nos empenharmos na construção de uma sociedade onde todos possam ter a possibilidade de se sustentar e à sua família. Porque o trabalho é um bem, porque o trabalha dignifica. Por isso Deus quis que o Seu Filho fosse sustentado através do trabalho de São José, por isso quis que o seu Filho aprendesse com o seu pai terreno a trabalhar.

Aquele que explora os trabalhadores, aquele que os despreza, que os desumaniza, em busca de ganhar mais dinheiro, comete um pecado que brada aos céus. Cuidar da dignidade humana é também cuidar da dignidade dos trabalhadores, é também cuidar para que todo o homem tenha emprego digno.

São José relembra-nos o chamamento dos pais ao trabalho. O tempo do trabalho não é tempo tirado aos filhos. Porque o trabalho do pai educa os filhos. Ensina aos filhos a dignidade de ganhar o seu sustento e testemunha aos filhos o amor do pai que se sacrifica por eles. Na Sagrada Escritura, da relação de Jesus com São José, o que sabemos é que o Filho de Deus se fez carpinteiro como o seu pai adotivo. Foi através do seu trabalho que José, o patrono de todos os pais, educou Jesus. Aprendamos por isso com São José, operário e pai, a dignificar o trabalho.

texto por José Maria Seabra Duque
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