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Isilda Pegado
O que é hoje a União Europeia?

1. Como sabemos, após a II Guerra Mundial sentiu-se na Europa a necessidade de unir esforços para tornar os Países do “Velho Continente” (assim é chamada a Europa) mais capazes, competitivos, produtivos, e acima de tudo, perante o crescimento de Novas Potencias, permitir que a forma de fazer e viver na Europa fosse coesa e por isso mais forte.

2. Os chamados “País da União Europeia” (Churchill, Adenauer, Jean Monnet, entre outros), preocupados com a Paz na Europa, a prosperidade económica e social, o exercício Livre dos Direitos Humanos ou a defesa dos recursos naturais, mostravam-se profundamente convictos de que a Europa era herdeira de uma cultura Humanista, fundada nos valores Cristãos. Foi um caminho de décadas que se cumpriu.

3. Porém, nos últimos anos, e em concreto neste tempo dramático em que a Europa e o Mundo, estão a viver a Pandemia provocada pela COVID 19, vimos uma União Europeia (U.E.) que, durante mais de 8 meses esteve calada, a assistir à morte de centenas de milhares de Europeus – em especial Italianos e Espanhóis (Novembro de 2019 a Março de 2020).

4. Depois disso, a U.E. assumiu o controle da compra de vacinas para que se conseguisse uma vacinação rápida e segura. Porém, … os Europeus assistiram à eficaz vacinação de Americanos, Ingleses, Brasileiros, Turcos e tantos outros Países que rapidamente foram vacinados. O descrédito foi patente, quando Laboratórios deixaram de fornecer as vacinas contratadas e pagas, para as entregar a terceiros. Prometeram-nos processos judiciais de indeminização... Mas não era isso que se esperava da U.E.…

Por outro lado,

5. Assistimos ao debate e aprovação do chamado “Relatório Matic” que visa declarar o Aborto como Direito Fundamental, um Direito Humano… e assim, restringir o Direito à Objeção de Consciência dos profissionais de Saúde que se recusam a fazer abortos.

Este Relatório não tem força de Lei. Aliás, está vedado ao Parlamento Europeu legislar sobre matérias como o Aborto ou objeção de consciência. Por isso, aprovam-se estes “Relatórios” que são meras formas de “pressionar” os Países membros e de veicular uma ideologia.

Fá-lo também porque Países como Polónia, Hungria, Malta, entre outros (especialmente do Leste) não aceitam a legalização do aborto. E também porque há uma verdadeira perseguição à Hungria Cristã.

6. Ou melhor: a U.E. de hoje nega as suas próprias raízes, nega a razão de ser da sua existência. O Aborto é a eliminação de uma vida humana. Como se declara Direito Humano, tal acto? A que mentira já chegámos? Esquece-se que a atratividade deste Continente resulta da matriz Cristã que construiu o Humanismo, a Liberdade e a igual Dignidade de todos os seres Humanos.

7. Perante a ineficácia no tratamento da Pandemia, a U.E. refugia-se nas questões ideológicas e fraturantes. Não será esta a sepultura da própria U. E.? Até onde pode ir esta voragem ideológica, cega e pouco atenta às verdadeiras necessidades dos Povos?

A U.E., hoje, serve a identidade Europeia, os valores da subsidiariedade e do respeito pelas diferentes realidades sociais de cada País?

O Primeiro Ministro da Eslovénia (actual Presidente do Conselho da União Europeia) avisou na passada semana que não embarcará em “valores europeus imaginários”. E apontou mesmo o perigo do colapso da União Europeia, atentas as questões fraturantes enunciadas.

Precisamos de uma União Europeia que sirva o Homem, e a identidade de cada País, que sirva a Família e o Bem Comum. Não precisamos de “valores imaginários”.