Papa |
Roma
“Ganhar, todos juntos, a medalha da fraternidade humana”
<<
1/
>>
Imagem

O Vaticano espera que os Jogos Olímpicos de Tóquio sejam marcados pela vitória da “fraternidade”. Na semana em que agradeceu à “família do [Hospital] Gemelli”, o Papa mostrou-se solidário com vítimas das cheias na Europa Central, enviou uma mensagem à Ordem dos Frades Menores e limitou o uso do missal de 1962 para a celebração da Missa.

 

1. O Vaticano desejou que os Jogos Olímpicos de Tóquio, que começam esta sexta-feira, 23 de julho, sejam marcados pela “fraternidade” e combinem “tensão competitiva e um espírito de unidade”. “Hoje, mais do que nunca, o desafio não é apenas ganhar a medalha de ouro – o sonho e meta de qualquer atleta olímpico – mas também ganhar, todos juntos, a medalha da fraternidade humana”, pode ler-se no ‘Vatican News’. O texto, que retoma o ensinamento do Papa Francisco sobre o desporto, assinala que estes são uns Jogos “tristes”, devido à ausência de público, de aplausos ou de abraços, com alterações até na entrega das medalhas. “Talvez possa emergir mais claramente o significado (e o valor) de um evento que, desde o seu símbolo – os cinco anéis entrelaçados – traz consigo o espírito de fraternidade e harmonia entre os povos”, deseja o artigo.

O Vaticano lembra ainda que o Papa tem “sublinhado o potencial educativo do desporto para os jovens, a importância de ‘colocar-se em jogo’ e do fair-play”, bem como do próprio valor da derrota, “porque a grandeza de uma pessoa é vista mais quando ela cai do que quando triunfa, tanto no desporto como na vida”.

 

2. O Papa endereçou uma carta ao presidente da Fundação Hospital Universitário Agostino Gemelli, Carlo Fratta Pasini, agradecendo a atenção nos dias que esteve internado no hospital, onde foi submetido a uma cirúrgica ao cólon. Na missiva, Francisco manifesta a sua gratidão e afeto a Pasini e “a todos aqueles que formam a grande família do Gemelli”. “Como numa família, experimentei um acolhimento fraterno e um cuidado cordial, que me fizeram sentir em casa”, escreveu o Papa.

No texto, divulgado pelo Vaticano na segunda-feira, 19 de julho, Francisco refere ainda que pôde “ver pessoalmente como a sensibilidade humana e o profissionalismo científico são essenciais no cuidado da saúde”. “Agora, levo no meu coração muitos rostos, histórias e situações de sofrimento. O Gemelli é realmente uma pequena cidade na cidade, onde milhares de pessoas vêm todos os dias, trazendo as suas expectativas e preocupações”, referiu ainda Francisco.

 

3. O Papa mostrou-se solidário com as vítimas das cheias na Europa Central. “Exprimo a minha proximidade aos povos da Alemanha, Bélgica e Holanda, fortemente afetados pela catástrofe das cheias. Peço ao Senhor que acolha os defuntos e conforte os seus familiares e todos os aqueles cujas vidas foram perturbadas”, disse Francisco, após a oração do Angelus, no Vaticano, no passado Domingo, 18 de julho. Na janela do apartamento pontifício, o Papa recordou, também, a situação que se vive em Cuba, na sequência dos protestos contra o regime. “Sinto-me próximo do amado povo cubano. Peço ao Senhor que o ajude a construir, em paz, diálogo e solidariedade uma sociedade sempre mais justa e fraterna”, afirmou. Sobre os atos de violência na África do Sul, Francisco pediu aos responsáveis do país que sejam promotores de paz. Unindo-se aos bispos sul-africanos, o Papa deixou “um forte apelo a todos os responsáveis envolvidos, para que trabalhem pela paz e colaborem com as autoridades para oferecer assistência aos necessitados”.

Antes da recitação do Angelus, o Papa lembrou que o verão deve ser uma oportunidade de “parar, calar, rezar”, alertando para o perigo de “passar da correria do trabalho para a das férias”. “Tenhamos cuidado com o eficientismo, paremos a corrida frenética ditada pelas nossas agendas. Aprendamos a parar, a desligar o telemóvel, a contemplar a natureza, a regenerar-nos no diálogo com Deus”, apelou.

 

4. Numa mensagem aos participantes do Capítulo Geral da Ordem dos Frades Menores (Franciscanos), o Papa desafiou os religiosos a “intensificar as relações com Cristo e com os irmãos”, com uma presença “profética” na sociedade, testemunhando “a fraternidade e a vida simples e alegre”. Francisco admitiu que se vive um tempo “difícil e complexo”, convidando a “acolher os sinais da presença e da ação de Deus”. “Deus tocou o coração de Francisco (de Assis) através da misericórdia oferecida ao irmão e continua a tocar os nossos corações, através do encontro com os outros, sobretudo com as pessoas mais necessitadas. A renovação da vossa visão não pode deixar de partir, mais uma vez, deste olhar novo com o qual se contempla o irmão pobre e marginalizado, sinal – quase sacramento – da presença de Deus”, escreveu, na mensagem divulgada dia 17 de julho.

Francisco, o primeiro Papa a escolher este nome na história da Igreja, desafia os frades menores a ir ao encontro “dos homens e mulheres que sofrem no corpo e na alma”, com uma presença “humilde e fraterna” e sem grandes discursos.

 

5. O Papa publicou um documento que limita o uso do missal de 1962 para a celebração da Missa. Esta forma de celebrar Missa, conhecida por vezes como ‘rito antigo’, ‘forma extraordinária do rito romano’ ou por ‘rito tridentino’, corresponde à Missa que era celebrada por, praticamente, toda a Igreja Católica de rito latino, antes da reforma da liturgia, decidida pelo Concílio Vaticano II. O rito de 1962 continuou a ser celebrado por pequenos grupos durante os anos depois do Concílio, mas acabou por ser liberalizado por João Paulo II e depois por Bento XVI, para pessoas que se sentissem ligadas às tradições antigas e à liturgia anterior ao Concílio, para evitar cisões e fomentar a comunhão na Igreja. Contudo, numa carta dirigida aos bispos de todo o mundo, que acompanha o Motu Proprio ‘Traditionis Custodis’, Francisco explica que, apesar de bem-intencionadas, estas iniciativas dos seus antecessores acabaram por ser instrumentalizadas. “Infelizmente, a intenção pastoral dos meus antecessores, que pretendiam ‘envidar todos os esforços para que todos aqueles que verdadeiramente desejam a unidade possam permanecer nesta unidade ou redescobri-la’, muitas vezes foi seriamente negligenciada. Uma possibilidade oferecida por São João Paulo II e com ainda maior magnanimidade por Bento XVI para recompor a unidade do corpo eclesial no que diz respeito às várias sensibilidades litúrgicas foi utilizada para aumentar distâncias, endurecer diferenças, construir contrastes que ferem a Igreja. Atrapalham o seu progresso, expondo-o ao risco de divisões”, salienta Francisco. “Duvidar do Concílio significa duvidar das próprias intenções dos Padres, que exerceram solenemente o seu poder colegial cum Petro et sub Petro no Concílio Ecuménico e, em última análise, duvidar do próprio Espírito Santo que guia a Igreja”, escreveu o Papa.

Aura Miguel, jornalista da Renascença, à conversa com Diogo Paiva Brandão
A OPINIÃO DE
Guilherme d'Oliveira Martins
Quando Jean Lacroix fala da força e das fraquezas da família alerta-nos para a necessidade de não considerar...
ver [+]

Tony Neves
É um título para encher os olhos e provocar apetite de leitura! Mas é verdade. Depois de ver do ar parte do Congo verde, aterrei em Brazzaville.
ver [+]

Tony Neves
O Gabão acolheu-me de braços e coração abertos, numa visita que foi estreia absoluta neste país da África central.
ver [+]

Pedro Vaz Patto
Impressiona como foi festejada a aprovação, por larga e transversal maioria de deputados e senadores,...
ver [+]

Visite a página online
do Patriarcado de Lisboa
EDIÇÕES ANTERIORES