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À procura da Palavra
As nossas olimpíadas
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DOMINGO XXIII COMUM Ano B

“Tudo o que faz é admirável:

faz que os surdos oiçam e que os mudos falem.”

Mc 7, 37

 

Terminam este domingo em Tóquio os Jogos Paralímpicos, completando as Olimpíadas de verão que tiveram de ser adiadas um ano devido à pandemia da Covid-19. Momento alto de consagração do desporto como actividade humana e humanizadora por excelência, como não nos maravilharmos com os feitos pessoais e comunitários de tantos atletas? Mais do que a competição e as vitórias, valoriza-se o esforço, a grandeza de espírito, a comunhão e a paz que as Olimpíadas dinamizam. E vejo tudo isso, de modo especial, nos atletas paralímpicos, que são um exemplo claro da grandeza humana diante das adversidades.

 

Atrevo-me a imaginar os nossos atletas paralímpicos a serem convidados a ir às escolas do nosso país. Cada um deles certamente poderia contar às crianças e jovens que, por vezes, se amedrontam e desistem diante de dificuldades e do sofrimento, como encontrar forças para superar os pequenos e grandes obstáculos. Sem descurar o valor de todos os outros atletas que testemunham a coragem de tentar bater os seus recordes, quando as incapacidades físicas e mentais parecem votar alguns ao estatuto de “coitadinhos”, é preciso mostrar que isso não é verdade. A inclusão de que tanto falamos tem rostos, histórias e pessoas com nome que vale a pena conhecer.

 

Curiosamente, o Papa S. Pio X promoveu entre 1905 e 1908 as primeiras provas de atletismo para pessoas com deficiências, nos Jardins do Vaticano, quarenta anos antes do movimento paralímpico, nascido dos escombros da segunda guerra mundial. O Papa Francisco, numa recente entrevista disse – “maravilhado” – que os atletas paralímpicos têm “histórias que fazem nascer histórias, quando todos pensam que não há mais nenhuma história para contar”. E não é também esse o cerne da missão de Jesus?

 

Não serão deficiências profundas a surdez e a mudez. Mas eram consideradas uma maldição no tempo de Jesus: não poder ouvir a Palavra de Deus e não professar a fé eram expressão de uma incomunicabilidade atroz. Longe de Deus e dos outros, como poderia realizar-se uma pessoa assim? Jesus recebe este homem trazido por amigos, toma-o de parte, realiza gestos estranhos que exprimem uma nova criação, e cura-o com a força de uma palavra: “Ephata – Abre-te!”. A abertura, dos ouvidos, da boca, do coração e da vida é a condição humanizada e humanizadora que Deus quer para cada um de nós. Não sonhamos, não projectamos, não amamos se permanecemos fechados. Fechados aos dons que poderíamos desenvolver, às ajudas que existem quando as procuramos, no medo de não conseguir que atrofia a vontade de tentar, na “normalidade” que impede de ir mais além.

 

Todos somos atletas das olimpíadas da vida. Que pena quando deixamos de ouvir o nosso “treinador Jesus Cristo”. Aprendamos com a alegria partilhada dos atletas paralímpicos, não só quando se vence, mas sempre que se dá o máximo. E isso ajudará outros a abrirem-se também!

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