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Testemunho de paternidade - Parte 1
São José, padroeiro do nosso seminário!
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Inspirados pela Carta Apostólica Patris Corde do Papa Francisco, a Pastoral da Família dedica os próximos números do Familiarmente à memória de S. José e do testemunho de paternidade. Desejamos a aprofundar o sentido de ser Pai.

 

Após várias décadas sob a égide do Apóstolo dos gentios, no Seminário de São Paulo em Almada, quis Deus que os seminaristas do Patriarcado de Lisboa iniciassem o seu percurso de discernimento vocacional e de formação sacerdotal sob a protecção de São José, Padroeiro da Igreja Universal e do nosso Seminário. Sendo este tempo Propedêutico marcado pelo recolhimento interior, por meio do qual se procura crescer na descoberta de Deus, da Igreja e de si próprio à luz do Sonho de Deus, São José revela-se-nos como modelo profundamente inspirador na formação destes candidatos ao sacerdócio. Ele, figura perfeita do “Justo” de que nos falam as Escrituras vetero-testamentárias, é sinal de uma disponibilidade total aos desígnios insondáveis de Deus, mesmo no meio dos acontecimentos mais desconcertantes.

Em primeiro lugar, São José é para nós um modelo de vigilância aos sinais de Deus, atitude indispensável a quem se propõe fazer um caminho de discernimento. Diz-nos o Cardeal Ratzinger, numa homilia na Solenidade de São José, em 1992: “José dorme, é verdade, mas está simultaneamente disposto a ouvir a voz do anjo (cf. Mt 2,13ss). Parece depreender-se da cena o que o Cântico dos Cânticos tinha proclamado: eu dormia, mas o meu coração estava vigilante (Cf. Cânt 5,2). Os sentidos exteriores repousam, mas o fundo da alma pode ser tocado. (…) Nessa profundidade, a alma de qualquer homem pode encontrar-se com Deus. Nessa profundidade, Deus fala a cada um de nós e mostra-nos como está próximo”. Numa cultura que nos prende constantemente à exterioridade, e que nos vai alienando com tantas solicitações que nos embriagam os sentidos, importa aprende este sábio recolhimento que nos capacitará a ouvir a voz de Deus, qual Brisa Suave a sussurrar no mais íntimo de nós mesmos (Cf. 1 Re 19,9ss). Como continuava o Cardeal Ratzinger, na citada homilia, “esse José que dorme, mas que ao mesmo tempo está preparado para ouvir o que ecoe no seu íntimo e desde o alto é o homem em que se unem o recolhimento íntimo e a prontidão”. Só um coração que assim se aceita recolher voluntariamente aprenderá a conhecer-se verdadeiramente e a conhecer Aquele que o habita desde sempre.

E porque permanece vigilante à voz de Deus, São José é também para nós um modelo de obediência da fé. Discernindo a voz de Deus, entrega-se-Lhe total e livremente, prestando-lhe o obséquio pleno da inteligência e da vontade, e dando voluntário assentimento à Sua revelação. E embora não encontremos aqui uma resposta como a de Maria, aquando da anunciação do anjo, – “Eis a Serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a Tua Palavra”(Cf. Lc 1,38)-, reconhecemos a mesma atitude, pois o texto bíblico diz-nos simplesmente que José ao acordar do sono fez como o anjo lhe ordenara (Cf. Mt 1,18-25). Não tinha razões humanas ou certezas lógicas, mas confiou e ao confiar deixa-se envolver por um caminho totalmente novo, que dura a vida inteira, e que está muito longe do que ele tinha idealizado, programado ou calculado inicialmente. Toda a sua vida, de agora em diante, é a história de uma perfeita sintonia entre os desígnios de Deus e a sua liberdade, feita acolhimento sem reservas. Como diz o Papa Francisco, na Carta Apostólica Patris Corde, “em todas as circunstâncias da sua vida, José soube pronunciar o seu «fiat», como Maria na Anunciação e Jesus no Getsémani” (Patris Corde, 3). Também neste Seminário se procura educar para a obediência da fé, própria da vida filial, para que cada um não se deixe conduzir pelo que quer senão pelo que Deus quer, na certeza de que a vida não é algo que se possui e se guarda mas um dom em doação constante, na renúncia livre a si próprio. Aliás, viver assim outra coisa não é do que viver configurado com Cristo crucificado, que aprendeu a obediência no sofrimento, fazendo da Sua vida uma oblação de Amor: “Abbá, Pai! Tudo Te é possível; afasta de mim este cálice! Mas não se faça o que Eu quero mas o que Tu queres” (Cf. Mc 14,36). Numa cultura que nos estimula tantas vezes a um ideal de felicidade a partir da concretização de sonhos e projectos pessoais, muitas vezes auto-referenciados, São José interpela-nos assim a encontrar a paz e a alegria no esquecimento de si próprio, entregando a nossa vontade nas mãos de Deus para que Ele, na Sua infinita misericórdia, a purifique, alargue ou converta à dimensão ilimitada dos Seus próprios desígnios de Amor.

(Continua no próximo artigo do Familiarmente, na edição de 10 de outubro)

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