Mundo |
Rádio católica, apoiada pela Fundação AIS, e o fim da União Soviética
Revolução de Agosto
<<
1/
>>
Imagem

O mundo surpreendeu-se em Agosto de 1991 com a imagem extraordinária de um destemido homem em cima de um tanque na Praça Vermelha, em Moscovo, líder da resistência contra os comunistas da linha dura. O homem chamava-se Boris Ieltsin e estava a dar o golpe fatal para o regime soviético. Para a história desses dias, houve uma rádio clandestina apoiada pela Fundação AIS…

 

Quando os tanques do exército invadiram o centro de Moscovo, frente ao edifício do Parlamento, algo de muito grave estaria para acontecer. As notícias depressa confirmaram isso. O presidente da União Soviética, que a História irá lembrar como o pai da “perestroika”, tinha sido dispensado e um auto-proclamado Comité Estadual acabava de declarar o estado de emergência. Foi no dia 19 de Agosto de 1991.
Os responsáveis da linha dura do regime soviético terão acreditado que aquela manifestação de força seria suficiente para acabar de vez com as tentativas de abertura do regime encetadas por Mikhail Gorbatchov. O que provavelmente não imaginariam era a resposta de Boris Ieltsin, o então presidente da República Socialista Federativa Soviética da Rússia. Quando ele subiu para um dos tanques e ergueu a sua voz exigindo democracia estava a fazer História. Rapidamente tornou-se no porta-voz da revolta, no rosto da resistência, na esperança de um povo cansado de um regime gasto, corrupto e incompetente.

 

Um altifalante para a revolta

A batalha que se estava a travar era dura. Não havia tempo a perder. Boris Ieltsin poderia ter o apoio do povo mas precisava passar a sua mensagem. Não bastava gritar em cima de um tanque na Praça Vermelha. Era preciso chegar às pessoas. A todas as pessoas. Mas como, se o regime controlava os jornais e rádios, todos os meios de comunicação social? Nesse mesmo dia, no meio dos deputados do Parlamento russo, Ieltsin terá confidenciado que precisava de ter uma rádio, que precisava de ter um poderoso altifalante para que a revolta se transformasse em revolução e acabasse com a tirania do regime soviético. Foi nessa altura que se percebeu como era já significativo o trabalho que a Fundação AIS vinha desenvolvendo na união Soviética durante os tempos complexos da chamada Guerra Fria. Um deputado russo, Viktor Aksiutsjik, anunciou perante um estupefacto Boris Ieltsin que tinha acesso ao equipamento necessário para instalar uma rádio.

 

Microfones entre alfaces

O deputado era membro da direcção da estação Radio Blagovest, “Rádio Boa Nova”, uma emissora conjunta das Igrejas Católica e Ortodoxa na União Soviética com o apoio da Fundação AIS e de uma instituição holandesa. O projecto estava suspenso. Tinha esbarrado na recusa do Ministério das Comunicações. Sem licença para emitir não haveria rádio. Mas havia já o equipamento. Foi isso que Viktor Aksiutsjik explicou a Ieltsin. Foi então, numa operação digna de um filme de acção, que esse equipamento foi levado de um armazém em Moscovo onde estava escondido para o edifício do Parlamento, para dar voz à revolução. Volker Niggewöhner, do secretariado alemão da Fundação AIS, conta como tudo se passou. “Um camião da cantina do Parlamento foi enviado ao armazém para carregar e transportar o transmissor. Para garantir que a linha dura comunista não descobriria nada, o equipamento foi escondido entre alfaces, tomates e outros alimentos. Assim que o mensageiro regressou, os engenheiros instalaram o transmissor no edifício do Parlamento e a Força Aérea forneceu acesso a uma antena.”

 

Uma rádio com o apoio da AIS

Foi assim usando um microfone e o equipamento da rádio apoiada pela Fundação AIS que Boris Ieltsin conseguiu mobilizar o povo opondo-se com toda a determinação ao golpe comunista. Milhares de pessoas, escutando os seus apelos, encheram as ruas de Moscovo e deram um sinal inequívoco da vontade popular. O golpe terminou no dia 21 de Agosto. Foram dois dias que mudaram o mundo. O resto da História já se sabe. O desmoronamento da União Soviética era já imparável. Boris Ieltsin, que viu o seu prestígio reforçado, não se esqueceu do apoio que recebeu e concedeu a tão aguardada licença à rádio católica e ortodoxa para iniciar as suas emissões. Desde Setembro de 1991 que a Rádio Blagovest está no activo. Até hoje. Sempre com o apoio da Fundação AIS…

texto por Paulo Aido, Fundação Ajuda à Igreja que Sofre; foto por Almog
A OPINIÃO DE
Guilherme d'Oliveira Martins
Quando Jean Lacroix fala da força e das fraquezas da família alerta-nos para a necessidade de não considerar...
ver [+]

Tony Neves
É um título para encher os olhos e provocar apetite de leitura! Mas é verdade. Depois de ver do ar parte do Congo verde, aterrei em Brazzaville.
ver [+]

Tony Neves
O Gabão acolheu-me de braços e coração abertos, numa visita que foi estreia absoluta neste país da África central.
ver [+]

Pedro Vaz Patto
Impressiona como foi festejada a aprovação, por larga e transversal maioria de deputados e senadores,...
ver [+]

Visite a página online
do Patriarcado de Lisboa
EDIÇÕES ANTERIORES