Missão |
D. José Nambi, Bispo do Kuito ? Bié
A difícil Missão de Reconstruir
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Padre da Diocese de Benguela, viveria a ‘Batalha dos 55 Dias do Huambo’ como responsável dos Estudos no Seminário Maior do Huambo. Nomeado Bispo do Kuito-Bié, tomou conta da Diocese que mais sofreu com a guerra civil. É um ‘reconstrutor’ de corações e de estruturas. Passou em Lisboa a caminho de Roma para mais uma ‘Visita Ad Limina’.

 

De Benguela ao Huambo

Nasceu no planalto de Angola (Quinjenje) e cresceu no fim do tempo colonial. Fez a festa da independência em Benguela, mas cedo viveu os efeitos da guerra civil que, entretanto, foi alastrando pelo país acima e abaixo, vitimando sobretudo as povoações do interior.

A formação de futuros padres foi uma das missões mais importantes que a Igreja lhe confiou. Reconhecendo as suas qualidades de liderança, D. Óscar Braga, então Bispo de Benguela, nomeou-o Vigário Geral. E, sem que ninguém o previsse, o Bispo enviou-o ao Huambo, em 1990, para acompanhar as largas dezenas de seminaristas da Diocese que estudavam Filosofia e Teologia no Seminário Maior InterDiocesano de Cristo-Rei, no Huambo.

Foi lá que o conheci. Entre outras Missões, o P. Nambi era o responsável pelos Estudos e cabia-lhe a missão difícil de garantir que todas as cadeiras de Teologia e Filosofia estavam bem entregues. Era um trabalho de enorme responsabilidade e de extrema dificuldade, dado o facto do Huambo ser uma cidade cercada pela guerra e sem recursos humanos suficientes para prover de professores todas as disciplinas, do 1º ano de Filosofia ao 5º ano de Teologia. A sua simpatia e a sua capacidade de mobilizar foram decisivas para que, mesmo no período d que se seguiu à batalha do Huambo, o Seminário tivesse aulas.

 

A Batalha dos 55 Dias

1993 está marcado no coração do P. José Nambi como em todos os corações de quantos lá viviam. A 9 de Janeiro começaram os combates da batalha que foi descrita como ‘o inferno na terra’ ou ‘a batalha mais dura depois da 2ª grande guerra mundial’. Casa a casa, tudo foi destruído até ao dia 6 de Março, data do fim da ‘batalha dos 55 dias’ que arrasou por completo a cidade. A partir desta data, a UNITA tomou conta da cidade, o que deu direito a bombardeamentos aéreos quase diários, o que semeou um rasto de morte e destruição enormes.

O P. Nambi, que permaneceu sempre com os seminaristas no Cristo-Rei, foi o homem da reconstrução. O Seminário Maior fica perto do Palácio do Governador e dos edifícios do Governo, pelo que foi palco de ferozes combates e bombardeamentos. No fim da batalha, o edifício quase não tinha vidros nem telhas e a chuva entrava em todo o lado. Pude ver, tantas vezes, o P. Nambi em cima do telhado a tentar recompor algumas partes para evitar que a chuva entrasse na biblioteca, nos dormitórios ou nas salas de aulas. Também é da sua responsabilidade o recomeço possível das aulas para ‘ocupar’ os muitos seminaristas e ‘capitalizar’ a utilização do seu tempo.

 

Finalmente, o Kuito-Bié

Entretanto, é nomeado para o Kuito Bié (ex- Silva Porto), como Bispo (Coadjutor em 1996, titular em 1997) e lá encontra uma terra destruída pela guerra, com muita gente deslocada, com as estradas intransitáveis, com os campos cheios de minas, com as populações empobrecidas pela guerra e pelo isolamento a que foram votadas. As estruturas da Igreja estavam todas destruídas. Até o Paço tinha sido saqueado e queimado e da Sé catedral sobrava apenas a torre sineira…

 

A Missão de ‘Reconstruir’

‘Reconstruir’ foi a palavra chave do início do seu ministério de Bispo. Lançou mãos á obra na reconstrução das estruturas físicas, mas o mais decisivo do seu trabalho foi a ‘reconstrução de corações’. Foi reabrindo Missão após Missão e foi visitando as comunidades que, anos a fio, não viram Padre, Irmã ou Bispo por ali perto. Hoje, todas as paróquias e missões têm Padre ou irmãs a residir a garantir uma pastoral de continuidade.

Outra aposta importante foi na formação dos futuros Padres. Reabilitou o Seminário Diocesano e hoje consegue ordenar Padres todos os anos, fortalecendo o clero e enviando pastores para as muitas comunidades de uma Diocese com território muito vasto.

O trabalho social também faz parte das opções de fundo de D. Nambi. A Caritas Diocesana tem sido incansável no apoio aos mais pobres.

Passou por Lisboa, a caminho de Roma, para a Visita Ad Limina. Em inícios de Novembro, todos os Bispos da Conferência Episcopal de Angola e S. Tomé (CEAST) estarão em Fátima para o seu Retiro anual, orientado por D. José Manuel Cordeiro.

 

 

PERFIL

 

1949 – Nascimento em Quinjenje

1976 – Ordenação Presbiteral em Benguela

1979-84 – Licenciatura em Teologia e Catequética em Roma

1987 – Vigário-Geral de Benguela

1990 – Missão no Huambo

1996 – Bispo Coadjutor do Kuito-Bié

1997 – Bispo do Kuito-Bié

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