Lisboa |
Póvoa da Galega vive dia histórico com bênção da igreja
Uma Casa entre as casas
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Diziam que era um projeto com 20 anos, mas para o senhor Américo, que cedeu os terrenos onde está situada a nova igreja da Póvoa da Galega (Mafra), o sonho tem já 70 anos! A igreja de Nossa Senhora do Bom Sucesso vai estar de portas abertas e ser uma Casa entre as casas, como pediu o Patriarca de Lisboa na bênção do novo templo.

 

No final da celebração de bênção da igreja e dedicação do altar, e após os discursos habituais nestas ocasiões, o senhor Américo Lopes, homem que doou o terreno onde está localizada a igreja da Póvoa da Galega, levanta-se do seu lugar, emocionado, dirige-se ao ambão, e assegura: “O sonho desta igreja não tem 20 anos… tem 70! Foi há 70 anos, numa segunda-feira, exatamente neste local onde hoje está a igreja, que pensei que a Póvoa da Galega já há muito tempo que merecia uma igreja! Na véspera, Domingo, a minha mulher e as minhas irmãs, juntamente com muitas pessoas da terra, tinham ido à Missa ao Milharado e no regresso, com as primeiras chuvas de setembro, chegaram todas encharcadas. Pensei desde logo: ‘Será que este local, aqui, daria para fazer uma igreja?’”. A verdade é que deu e hoje, passadas sete décadas dessa segunda-feira em que o sonho nasceu, a Póvoa da Galega benzeu a sua igreja. Foi no passado Domingo, dia 15 de setembro de 2013, data que foi de festa para esta terra. “A bênção da igreja foi a festa mais importante da Póvoa da Galega! Pelo menos, é o dia que mais diz às pessoas! Pode-se inaugurar outras obras, mas não volta a haver uma obra em que as pessoas tenham participado tanto!”. As palavras são de Abílio Delgado, primo do senhor Américo e que está, desde o primeiro dia, envolvido no projeto de construção da igreja da Póvoa da Galega. Ao Jornal VOZ DA VERDADE, Abílio destaca o envolvimento de toda a terra na construção do templo. “Houve uma mobilização geral, mesmo de pessoas que não frequentam a Igreja, que nunca entraram numa igreja ou foram a uma Missa, mas que com esta obra sentiram que isto era seu!”. Salientando ser “muito importante” a construção desta obra, “desde logo porque a Póvoa quadruplicou a população nos últimos quinze, vinte anos”, Abílio Delgado considera que a igreja pode ter um papel importante na evangelização da Póvoa da Galega. “É curioso verificar que à medida que as obras iam avançando, as pessoas começaram a vir à Missa. Umas porque diziam que vinham ver, outras porque se sentiam bem, mas a verdade é que começaram a vir. As pessoas estão encantadas, gostam muito da sua igreja”, observa, mostrando-se satisfeito com a presença das pessoas: “Temos 300 lugares sentados, e outros tantos de pé, e graças a Deus a igreja já não é grande!”.

 

Crescer, mas onde celebrar?

A Póvoa da Galega é um dos nove lugares da paróquia do Milharado, Mafra. É uma terra que durante a década de 80 teve uma crescente importância económica, sobretudo devido ao negócio de abate e transformação de carne suína. “A Póvoa da Galega é o lugar maior da paróquia do Milharado, que tem crescido nos últimos anos com a construção de alguns prédios. Antigamente, era um lugar grande, mas com pouca gente, e foi crescendo com a chegada de pessoas que procuravam trabalho nos matadouros”, refere ao Jornal VOZ DA VERDADE o pároco, padre Paulo Serra. Nestes últimos anos, e com a construção da autoestrada, “tem chegado muita gente de Lisboa”, que vem morar para uma zona rural, ficando a menos de trinta minutos da capital.

Apesar do desenvolvimento e do crescimento económico e populacional, a Póvoa da Galega nunca teve uma igreja. Para celebrar a fé, o povo tinha duas opções: ou ia à Missa a uma pequena capela, privada, onde cabem apenas cerca de trinta, quarenta pessoas, ou tinha de se deslocar até à igreja paroquial no Milharado, situada a cerca de três quilómetros. Nascia por isso, entre a população, o desejo de construir uma igreja. Até porque esta, segundo o pároco, é uma comunidade “muito viva e dinâmica”. “É um povo trabalhador, que vive muito na descoberta da iniciação cristã. O ritmo da paróquia do Milharado, marcado pelas Comunidades Neocatecumenais, vive muito nessa redescoberta da iniciação cristã”, salienta o padre Paulo Serra.

 

Primeiras celebrações no ‘meio’ do cimento

O projeto, propriamente dito, da igreja da Póvoa da Galega começou há cerca de 20 anos, no tempo em que era pároco o padre João Marcos. “Na altura em que o terreno foi cedido, pelo senhor Américo Lopes, foi colocada uma grande cruz de madeira. Começou-se então a pensar no projeto”, conta o padre Paulo Serra, que chegou à paróquia do Milharado há oito anos e herdou o projeto de construção de uma igreja para a Póvoa da Galega. “Quando cheguei, em 2005, a igreja já tinha sido começada. Estavam os pilares em pé, mas não havia dinheiro para continuar”, lembra. Havia, por isso, que tomar medidas. “Reuni a população, e pensámos pedir dinheiro emprestado para acabar, pelo menos, a placa, ou seja, a parte de cima da igreja. E assim avançaram as obras!”.

Depois de colocada a cruz em madeira no terreno, aquando da cedência do mesmo, a primeira pedra da nova igreja foi benzida em 15 de setembro de 2002, pelo então pároco, padre Paulo Franco. Três anos depois, quando chegou à Póvoa da Galega, o padre Paulo Serra celebrou pela primeira vez naquele espaço em construção. Foi no terceiro Domingo de setembro de 2005. “Estava tudo em cimento e a parede em tijolo. Não havia quase condições nenhumas, mas celebrámos e a igreja encheu! No ano seguinte voltei a fazer a festa, já com luz elétrica e pensei: ‘Por que não começar a celebrar aqui, como está?’. Começámos a celebrar, ao Domingo à tarde, e a igreja sempre cheia! Comprámos 300 cadeiras de plástico e mesmo assim havia por vezes gente em pé! Isto mostra que a construção de uma igreja era uma necessidade na Póvoa da Galega”. Mas nem sempre foi assim. Entre a população, apesar do desejo de ter uma igreja na Póvoa, havia também quem desconfiasse da necessidade da obra. “Eu ia celebrar à capela, com trinta, quarenta pessoas, e ninguém acreditava que a nova igreja pudesse encher… mesmo as pessoas da comissão, que andavam a trabalhar nisto, achavam a igreja muito grande, mas hoje já vimos que é pequena, que os 300 lugares sentados ficam cheios! Por aqui se vê o crescimento e a importância da nova igreja”, observa.

 

Mobilizar para pagar

Para levar a obra por diante, o padre Paulo Serra pediu a ajuda de todas as pessoas da Póvoa da Galega. “Foi organizada uma quotização fixa mensal, em que cada pessoa se comprometeu a dar um valor por mês; a paróquia tem também organizado peditórios porta-a-porta e as pessoas vão contribuindo todos os meses”. Paralelamente, não podiam faltar as iguarias que foram ajudando nas despesas. “As pessoas fizeram broas, filhoses, bolos, almoços, rifas… organizámos também peregrinações a Fátima. À medida que era possível, e que havia dinheiro, fomos construindo”, refere o pároco. “Foram oito anos assim, em especial nestes últimos três, quatro anos, com um ritmo mais intenso. As pessoas continuam a colaborar, continuam a dar. É impressionante o modo como se entregam”, frisa, orgulhoso, o padre Paulo Serra, salientando a importância de fazer caminho em Igreja: “Vejo aqui uma metáfora, na construção da igreja com a própria Igreja, que somos nós, no sentido de que o Senhor pega naquilo que é muito ‘tosco’, que é cada um de nós, e vai embelezando e trabalhando! E o produto final é sempre bom!”.

 

A Casa do Pai

A igreja da Póvoa da Galega foi benzida pelo Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, que sublinhou a importância da presença de Jesus nesta comunidade. “Hoje é dia de festa! Hoje abrimos aqui uma porta grande, que nunca mais fechará – mesmo que materialmente se feche por algumas horas – para que as coisas de Cristo continuem a acontecer na Póvoa da Galega e em todo o lado, de onde as pessoas vierem ou para onde as pessoas partirem”.

Nesta celebração em que benzeu a igreja e dedicou o altar, D. Manuel Clemente lembrou o Evangelho daquele Domingo, sobre a parábola do filho pródigo ou, como lhe chamou, a parábola “do pai misericordioso”. “Caros amigos, nós estamos a dedicar esta Casa. E se o templo cristão para alguma coisa serve, é para isto mesmo: para lembrar a misericórdia de Deus e da Casa do Pai, como sinal, no meio das nossas casas e das nossas terras”. Neste sentido, acentuou a importância da nova igreja para a evangelização: “Paróquia é uma palavra muito bonita, que quer dizer ‘entre as casas’. É uma Casa entre as casas! E este templo também é uma Casa entre as casas! Mas é a Casa do nosso Pai! Aquele Pai que Jesus Cristo quis partilhar connosco! Esta Casa é o sinal da Casa do Pai no meio das vossas casas”.

 

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Bom Sucesso… no parto

A igreja da Póvoa da Galega tem como orago Nossa Senhora do Bom Sucesso. “As pessoas mais antigas dizem que é Nossa Senhora do Bom Sucesso do Parto. Antigamente, quando as mães estavam grávidas e estavam para ter o bebé, as pessoas iam buscar o manto à igreja e colocavam sobre a barriga das mães para ter bom sucesso no parto”, conta o padre Paulo.

Na igreja da Póvoa da Galega, a imagem de Nossa Senhora do Bom Sucesso é uma imagem pequena, de cerca de 30 centímetros, e é também a única presente neste novo templo.

texto e fotos por Diogo Paiva Brandão
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