Papa |
A uma janela de Roma
“Estrada dos empréstimos e dos débitos nunca mais acaba”
<<
1/
>>
Imagem

O Papa Francisco distribui responsabilidades na situação difícil que a Grécia atravessa. “Seria demasiado simples dizer que a culpa está só de um lado”. Francisco voltou a falar aos jornalistas a bordo do avião, no regresso a Roma, após a viagem à América Latina. A Santa Sé considerou positivo o acordo sobre o programa nuclear iraniano.

 

1. O Papa Francisco considerou que Grécia e os credores internacionais partilham responsabilidades na situação difícil em que se encontra o país, mas apelou a que se encontre uma solução porque “a estrada dos empréstimos e dos débitos, afinal, nunca mais acaba”. “Sobre a Grécia e o sistema internacional, eu não percebo bem como são as coisas, mas seria demasiado simples dizer que a culpa está só de um lado. Os governantes gregos que levaram a esta situação de débito internacional também têm responsabilidade. O novo governo grego já começou a fazer uma justa revisão”, afirmou Francisco, a bordo do avião que o transportou de regresso a Roma, depois de uma visita à América Latina. “Faço votos para que encontrem uma estrada para resolver o problema grego e também uma estrada de vigilância para que outros países não caiam no mesmo problema. Porque a estrada dos empréstimos e dos débitos, afinal, nunca mais acaba”, garantiu.

Recorde-se que o acordo fechado esta segunda-feira, dia 13 de julho, na cimeira da zona euro para avançar com um terceiro programa de resgate à Grécia impõe mais austeridade a Atenas, com calendários a curto prazo.

 

2. O Papa Francisco regressou ao Vaticano na segunda-feira, dia 13, depois da sua visita à América Latina, visitando o Equador, a Bolívia e o Paraguai, e durante a viagem, como habitualmente, respondeu às perguntas dos jornalistas. O Papa afirmou que “a Igreja latino-americana tem uma grande riqueza: é uma Igreja jovem e é isso que nós devemos aprender e corrigir, e estes povos jovens dão-nos força nisto”. Respondendo a uma pergunta sobre a próxima viagem a Cuba e EUA, Francisco afirmou não ter havido propriamente uma mediação do Vaticano, no acordo entre os dois países, mas algumas pequenas ações concretas. O mérito é da boa vontade dos dois países:

“ Não foi uma mediação, foi a boa vontade dos dois países, o mérito é deles, nós não fizemos quase nada”.

Sobre o presente recebido do presidente da Bolívia, Evo Morales, que representa uma foice e um martelo com um crucifixo cravado no meio dessa peça, o Santo Padre reafirmou tratar-se de uma obra do padre Espinal. “É uma arte de protesto, mas que eu não conhecia e não me ofende”, afirmou o Papa, explicando que o padre Espinal era escultor e poeta e que perfilhava uma das linhas da Teologia da Libertação, das várias que havia nos anos 70 e 80 e que fazia “uma análise marxista da realidade”.

 

3. O porta-voz do Vaticano fez um balanço da visita do Papa à América Latina. O padre Federico Lombardi diz que “foi [deixada] uma mensagem intencionalmente muito construtiva”, mas que lembrou “que há muitos problemas para resolver”. “A atitude do Papa foi muito positiva para o futuro destes povos. Foi uma perspetiva que não nega e até afirma que há muitos problemas para resolver, em particular, todos os aspetos da pobreza”, disse o padre Federico Lombardi.

O porta-voz da Santa Sé acrescenta que “não houve um confronto crítico, duro, com as autoridades, mas foi incentivar mudanças com decisão e recusar a corrupção, sempre com a ideia de que se pode avançar na construção da democracia participativa e na participação solidária de todos na construção da sociedade”. “Foi uma mensagem intencionalmente muito construtiva”, referiu.

Lombardi reafirma que “o povo sabe que o Papa não vai ter as soluções para todos os problemas, mas dá uma orientação, uma inspiração e uma solidariedade que é muito importante e que pode ajudar a pôr em marcha iniciativas para uma melhor justiça nos diferentes países”.

 

4. O acordo assinado nesta terça-feira, dia 14, sobre o programa nuclear iraniano é visto como positivo pela Santa Sé, segundo afirmou o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé. O padre Lombardi afirma ainda que se trata de “um resultado importante das negociações realizadas até agora, mas que requer a continuação dos esforços e do compromisso de todos para que possa dar os seus frutos. Frutos que se deseja que não se limitem apenas ao campo do programa nuclear, mas que se expandam também noutras direções”.

Entretanto, o observador permanente da Santa Sé junto da ONU, em Genebra, D. Silvano Maria Tomasi, contactado pela Rádio Vaticano, considerou ver que “a razão e a boa vontade podem levar a um compromisso político, pode abrir caminhos de esperança”. Referiu também que pode ser um sinal para a procura de diálogo para a paz na Síria. “Nas dificuldades atuais que vemos em várias partes do mundo, onde está a explodir continuamente a violência, ver a paciência e a utilização da razão e da boa vontade para levar em frente um compromisso político e operativo pode, verdadeiramente, abrir a estrada a uma esperança que também outras situações escabrosas possam encontrar uma solução. O facto que os membros do Conselho de Segurança e o Irão tenham assinado um acordo, que de certo modo acomoda os interesses das duas partes, parece-me um grande passo em frente. Especialmente, porque indica, antes de mais, que o diálogo é vencedor sobre a violência e, em segundo lugar, que há a esperança, que agora, de qualquer modo, nos possa levar em frente no esforço de encontrar um modo para pôr fim à violência na Síria. A ideia é que o Irão é uma parte integrante do diálogo e da negociação que pode levar à paz ou, pelo menos, à cessação imediata da violência no Médio Oriente e, em particular, naquilo que diz respeito à Síria, encontrar uma resposta comum, coordenada e razoável da parte da comunidade internacional ao misterioso Estado Islâmico, que leva só mal e consequências negativas não só na região, mas também em outras partes do mundo”, referiu.

Aura Miguel à conversa com Diogo Paiva Brandão
A OPINIÃO DE
Guilherme d'Oliveira Martins
Quando Jean Lacroix fala da força e das fraquezas da família alerta-nos para a necessidade de não considerar...
ver [+]

Tony Neves
É um título para encher os olhos e provocar apetite de leitura! Mas é verdade. Depois de ver do ar parte do Congo verde, aterrei em Brazzaville.
ver [+]

Tony Neves
O Gabão acolheu-me de braços e coração abertos, numa visita que foi estreia absoluta neste país da África central.
ver [+]

Pedro Vaz Patto
Impressiona como foi festejada a aprovação, por larga e transversal maioria de deputados e senadores,...
ver [+]

Visite a página online
do Patriarcado de Lisboa
EDIÇÕES ANTERIORES