A paróquia da Ajuda está inserida na segunda freguesia de Lisboa mais envelhecida e faz do apoio aos idosos uma prioridade. Esta paróquia da cidade recebeu a Visita Pastoral, com D. José Traquina, Bispo Auxiliar de Lisboa, a apelar à “consciência de missão” da juventude.

A paróquia de Nossa Senhora da Ajuda recebeu, entre os dias 27 de fevereiro e 6 de março, a Visita Pastoral, que segundo o pároco procurou transmitir a D. José Traquina a realidade cristã da paróquia. “Foi muito bom o tempo que o senhor D. José passou na paróquia. Quando anunciámos a Visita Pastoral, as pessoas ficaram muito entusiasmadas e prepararam-se de forma a transmitir ao Bispo o que é a paróquia”, salienta ao Jornal VOZ DA VERDADE o padre Francisco Duarte dos Santos. Este sacerdote revela que, por ocasião da Visita Pastoral, a paróquia preparou uma exposição, patente numa sala junto à igreja paroquial, com todas as informações acerca da presença de Cristo nesta zona da cidade de Lisboa.“Organizou-se uma exposição ampla, com dados históricos da paróquia da Ajuda, com os diversos movimentos e obras, numa iniciativa que moveu muita gente. Cada grupo preparou um placard sobre a sua atividade, de modo a dar a conhecer a vida da paróquia não só ao D. José mas também à própria comunidade”, descreve o pároco.

A vontade de Deus

Presente na paróquia da Ajuda desde 1973 – primeiro como coadjutor do padre José Bernardo Gonçalves e, desde setembro de 2005, como pároco –, o padre Francisco, de 77 anos, viveu os primeiros dez anos de sacerdócio nas Caldas da Rainha, onde foi professor no colégio Ramalho Ortigão. “Quando vim para a Ajuda, no tempo do Cardeal Ribeiro, fui professor também em Lisboa o que foi muito interessante em termos pastorais porque muitos dos meus alunos eram também paroquianos”, conta o sacerdote, que foi professor de Moral durante oito anos e docente de Filosofia e de Psicologia ao longo de mais de três décadas.

No primeiro dia da Visita Pastoral, a 27 de fevereiro, o pároco da Ajuda promoveu um encontro com todos os jovens da paróquia, desde os do grupo juvenil, aos adolescentes da catequese, passando pelos escuteiros, acólitos, cantores, entre outros. “Foi o primeiro ‘ato oficial’ da visita e reuniu mais de 100 jovens! O senhor D. José respondeu a várias perguntas e ficou logo ali uma grande empatia”, assegura este sacerdote, contando um episódio que marcou, desde logo, os jovens: “Os escuteiros, como têm sempre a sua Missa no Domingo às 9h30, convidaram o Bispo para presidir a essa Eucaristia no fim-de-semana seguinte, o que não estava previsto no programa. O senhor D. José Traquina acedeu de imediato e celebrou com os escuteiros, que ficaram muito contentes”.

Os crismandos tiveram também um encontro, na tarde do passado sábado, dia 5 de março, com o Bispo Auxiliar de Lisboa a enaltecer “a figura de Nosso Senhor Jesus Cristo”. “É uma referência fundamental que nos distingue, a nós cristãos”, observou o prelado. Na igreja da Ajuda, D. José Traquina lembrou que “Deus é Pai” e pediu, aos jovens e adultos que ia crismar no dia seguinte, “consciência de missão”. “Um desafio que vos deixo é perceberem o que Deus quer da vida de cada um. Um cristão é aquele que se coloca nessa atitude, de descobrir a vontade de Deus na sua vida”, lembrou.

Simplicidade e proximidade

Esta é uma paróquia com mais de 420 anos, cuja igreja paroquial é classificada como Monumento de Interesse Público. A paróquia da Ajuda tem ainda mais três lugares de culto: no Bairro da Casalinho, no Bairro 2 de Maio e no Bairro do Caramão. “São três grandes bairros, na zona mais periférica da paróquia, e há que atender a estes lugares, porque a verdade é que as pessoas estão muito arreigadas e não querem deixar a sua capela. Alguns dos lugares têm catequese, além das festas. Nós lutamos para que não sejam ‘outra’ paróquia, mas eles puxam sempre a brasa à sua sardinha”, frisa o padre Francisco Duarte dos Santos.

A este propósito, o pároco da Ajuda recorda a insistência das pessoas do Bairro do Caramão para terem a sua capela. “Quando o senhor D. Albino Cleto, então Bispo Auxiliar de Lisboa, na Visita Pastoral de há 19 anos visitou o Bairro do Caramão, as pessoas só se lamentavam da falta de uma capela… O D. Albino foi ter com o pároco, o padre Zé, que lhe disse já não ter força para a obra, ao que o Bispo lhe entregou, salvo erro, 500 contos do seu bolso, uma quantia enorme, para a construção da capela no Bairro do Caramão. Este foi o episódio que despoletou a obra!”, conta o padre Francisco.

Durante a Visita Pastoral de D. José Traquina, os três bairros “organizaram celebrações e convívios, para que as pessoas pudessem, à volta da mesma mesa, conversar umas com as outras e com o Bispo”. “Houve uma boa aproximação, o senhor D. José também é uma pessoa muito simples, muito próxima, o que permitiu isso”, assegura o pároco da Ajuda. “Tivemos gente a perguntar ao senhor Bispo quando é que vinha mais vezes à paróquia”, acrescenta, lembrando que, nos últimos anos, “a presença dos Bispos na paróquia da Ajuda ‘limitou-se’ à celebração do Crisma e pouco mais”. “A Visita Pastoral foi realmente uma presença muito simples, muito próxima. Foi muito rica, permitiu que as pessoas conversassem com o Bispo, mostrassem a alegria pelo que têm e exprimissem também as suas dificuldades”, conta o padre Francisco.

Uma paróquia fora da cidade

A paróquia da Ajuda caracteriza-se por ter “um conjunto grande de bairros, alguns muito antigos”. “Antigamente, até cerca dos anos 60, esta era uma paróquia fora da cidade, para onde vinham os imigrantes de todo o país. Era gente que ia trabalhar para Lisboa mas que vinha morar para a Ajuda e trazia muitos dos seus costumes. O Bairro do Caramão, por exemplo, foi feito para albergar os imigrantes que vinham da província. Tanto que fizeram as casas todas iguais, e do mesmo modelo, com um quintal para eles poderem continuar a cultivar o que tinham na aldeia”, descreve o pároco da Ajuda, apontando que, nesse tempo, “o bairro foi construído muito longe do centro da cidade de Lisboa, de forma a criar um ambiente sossegado, de aldeia”.

Já o Bairro 2 de Maio, “um grande bairro”, era uma zona com “muitas barracas” e “quando foi o 25 de abril não estava ainda acabado”, recorda o pároco. “Tornou-se num bairro problemático, com droga, mas a Igreja tem lá a sua capela, um espaço polivalente”, refere.

Nos dias de hoje, o padre Francisco considera que a Ajuda “vive num ambiente simples, popular”. “Esta é uma zona da cidade que, comparativamente com Belém, que é aqui ao lado, é muito diferente. Na Ajuda há 18 clubes e há proximidade entre todos, assim como há muitas tradições”.

Renovação

Presente na paróquia de Nossa Senhora da Ajuda há 43 anos, o pároco sublinha que esta paróquia da cidade perdeu, nas últimas décadas, mais de dez mil pessoas. “Quando dantes havia cerca de 26 mil pessoas, agora anda pelas 15-16 mil. É uma diferença muito grande”, realça. O envelhecimento da população é, por isso, uma das maiores problemáticas desta freguesia da cidade. “É considerada a segunda freguesia de Lisboa mais envelhecida. A população não se renovou, primeiro porque não havia casas, e os novos que casavam iam para a periferia, como Queluz ou Massamá; depois, porque muitos dos que vieram há 50 anos para cá trabalhar não voltaram à sua aldeia quando se reformaram”, descreve o padre Francisco, sublinhando a importância da ação sociocaritativa da Igreja: “Temos uma ação social bastante intensa, já há muito tempo, que vai ao encontro daquilo que as pessoas precisam. É lar, é centro de dia, é apoio domiciliário, é convívio, é todo o apoio que podemos dar aos idosos, que estão muito abandonados, sem ninguém. Este apoio aos idosos é prioritário na nossa ação social! O refeitório, por exemplo, confeciona, por dia, mais de 300 refeições”.

Para este sacerdote, o principal desafio da paróquia da Ajuda é “a renovação em termos humanos, que é muito difícil”. “Não se constroem muitas casas nesta zona e as que se constroem são para gente muito rica. E essas pessoas que chegam, depois também não se integram muito bem”, refere. O desafio para os mais novos, “que ainda há”, no entender do pároco da Ajuda, é “que se revitalizem”. “É gente com outra cultura, que já estudou, tirou os seus cursos, e são eles que têm de renovar a comunidade. E há esperança, temos gente muito jovem a dar um contributo muito grande à animação da paróquia”, assegura o padre Francisco Duarte dos Santos.

______________

Dia Vicarial da Misericórdia

A Vigararia Lisboa III organiza, na próxima sexta-feira, dia 18 de março, na Basílica da Estrela, o Dia Vicarial da Misericórdia. Desde as 8h30, e até às 18h00, haverá adoração do Santíssimo Sacramento e confissões. A partir das 21h30, há celebração penitencial com confissões individuais.

______________

São Tomás de Aquino: 25 anos do centro social paroquial marcaram a Visita Pastoral

A paróquia de São Tomás de Aquino de Luz Sul recebeu, de 1 a 6 de março, a Visita Pastoral de D. Nuno Brás, Bispo Auxiliar de Lisboa, destacando-se a visita aos utentes do Centro Social Paroquial São Tomás de Aquino, instituição que este ano cumpre 25 anos. Houve ainda a apresentação dos grupos juvenis, numa atividade ao ar livre junto da igreja paroquial, os encontros com a animação litúrgica, a catequese, o lanche e diálogo com os voluntários de vários grupos e a visita aos doentes. Ao longo dos seis dias de Visita Pastoral, D. Nuno Brás visitou ainda as comunidades de São João de Deus e dos missionários do Verbo Divino, que estão situadas no espaço geográfico da paróquia de São Tomás de Aquino.

______________

Lapa recebeu Visita Pastoral com desafios à proximidade

No encerramento da Visita Pastoral à paróquia de Nossa Senhora da Lapa, que decorreu de 1 a 6 de março, o Bispo Auxiliar de Lisboa D. Joaquim Mendes exortou esta comunidade a fazer-se próxima dos necessitados. “Não tenhamos medo de olhar e ver, de nos fazermos próximos, de sermos samaritanos daqueles que encontramos no nosso caminho, dos que vivem no mesmo prédio ou na mesma rua e precisam de alguém que os cuide”, convidou o prelado, na celebração na Basílica da Estrela, no passado Domingo.

______________

Visita Pastoral a São Domingos de Benfica

De 23 a 28 de fevereiro, a paróquia de São Domingos de Benfica, confiada à Ordem dos Frades Dominicanos, recebeu também a Visita Pastoral de D. Nuno Brás, Bispo Auxiliar de Lisboa.