Lisboa |
Congresso das Associações de Profissionais Católicos
“A urgência de fermentação evangélica nos meios socioprofissionais”
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Foi um encontro inédito, que excedeu as expectativas da organização. Aos membros das associações profissionais católicas da Diocese de Lisboa, que refletiram sobre a encíclica Laudato Si’, o Cardeal-Patriarca convidou-os a serem “fermento na massa” para levarem Cristo aos seus meios profissionais.

 

O Congresso das Associações de Profissionais Católicos, que decorreu no contexto da comemoração do tricentenário da qualificação Patriarcal da Diocese de Lisboa – atribuído pelo “esforço missionário” que partira de Lisboa –, “relança” os profissionais católicos “em nova evangelização, dirigida a cada meio sociocultural e profissional, para levar a todos a plenitude evangélica da vida”, observou o Cardeal-Patriarca de Lisboa, nas conclusões do encontro que impulsionou os profissionais católicos a “prosseguir sempre mais”, em conjunto.

O Auditório Cardeal Medeiros, na Universidade Católica, em Lisboa, recebeu, no passado sábado, 5 de novembro, mais de duas centenas de profissionais católicos, de vários setores, que, juntos, refletiram sobre a carta encíclica Laudato Si’, do Papa Francisco. Ao longo do dia, as intervenções das diferentes associações foram divididas em três painéis de debate: a Vida, o Trabalho, a Relação, procurando responder à preocupação: ‘Que tipo de mundo queremos deixar a quem vai suceder-nos, às crianças que estão a crescer?’.

 

Alargar o Reino

Neste “primeiro de muitos outros congressos” que se ambicionam no futuro, foram escutados vários testemunhos com ‘ensaios’ de como se vive a fé na atividade profissional. “Cristo quer-nos como ‘fermento na massa’, único modo de alargar o seu Reino. Durante o congresso foi bom ouvir testemunhos concretos do que vai acontecendo e crescendo. Ficamos ativamente esperançosos e ainda mais comprometidos para que tais testemunhos aumentem, cheios de experiências práticas e positivas de evangelização profissional, empresarial ou equivalente”, sublinhou D. Manuel Clemente.

Aos membros das associações profissionais diocesanas, e a todos os restantes participantes que estiveram presentes na Universidade Católica, o Cardeal-Patriarca de Lisboa manifestou “sentir e ouvir” a vontade dos profissionais de “continuarem a reunir-se, convictos como estão da urgência de fermentação evangélica nos respetivos meios socioprofissionais, com avanços necessários de solidariedade e justiça no trabalho e nas relações empresariais e congéneres”.

Partilhar “uns com os outros, ramo a ramo e no conjunto, o trabalho que desenvolvem, tanto no que já conseguem como no que ainda os aguarda” é, para D. Manuel Clemente, a forma de se reforçar as Associações de Profissionais Católicos e de se criarem outras que “ainda faltam”, para “cobrir o vasto leque socioprofissional da atualidade”.

 

Vida em agradecimento

No discurso de abertura, proferido por Henrique Leitão, vencedor do Prémio Pessoa em 2014, foi destacada, a partir da pobreza de São Francisco de Assis e do seu “encantamento e respeito pela beleza do mundo natural”, a intenção do Papa Francisco no que se refere ao ‘cuidado pela casa comum’. “O que o Papa Francisco nos vem recordar é que a única maneira de cuidarmos desta ‘casa comum’ – os bens, os recursos, a  natureza da terra – é se os olharmos e os usarmos como um coração de um pobre, que sabe que tudo lhe foi dado, que não tem a sua esperança e o seu coração colocado nas coisas que passam e que usa de tudo com aquela alegria, aquela liberdade e aquele respeito de um verdadeiro pobre que sabe que em tudo depende radicalmente de Deus”, referiu o professor e historiador científico.

Para Henrique Leitão, o profissional católico “não se distingue por ter uma ética especial, nem sequer por defender um certo conjunto de valores”. “Aquilo que o distingue é o facto de transportar consigo uma vida vivida no permanente espanto e no contínuo agradecimento por ter sido cumulado de bens, totalmente imerecidos”, sublinhou o historiador, afirmando que “a disponibilidade e atenção para os outros, a construção de sociedades mais justas que não contenham um desejo de domínio, o respeito pela natureza, nascem, sobretudo, de um coração que vive, na consciência da sua absoluta e total pobreza, diante de Deus. É disto que a Encíclica Laudato Si’ fala”, concluiu.

 

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‘QUE TIPO DE MUNDO QUEREMOS DEIXAR A QUEM VAI SUCEDER-NOS, ÀS CRIANÇAS QUE ESTÃO A CRESCER?’

 

Painel A VIDA

“Procurar caminhos está inscrito na nossa natureza. É como se houvesse uma certa naturalidade em procurar. Quem procura é quem tem esperança.”

Joana Tinoco de Faria, Associação dos Psicólogos Católicos

 

“O genoma humano representa a identidade biológica do ser humano, mas não nos determina. (...) O ser biológico não pode ser separado do ser espiritual.”

Nuno Santos, Associação de Farmacêuticos Católicos

 

“O sentido da responsabilidade pela felicidade do outro situa-nos na proximidade privilegiada da relação que estabelecemos enquanto profissionais de saúde.”

Andreia Silva da Costa, Associação Católica de Enfermeiros e Profissionais de Saúde

 

“Um médico católico deve ter, no seu trabalho, uma opção preferencial pelos mais pobres. Cada um encontrará como é que isso se concretizará.”

Alexandra Silva, Associação dos Médicos Católicos

 

 

Painel O TRABALHO

“É difícil os jovens perceberem que se pode falar sobre trabalho no seio da Igreja.”

Lisandra Rodrigues, Juventude Operária Católica

 

“A dignidade do trabalho é a dignidade da pessoa e o dever de trabalhar está relacionado com o dever de sustentar a família.”

Jacinto Filipe, Ação Católica Rural

 

“O centro vital da ética cristã é o amor. E por isso, procuramos na nossa ação empresarial, ser fiéis ao primeiro mandamento: Ama o teu próximo, como a ti mesmo.”

João Pedro Tavares, Associação Cristã de Empresários e Gestores de Empresas

 

 

Painel A RELAÇÃO

“Se o direito serve para resolver problemas, se os problemas são integrais, o afastamento de um jurista da integralidade, através da sua atividade, leva a que se afaste da origem dos problemas.”

João Taborda da Gama, Associação dos Juristas Católicos

 

“A inclusão é pensar em cidades para todos e com todos. Será que projetamos neste sentido?”

Inês Vilhena da Cunha, Associação dos Arquitetos Católicos

 

“Somos os únicos criados à Sua imagem e semelhança e porque também vivemos em comunidade, somos convidados a viver em relação.”

Elisabete Lopes Rodrigues, Associação Portuguesa de Assistentes Sociais Católicos.

 

“Todas as profissões têm que dar atenção, mas um professor tem que ser um atento permanente (...) na confiança e na compaixão.”

Maria Lúcia Garcia Mendes, Associação de Professores Católicos

 

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Transmissão online

O Congresso das Associações de Profissionais Católicos da Diocese de Lisboa foi transmitido em direto pelo site do Patriarcado e está disponível na página YouTube da diocese (www.youtube.com/patriarcadolx).

 

 

texto e fotos por Filipe Teixeira
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