Lisboa |
Nova igreja de Galamares, em Sintra
Uma igreja oferecida a Deus
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A construção de uma igreja em Galamares, Sintra, era um sonho com várias décadas. Muitos já não acreditavam, mas esta obra da Paróquia de São Martinho de Sintra foi benzida, e o altar dedicado, na manhã do passado dia 7 de janeiro. “Este é um dia muito significativo para Galamares porque é fruto de uma longa caminhada”, realça o pároco, padre Armindo Reis.

 

Até ao passado Domingo, dia em que a Igreja celebrou a Epifania, os cristãos de Galamares, em Sintra, celebravam a Eucaristia numa espécie de pavilhão metálico. Foi assim praticamente na última década, até à bênção da nova igreja e dedicação do altar, numa celebração presidida por D. Joaquim Mendes, Bispo Auxiliar de Lisboa, que reuniu perto de duas centenas de pessoas. “A oração de bênção que fizemos sublinha a alegria por oferecer a Deus esta igreja. Um sonho acalentado ao longo de vários anos e que hoje se torna realidade, graças à dedicação e empenho da comunidade e dos senhores priores. Um obrigado a todos os que contribuíram para a sua edificação. É uma igreja para o Senhor, para Ele estar connosco e nós estarmos com Ele”, salientou o prelado, na homilia da celebração.

O novo templo, segundo o Bispo Auxiliar do Patriarcado, deve agora convidar à evangelização. “A oração de bênção dizia que tivéssemos presente que a Igreja viva somos nós, a comunidade, reunida pela fé e pela caridade. As comunidades cristãs, que se reúnem e se edificam na celebração da Eucaristia, são chamadas a ser sinal e portador do amor de Deus para todos. E são-no, antes de mais, pelo testemunho de unidade e de comunhão com o Senhor e entre si. A primeira forma de evangelização é o testemunho de unidade e de comunhão dos cristãos, que se constrói à volta de Jesus, simbolizado no altar que dedicamos”, lembrou D. Joaquim Mendes. A opinião é partilhada pelo pároco de Sintra, padre Armindo Elias dos Reis. “A nova igreja era o grande sonho da comunidade de Galamares, que celebrava num espaço sem o mínimo de condições, onde entrava frio. As pessoas estão felicíssimas em ter um espaço que, no interior, até ficou bastante bonito, e têm a expectativa de que comece a vir mais gente à Missa, porque havia pessoas da comunidade que não gostavam de celebrar no antigo espaço e que, por isso, iam à Missa a outras igrejas”, frisa este sacerdote, ao Jornal VOZ DA VERDADE.

 

Casa particular, escola, pavilhão metálico

A nova igreja de Galamares pertence à Paróquia de São Martinho de Sintra, que está inserida na Unidade Pastoral de Sintra. “Galamares tem um pequeno centro mais antigo, histórico, e depois é constituída por uma dispersão imensa de vivendas pelo meio dos pinhais, até Colares. E esse é um dos problemas: este é um lugar muito disperso, com casas de fim-de-semana e pouca gente residente”, aponta o padre Armindo, lembrando que “esta aldeia fica bastante distante da igreja paroquial de São Martinho, na Vila Velha”. São Martinho é uma freguesia do concelho de Sintra com cerca de 30 mil habitantes, enquanto na paróquia residem cerca de sete mil pessoas. “Galamares não deve ter sequer mil habitantes… crianças então são muito poucas e nem conseguimos ter catequese, porque existem apenas uma ou duas crianças de cada ano”, lamenta o pároco, de 46 anos.

Há algumas décadas, os cristãos de Galamares começaram a celebrar a Eucaristia numa capela improvisada, junto ao atual Lar de Santo Agostinho. “A capela era numa estufa, situada numa casa particular da empresa familiar Duartes, que depois vendeu a propriedade e a comunidade teve de desativar a capela”, conta o padre Armindo. Seguiram-se as celebrações dominicais na escola EB1, “em condições muito precárias”, uma vez que “não autorizavam um espaço permanente”. “A capela tinha de ser montada e desmontada todas as semanas. Também não podiam guardar nada na escola, pelo que os cristãos tinham de transportar o altar, as cadeiras e tudo o resto”, destaca, louvando “a coragem das pessoas, e em particular do Rui Tristão, que transportava os bancos e o altar na sua camioneta”. Por fim, “foram proibidas” as celebrações dentro da escola e os cristãos de Galamares passaram a celebrar a Eucaristia “num telheiro, aberto, na rua”. Foi nessa altura, em 2006-2007, que a comunidade tomou a decisão final de comprar um terreno – algo que já estava pensado desde 2004, aquando da visita da Imagem de Nossa Senhora do Cabo Espichel –, o que veio a acontecer em 2009, e construir uma igreja. “A comunidade começou a celebrar a Eucaristia numa nova capela, feita de chapas metálicas, através do aproveitamento de um pavilhão/escritório da feira do livro, que foi doado pela família Godinho”, lembra o padre Armindo Elias dos Reis. Com a bênção da nova igreja de Galamares, este espaço que durante quase uma década serviu de templo a esta comunidade cristã sintrense vai agora ser transformado em arrecadação. “Como na nova igreja não temos muito espaço para arrumação, ficamos ali com um bom espaço para isso”, frisa o sacerdote, que tem como vigário paroquial (coadjutor) o padre Jorge Doutor e conta ainda com as colaborações dos diáconos permanentes Carlos Brito Marques, Joaquim Craveiro e Vasco d’Avillez.

 

Contribuição de todos

O projeto da nova igreja de Galamares foi desenvolvido por Rui Tristão, que era construtor civil, e pela arquiteta holandesa Francisca Lombert, com a ajuda da desenhadora Gabriela Toninha. Deu entrada na Câmara Municipal de Sintra em 2010, vindo a ser aprovado em 2016. Quando chegou à Paróquia de São Martinho de Sintra, em 2013, o padre Armindo pediu “diversas opiniões, incluindo ao senhor Patriarca”, e fez “algumas alterações” ao projeto inicial da nova igreja de Galamares. “A sacristia e a casa de banho estavam pensadas para ficar de um lado e do outro do altar. No lugar previsto para a casa de banho, fizemos a capela do Santíssimo”, exemplifica, lembrando igualmente “a colocação da torre sineira, de forma a se parecer mais com uma igreja”.

Até à aprovação do projeto, a população “nunca desistiu, mas andou muito desanimada”, assume o pároco. “Muitos diziam que já não acreditavam”, lembra. A obra começou poucos meses depois da aprovação e “teve como ponto de partida apenas 20 mil euros”, refere o padre Armindo. “Constituiu-se uma comissão, começaram as campanhas de angariação, os almoços, as rifas, os donativos de particulares, da paróquia, da Comissão de Festas da Vila Velha, da junta de freguesia, da câmara municipal – através do vereador da área social, que contribuiu para o piso de baixo da igreja, a sala de convívio –, do Patriarcado, e temos finalmente a igreja pronta, embora ainda não totalmente paga”, frisa o sacerdote, revelando que, “no total, a igreja terá custado cerca de 100 mil euros, mas não houve necessidade de recorrer a empréstimo bancário”. “Havia mesmo pouco dinheiro, mas as pessoas quando viram a obra a começar uniram-se e tivemos ajudas em todas as fases da construção, em particular do senhor Fernando Tristão, um homem da terra que colocou gratuitamente as máquinas dele, como as retroescavadoras, além dos pedreiros a preços especiais, que eram gente conhecida dele”, evidencia.

 

“Uma Igreja humana e viva”

A nova igreja de Galamares tem uma capacidade para cerca de 100 pessoas. “Na bênção da igreja e dedicação do altar estiveram cerca de 150 pessoas, mais umas quantas na rua, pelo que terão estado perto de 200 pessoas na celebração”, refere o pároco. O novo templo desta paróquia de Sintra tem ainda, no piso inferior, um salão para convívio. “Ainda não temos essa valência criada, mas se houver na comunidade pessoas interessadas em criar um centro de convívio poderá ser uma ideia”. Quanto a celebrações, a Missa semanal é aos sábados, às 16h30. “É um horário para manter. Quando cheguei à paróquia, e durante os meus primeiros tempos, a Missa em Galamares era quinzenal, alternando com celebração da Palavra, mas atualmente conseguimos garantir a celebração semanal”, sublinha o sacerdote.

Na sua intervenção no final da celebração de bênção da igreja e dedicação do altar, o pároco de Sintra sublinhava a “nova fase” na vida da comunidade de Galamares. “Já com condições físicas, é preciso continuar a envolver as novas gerações para que sejam elas a dar vida a esta igreja no futuro, porque as paredes de uma igreja não servem para nada se no seu interior não se reunir uma Igreja humana e viva”, apontou o padre Armindo Reis.

texto e fotos por Diogo Paiva Brandão
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