Lisboa |
Ordenação Episcopal de D. Daniel Henriques e D. Rui Valério
Sinais vivos do Reino
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Foi uma celebração que não acontecia no Patriarcado desde 1931. Lisboa recebeu a Ordenação Episcopal conjunta de dois novos Bispos, D. Daniel Henriques, Bispo Auxiliar de Lisboa, e D. Rui Valério, Bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança, com o Cardeal-Patriarca a reconhecer “a marca do Espírito de Cristo” no percurso eclesial dos dois ordinandos.

 

“Caríssimos D. Daniel e D. Rui: Que felicidade a nossa, por reconhecermos no vosso percurso eclesial a marca do Espírito de Cristo e os sinais vivos do seu Reino! Nesta hora abençoada das vossas vidas é a bênção de Deus que mais uma vez se concretiza para todos nós. Para nós e para muitos, que darão graças a Deus pelo vosso serviço total e garantido!”, salientou D. Manuel Clemente, na homilia da celebração, que decorreu na Igreja de Santa Maria de Belém, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, na tarde do passado Domingo, 25 de novembro.

Na introdução da Missa, o Cardeal-Patriarca lembrava que há 87 anos que a diocese não recebia uma celebração com duas Ordenações Episcopais. “Desde 1931 – e não sei se alguma vez antes –, que não se realiza em Lisboa uma ordenação conjunta de dois Bispos. Foi em 1931, com o Cardeal Cerejeira, que na Sé de Lisboa ordenou os seus dois primeiros Bispos Auxiliares [D. Ernesto Sena de Oliveira e D. João da Silva Campos Neves]”, lembrava D. Manuel Clemente, sublinhando que a celebração realçava “a colegialidade episcopal”.

 

Servo de todos

A celebração, onde participou a maioria do Episcopado português, teve lugar no Domingo de Cristo Rei. “Celebramos a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, este ano com a feliz Ordenação Episcopal de D. Daniel Henriques e D. Rui Valério”, apontou o Cardeal-Patriarca, destacando a “realeza de Cristo, como Ele a viveu e confessou”. “Trata-se da Igreja, que é o seu Corpo neste mundo, como Ele quer continuar com todos, em qualquer tempo e circunstância. Trata-se, sobretudo, da nossa adequação ao seu modo de ser e de estar, que é unicamente o do serviço”, salientou, dirigindo-se “a todos”, mas incidindo “especialmente nos Ordinandos e no ministério eclesial que desempenharão”. Para D. Manuel Clemente, a “Igreja é Corpo de Cristo” e “atrai porque se oferece, reina quando serve”. “Só assim somos membros de Cristo, profeta, sacerdote e rei, como cada batizado deve ser deveras”, frisou.

 

Os contornos do Reino de Deus

Ordenados pelo Cardeal-Patriarca de Lisboa e tendo como Bispos co-ordenantes D. José Traquina, Bispo de Santarém e antigo Bispo Auxiliar de Lisboa, e D. Manuel Linda, Bispo do Porto e antigo Bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança, D. Daniel Henriques e D. Rui Valério ouviram D. Manuel Clemente, na homilia, a divisar “os contornos do Reino de Deus”. “Certamente aqui e como estamos, nesta bela celebração. Somos o seu Corpo de batizados, ouvimos a sua Palavra, invocaremos o Espírito que compartilha com o Pai, faremos os seus gestos sacramentais. Reviveremos o chamamento que fez dos Doze, agora sucedidos em mais dois. Mais ainda do que a beleza da Liturgia e de tudo com que o tempo a decorou, é na verdade do que vivemos e convivemos, na consistência do serviço prestado, que o Reino se celebra e acontece. Como é aqui, neste esplendoroso templo dos Jerónimos, Santa Maria de Belém. Como é onde for, na simplicidade e até clandestinidade dalgum espaço que se consiga, onde a Igreja é pobre ou perseguida. Como é na família, que seja verdadeira comunidade de vida e amor, no serviço mútuo, na saúde e na doença, da infância à velhice. Como é naquela escola, que seja verdadeira comunidade educativa, respeitando e transmitindo valores comprovadamente humanos e humanizadores, base segura de qualquer progresso. Como é naquela empresa, em que o Evangelho é critério de relação e o lucro material é também um ganho humano para todos os que nela trabalham. Como é naquela clínica, hospital ou lar, em que a vida é bem cuidada, da conceção à morte natural. Como é no serviço, particular ou estatal, em que o bem comum se acrescenta para a felicidade de todos, sem faltar a ninguém; e é resultado da colaboração dos vários corpos intermédios, sem omitir, antes estimulando, o contributo de cada um, pessoa ou grupo. É este o Reino de Cristo, alargando no mundo o que Ele nos trouxe, tudo refazendo e preenchendo intimamente com o Espírito que derrama Esse mesmo que nos faz amar como Ele amou e servir como Ele serviu”, apontou o Cardeal-Patriarca.

 

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Um Bispo Auxiliar de Lisboa “reconfortado e animado”

O novo Bispo Auxiliar de Lisboa confiou-se “inteiramente” à “graça de Deus”. “Sem ela, só me encontro diante do meu nada”, referiu D. Daniel Henriques, em palavras à assembleia. “Sinto-me reconfortado e animado por ter sido nomeado Bispo Auxiliar para o Patriarcado de Lisboa. Trabalharei em comunhão direta com o senhor Patriarca, a quem muito estimo e admiro, e com o senhor D. Joaquim e o senhor D. Nuno, que tão dedicada e competentemente têm servido esta diocese”, assinalou o antigo pároco de Torres Vedras e Matacães. D. Daniel Henriques recordou depois dois antigos Cardeais-Patriarcas, D. António Ribeiro, que o ordenou diácono e presbítero, e D. José Policarpo. “Grandes pastores que o Senhor concedeu à Igreja de Lisboa. Como Bispo, fui ordenado para o serviço de toda a Igreja, solidário com todas as Igrejas”, observou, agradecendo a presença, “em tão grande número, dos Bispos de Portugal”. Na celebração da sua ordenação episcopal, D. Daniel Henriques assegurou que ama “muito” a Diocese de Lisboa e sublinhou que “os seminários são, de facto, o coração da diocese”. “Dedico-lhes um carinho muito grande, pedindo ao Senhor que muitos jovens acolham o chamamento ao sacerdócio”, desejou o novo Bispo Auxiliar de Lisboa, lembrando ainda as seis paróquias onde esteve como pároco, os colegas sacerdotes e o “dom do presbitério”, mas também o Ano Missionário que a Igreja portuguesa vive atualmente e o “acolhimento da Constituição Sinodal de Lisboa”.

 

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“Apresento-me como um leal colaborador”

O novo Bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança disse-se “tocado pela graça do alto”. “O rosto de Cristo se revela e subsiste no rosto dos irmãos e das irmãs, de quem me quero aproximar”, referiu D. Rui Valério, em palavras à assembleia. O antigo pároco da Póvoa de Santo Adrião, na Vigararia de Loures-Odivelas, agradeceu “o privilégio da amizade” do Cardeal-Patriarca, D. Manuel Clemente, e saudou a presença do Ministro da Defesa, João Gomes Cravinho. “A presença de vossa Excelência nesta celebração enche-me de alegria, ao mesmo tempo que revela o apreço e o reconhecimento do Estado português em relação à Igreja e para com a ação que esta desenvolve no seio da sociedade e concretamente no âmbito das Forças Armadas”, salientou. D. Rui Valério assumiu ainda que a presença do Ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, “acresce” o seu “sentido de responsabilidade para com um setor vital da sociedade portuguesa, que são as Forças de Segurança”. “Apresento-me como um leal colaborador, sempre disponível a cooperar, para alcançar o bem-comum”, garantiu o novo Bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança, deixando também saudações a D. Manuel Linda, seu antecessor, D. Januário Torgal Ferreira, Bispo emérito castrense, aos Bispos de Portugal, ao Chefe de Estado-Maior-General das Forças Armadas, almirante António Silva Ribeiro, a quem assegurou “cooperação”, aos Monfortinos, congregação a que pertence, às paróquias que serviu, aos padres e aos capelães militares, à família e também ao Papa Francisco.

 

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No final da celebração da Ordenação Episcopal, os Bispos de Portugal que estiveram nos Jerónimos, e também o Núncio Apostólico, tiraram uma foto de família, já com a presença de D. Daniel Henriques e D. Rui Valério, os dois mais recentes membros do Episcopado português.


texto por Diogo Paiva Brandão; fotos por Arlindo Homem e Filipe Amorim
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