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Diocese de Pemba, no norte de Moçambique, entre o sonho e o pesadelo
Um milagre de Natal
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A Igreja de Santa Maria foi erguida há quase um século pelas mãos de um punhado de missionários oriundos do Malawi. Durante a guerra civil, a igreja foi confiscada pelo Governo e transformada em quartel. Anos mais parte, foi devolvida à comunidade, mas já em ruínas. Os Cristãos de Pemba, apesar de muito pobres, sonham com o dia em que a sua igreja será totalmente recuperada. E pedem ajuda à Fundação AIS.


Não tinham GPS nem mapas. E pouco mais levaram para o caminho do que a coragem inspirada na fé e a ousadia de quem se aventura de bicicleta no meio da selva de África. Partiram do Malawi.  Foi há quase 100 anos. Quando iniciaram a viagem, os missionários monfortinos decidiram que só iriam parar quando os pneus das suas bicicletas ficassem totalmente gastos. Seria nesse local que fundariam uma missão. Mas quando os pneus já completamente gastos tornaram inúteis as bicicletas, os missionários decidiram ir ainda mais além, até gastarem por completo as solas das sandálias. E foi assim, já descalços, que chegaram à região de Pemba, no norte de Moçambique, junto à fronteira com a Tanzânia. Chegaram e deitaram mãos à obra. Uma comunidade cristã precisa de um templo e os missionários monfortinos decidiram construir uma igreja. Fizeram tudo. Desde as telhas aos tijolos, e com a ajuda da população local, ergueram paredes e depois consagraram aquela que é, ainda hoje, uma das maiores igrejas de toda a região. A Igreja de Santa Maria de Namuno transformou-se rapidamente no centro da vida local. A missão católica fundada pelos missionários do Malawi criou, à sombra da igreja, uma nova dinâmica de promoção social, onde não faltou a construção também de uma escola e de um hospital.  Mas a guerra civil haveria de revelar-se fatal para todos estes projectos.

 

Tempos de guerra

De 1977 a 1992, Moçambique foi palco de um conflito armado extremamente violento que opôs a Frelimo e a Renamo. A paz só chegaria 16 anos mais tarde graças, essencialmente, ao esforço da Comunidade de Santo Egídio. Ainda está por fazer o real balanço da guerra civil moçambicana. Ainda hoje, 26 anos depois de as armas se terem calado, há vidas destroçadas, famílias enlutadas, aldeias e vilas que não souberam reerguer-se. A guerra civil de Moçambique tirou a vida a mais de 1 milhão de pessoas e cerca de 5 milhões tiveram de fugir das suas terras de origem. A região de Namuno também não escapou à violência. A Igreja de Santa Maria, erguida pela tenacidade e ousadia dos missionários monfortinos, seria confiscada pelo Governo e transformada em quartel militar. Mais tarde, após o acordo de paz, seria devolvida à comunidade cristã, mas já em ruínas.

 

Servir a comunidade

A região de Pemba, situada mesmo ao norte de Moçambique, é muito pobre. Não há electricidade nem água canalizada. O Bispo de Pemba, o brasileiro D. Luiz Fernando Lisboa, tem procurado ajudar as comunidades locais, principalmente as mais pobres e necessitadas. Mas não é fácil. “É preciso ter muita coragem para ser cristão e servir a Igreja nesta região”, explica o prelado à Fundação AIS. Às vezes, os sacerdotes ou catequistas têm que andar 20, 40, 50 km ao encontro de famílias que vivem em zonas remotas, e, tal como os missionários monfortinos, vão a pé ou de bicicleta. “E tudo o que levam é mandioca seca para comer pelo caminho…” Região pobre sem electricidade significa também uma elevadíssima taxa de analfabetismo. Cerca de 80% da população não sabe ler nem escrever e a esperança de vida não chega sequer aos 60 anos. E como se não bastasse tudo isto, nos últimos tempos, desde Outubro de 2017, grupos armados, aparentemente de inspiração islâmica, têm atacado aldeias, destruído dezenas de casas, pilhado campos agrícolas e assassinaram já mais de uma centena de pessoas.

 

Um sonho de Natal…

Não se sabe bem quem são os atacantes, mas sempre que eles surgem, normalmente pela calada da noite e em aldeias perdidas no meio do mato, deixam um rasto de extrema violência. D. Luiz Lisboa reconhece que este é um problema grave. “Morreram cristãos, muçulmanos e pessoas de religiões tradicionais. Mas nenhum missionário deixou a região. A Igreja está presente”, diz-nos o Bispo de Pemba. Neste contexto de profunda adversidade, é fundamental o trabalho desenvolvido pela Igreja Católica. D. Luiz Lisboa tem um sonho. É preciso reconstruir a Igreja de Santa Maria para se dar início à recuperação de todo o trabalho social que a missão católica desenvolvia na região. À volta da igreja nasceu o hospital e a escola. Mais do que nunca, as populações de Namuno e de Pemba precisam hoje em dia de escolas e de hospitais, de quem olhe pelos mais necessitados, de quem restaure a esperança dos que se sentem abandonados. D. Luiz tem essa esperança. “Aos poucos, a nossa intenção é restaurar tudo isso.” A recuperação da igreja já começou, mas a comunidade local é demasiado pobre para conseguir fazer face à dimensão desta obra. Precisam de ajuda e pediram apoio à Fundação AIS. Como nos diz D. Luiz Lisboa, Bispo de Pemba, recuperar a Igreja de Santa Maria seria como “um milagre de Natal”. Um milagre de Natal que está, agora, nas nossas mãos.

 

PS: Quer ajudar o Bispo D. Luiz Lisboa a concretizar este milagre de Natal, oferecendo, por exemplo, o valor de uma telha ou de um tijolo para a Igreja de Santa Maria? Ligue para a Fundação AIS (217544000) e faça acontecer este sonho…

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