Missão |
Padre Joaquim Domingos Luís, da Congregação do Verbo Divino
“São precisos mais corações generosos para abraçar a missão”
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O padre Joaquim Domingos Luís nasceu a 13 de abril de 1961, em Relvas (freguesia de Santa Catarina, no concelho de Caldas da Rainha). É sacerdote na Congregação do Verbo Divino. Já esteve em várias missões e é atualmente o responsável do Serviço de Animação Missionária (SAM) da Diocese de Leiria-Fátima.

 

Nasceu numa “família simples: meu pai era operário numa fábrica de cutelarias e minha mãe doméstica. Somos cinco irmãos.” Conta-nos que o seu primeiro contacto com os Missionários do Verbo Divino (VD) deu-se através de dois missionários verbitas que “apareceram na escola de Relvas a perguntar quem queria ir para o Seminário. Naquela altura o que me atraía para o Seminário não era tanto o ideal missionário, mas o futebol e a facilidade de poder continuar os estudos. Os primeiros tempos não foram fáceis. Mas a boa camaradagem ajudou-me a superar a separação da família e dos amigos da terra. Dentro de mim sentia um forte desejo de fazer algo pelos outros e, à medida que os anos foram passando, fui compreendendo que a vida missionária é uma maneira possível de concretizar este desejo.” Passou sete anos em Fátima e diz que foi “conhecendo o que era a vida de um verbita. Mas o Noviciado deu-me a possibilidade de aprofundar esse conhecimento e de viver numa comunidade que tem um estilo específico de vida. Gostei da experiência, senti-me feliz e pedi para ficar a pertencer à SVD. Sabia que tinha de renunciar a muitas coisas. Mas, ao mesmo tempo, sentia que Deus não me deixaria ficar mal, pois estaria mais livre para O servir nos meus irmãos.” Quando terminou o 2º ano de Filosofia, começou a pensar na “possibilidade de terminar os estudos fora de Portugal.” Conta-nos que se sentia “especialmente atraído pela América Latina sobretudo pelo Brasil. Deixei o Brasil para o futuro e decidi que seria bom aprender uma nova língua e um novo contexto cultural. Sugeriram-me os Estados Unidos, onde a Congregação estava a iniciar um novo trabalho entre as minorias étnicas.” Partilha que “não foi fácil habituar-me à comida e à maneira de pensar e agir dos ingleses, mas fui-me adaptando pouco a pouco à nova situação. Londres é um mundo em miniatura. Ali se encontra gente de todo o mundo, de diversas culturas e religiões, uma fonte inesgotável de experiências novas. Trabalhei sobretudo na animação litúrgica e como Ministro da Comunhão aos doentes e velhinhos, dos quais recebi muito encorajamento e carinho, pelo que conservo em relação a eles uma grande dívida. Nos últimos dois anos, colaborei também na comunidade Portuguesa de Londres, na animação litúrgica e na formação dos jovens. De vez em quando, aos sábados, partilhava a minha fé com um grupo de adolescentes portadores de deficiência. Tudo isto e o estudo de algumas disciplinas mais ligadas à atividade missionária ajudou-me a obter uma visão mais realista do que significa ser missionário, e a estar mais consciente das dificuldades que enfrentamos em nós próprios e nas diferentes culturas. Fiz a Profissão Solene a 7 de dezembro de 1986 e uma semana mais tarde, fui ordenado diácono por D. Philip Harvey, Bispo Auxiliar de Westminster. Fui ordenado sacerdote em 28 de junho de 1987, na paróquia de Santa Catarina, por D. Américo Henriques, Bispo Emérito de Nova Lisboa (Huambo).” Foi formador de seminaristas em Fátima, capelão militar na Base Aérea nº5 em Monte Real (1988-90). No verão de 1991, foi para Paris estudar francês no Instituto Católico de Paris e preparar-se para ir em missão para o Benim.

 

A missão na República do Benim

Partilha que o ideal missionário não nasceu em si “de um dia para o outro”. “Foi uma decisão que foi amadurecendo ao longo dos anos, fruto de um diálogo comigo mesmo, com Deus e com as necessidades da Igreja e do mundo de hoje. Na Congregação do Verbo Divino encontrei um modo de vida que vem de encontro ao meu desejo de anunciar Jesus Cristo, sobretudo àqueles que nunca ouviram falar d'Ele. Quando fiz o pedido para o meu primeiro destino missionário, procurei ter em conta as necessidades mais urgentes e, quando me perguntaram se aceitava trabalhar no Benim, disse que sim. Cheguei ao Benim em Abril 1992. Encontrei duas comunidades SVD, a trabalhar no Norte do Benim na diocese de Parakou. É uma zona de primeira evangelização, constituída por comunidades rurais, dum crescimento demográfico rápido, sobretudo, na cidade de Parakou. Assumimos a paróquia de Beterou, a 45 Km de Parakou e a paróquia de Parakou Villages situada numa das extremidades da vila e a que pertenciam mais de 20 comunidades nas zonas rurais. Depois de um período de iniciação na paróquia de Parakou Villages que durou cerca de dois anos, a SVD assumiu a responsabilidade doutra paróquia na fronteira com o Togo, no noroeste do Benim. Fiz parte da primeira comunidade SVD que assumiu a paróquia de Badjoudé na antiga diocese de Natitingou - hoje e desde 1996, diocese de Djougou. Foi um grande desafio tentar criar um espírito de comunidade paroquial, pois as cerca de 20 comunidades estavam muito dispersas e já há muito que não tinham um centro de unidade. Sem a colaboração ativa e o empenho dos leigos, pouco ou nada podíamos fazer.”

 

O regresso e o abraço à missão

Quando regressou do Benim, trabalhou na pastoral universitária em Guimarães e colaborou em algumas paróquias. De Setembro de 2011 a Fevereiro 2014, viveu em S. Paulo no Brasil e partilha em particular que “a paróquia de S. Paulo Apóstolo está organizada em dez comunidades eclesiais de base (CEBs) onde os leigos têm um papel fundamental na organização das suas atividades. O que me impressionou foi a preparação e o empenho desses leigos e leigas, nas várias atividades pastorais. As celebrações são festivas e com a participação ativa das pessoas. Momento marcante na paróquia foi a semana missionária que antecedeu a Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Na nossa paróquia acolhemos jovens do Quénia e da Zâmbia, que trouxeram a alegria e a dança dos seus países. Na semana da JMJ foi a vez de um grupo de jovens da Costa Rica nos alegrarem com sua presença. Apesar das barreiras linguísticas, experimentou-se o que S. José Freinademetz (primeiro missionário do Verbo Divino na China) dizia: a linguagem que todas as pessoas entendem é linguagem do amor!”

Em 2014 regressou a Portugal “para assumir o Secretariado dos Missionários do Verbo Divino, em Fátima”. “Desde setembro de 2016 (a pedido de D. António Marto) os Missionários do Verbo Divino assumiram o Serviço de Animação Missionária (SAM) da Diocese de Leiria-Fátima. Temos tentado trabalhar em rede envolvendo todos os Institutos, Congregações e Grupos de Leigos Missionários presentes na diocese na animação missionária. O Grupo Missionário Ondjoyetu tem tido um papel muito importante na animação missionária da diocese. Uma das tarefas do SAM é apoiarmos e expandirmos a geminação existente entre a diocese de Leiria-Fátima e a diocese do Sumbe, no Sul de Angola. No mês de Novembro 2018 tive a graça de visitar a Missão do Gungo, na diocese do Sumbe, apreciar o maravilhoso trabalho que se faz e constatar que são precisos mais corações generosos para abraçar a missão.”

texto por Catarina António, FEC | Fundação Fé e Cooperação
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