Lisboa |
‘Open Conventos’ foi inaugurado nos claustros do Mosteiro de São Vicente de Fora
Conhecer os conventos, para os salvaguardar e preservar
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Ao longo de três dias, entre 23 e 25 de maio, 26 antigos conventos de Lisboa estiveram de portas abertas e receberam a visita de centenas de pessoas. A iniciativa, que foi inaugurada nos claustros do Mosteiro de São Vicente de Fora, pretendia dar a conhecer estes espaços, que “conservam uma memória, um património imaterial, que importa preservar”, segundo a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

 

Vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Catarina Vaz Pinto assumiu que o ‘Open Conventos’ é um projeto que “gostaria de já ter montado na cidade”. Felicitando a iniciativa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, em parceria com o Patriarcado de Lisboa, a autarquia lisboeta e a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, de abrir os conventos de Lisboa ao público, a vereadora garantiu que “há muito tempo” que no município têm “estudado este edificado tão importante”. “Interessa-nos investigar, mas estamos também preocupados com a divulgação e a disponibilização ao público. Nessa medida, o ‘Open Conventos’ é uma nova etapa do projeto ‘Lx Conventos’ e é uma iniciativa muitíssimo importante e interessante para a cidade de Lisboa”, referiu Catarina Vaz Pinto, na sessão de abertura do ‘Open Conventos’, que decorreu no final da tarde do passado dia 23 de maio, nos claustros do Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa.

Nesta sessão, que contou com a presença do Bispo Auxiliar de Lisboa D. Américo Aguiar, o padre António Pedro Boto, da direção Cultural do Patriarcado de Lisboa, assumiu “ficar espantado” com o conjunto de conventos que existiram na zona de Santa Catarina e das Mercês. “Iniciativas para dar a conhecer aquilo que são os conventos da cidade de Lisboa são extremamente enriquecedoras. Deve ser um ‘pontapé’ de saída e um ponto de partida para dar a conhecer esta realidade a turistas, mas também a gente da cidade que não conhece”, salientou o sacerdote.

 

Sinergias

Na conversa aberta com o tema ‘O que fazer com os Conventos de Lisboa?’, que foi moderada por José Pedro Frazão, jornalista da Rádio Renascença, a diretora da Cultura da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Margarida Montenegro, frisou que o ‘Open Conventos’ queria “dar a conhecer”, porque essa é “a única forma de proteger”. “Só se pode proteger aquilo que se conhece”, lembrou. “Há muitos conventos encerrados ou a ter outro uso, na cidade de Lisboa, e pareceu-nos interessante refletir que uso dar a estes conventos”, referiu esta responsável, lembrando que os lugares de culto “conservam uma memória, um património imaterial, que importa preservar”. “Por outro lado, temos também o património material que importa salvaguardar. Estas casas tiveram uma importância tão grande em Lisboa, não só do ponto de vista arquitetónico, artístico, mas também assistencial, e muitos deles continuam a marcar a cidade”, apontou Margarida Montenegro.

Para João Carlos Santos, subdiretor-geral da Direção Geral do Património Cultural, o ‘Open Conventos’ é uma iniciativa “de saudar”. “É muito importante dar a conhecer estes espaços, para os salvaguardar, para os preservar”, salientou o arquiteto, responsável pela recuperação do Mosteiro de Tibães, em Braga. Já Pedro Flor, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, destacou o desafio que é, “nas universidades”, conseguir “promover, por um lado, a educação e, por outro, a investigação”. “Temos consciência que a investigação, hoje, tem de ser feita em rede”, frisou, destacando as “sinergias” com a CML e a Santa Casa. “Gostaria de salientar também todo o trabalho que temos vindo a desenvolver, no seio do nosso Instituto de História de Arte, enquanto centro de investigação, com o Patriarcado de Lisboa que, além do seu património, tem um arquivo absolutamente notável e uma equipa de excelência que tem contribuído para que investigadores do nosso instituto consigam desenvolver as suas pesquisas”, apontou o docente. “Enquanto historiadores de arte e agentes de memória, temos obrigação de resgatar, dessa memória perdida, as verdadeiras obras de arte”, assinalou Pedro Flor, na sessão inaugural do ‘Open Conventos’.

 

Os “diversos usos” de um convento

Neste encontro, a diretora da Cultura da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa destacou também que “não será equilibrado abrir os conventos a todos os usos possíveis”. “Usos culturais, como arquivos, centros de documentação, bibliotecas, centros comunitários ou centros culturais, são absolutamente adequados a uma reutilização do espaço conventual. Se os conventos foram casas de assistência – e muitos, hoje, são hospitais –, parece-me que essa utilização é também uma possibilidade e é adequada”, apontou Margarida Montenegro, alertando para “a vertente da intervenção nestes edifícios” e a “salvaguarda do património, tanto material como imaterial”.

A vereadora da CML concorda com os “diversos usos” de um convento, mas lembrou os “limites do bom senso”. “Qualquer projeto de uso de um convento tem de ser sempre objeto de licenciamento”, ressalvou Catarina Vaz Pinto, enaltecendo “a maior sensibilidade dos habitantes da cidade de Lisboa para a preservação do seu património” e a “vontade de contribuir para o destino comum desse património”.

Para João Carlos Santos, “é evidente que não podemos transformar todos os conventos em hotéis”, nem “se deve fazer nada que seja irreversível”. “Há que intervir o mínimo dentro do edifício, respeitando a sua identidade”, referiu o subdiretor-geral da Direção Geral do Património Cultural, sugerindo: “Por que não instalar o arquivo municipal num dos conventos?”.

O padre António Pedro Boto lembrou, por outro lado, que as comunidades onde estão alguns conventos “são muito pequenas” e têm “muita dificuldade em manter espaços de grande responsabilidade”. “É extremamente importante nos conventos onde ainda há culto conseguir manter isso”, desejou. “Como referem umas orientações da Santa Sé, é importante que estes espaços não percam essas características que já tiveram e do que ali se viveu”, acrescentou o sacerdote, destacando a necessidade de “dar dignidade a estes espaços e valorizá-los culturalmente”. 

 

Concerto de órgão inaugura ‘Open Conventos’

O ‘Open Conventos’ teve início com um concerto de Sérgio Silva, organista titular da Basílica da Estrela e da Igreja de São Nicolau, no órgão da Igreja de São Vicente de Fora. D. Américo Aguiar, Bispo Auxiliar de Lisboa, e o padre Mário Rui, diretor do Departamento do Turismo do Patriarcado de Lisboa, assistiram à interpretação do organista.

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