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“Na contemplação amorosa basta um olhar”
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O Papa Francisco prosseguiu as catequeses sobre a oração. Na semana em que convidou a rezar pelos responsáveis da grande finança, Francisco aprovou a canonização de Charles de Foucauld e outros seis beatos, pediu uma Avé Maria por dia pela paz no Myanmar e inaugurou a maratona de oração pelo fim da pandemia.

 

1. O Papa Francisco continua a dedicar a catequese das quartas-feiras ao tema da oração e, desta vez, valorizou a riqueza da contemplação. “A oração purifica o coração e, com ele, ilumina também o olhar, permitindo que captemos a realidade sob um outro ponto de vista”, assinalou, na audiência-geral de dia 5 de maio. A propósito do “olhar da fé fixado em Jesus”, o Papa recordou um famoso testemunho contado pelo Santo Cura d’Ars quando um homem do campo, seu paroquiano, lhe disse por que gostava tanto de estar diante do sacrário: “Eu olho para Ele e Ele olha para mim”. “É assim: na contemplação amorosa, típica da oração mais íntima, não há necessidade de muitas palavras, basta um olhar, basta estarmos convencidos de que a nossa vida está rodeada por um grande e fiel amor do qual nada nos pode separar”, comentou Francisco.

Como “Jesus era um mestre deste olhar” e n’Ele não havia qualquer dualismo entre a sua oração e sua ação, também os cristãos são chamados a “seguir Jesus no caminho do amor”, pois “caridade e contemplação são sinónimos”. Francisco citou ainda a frase de São João da Cruz, “um pequeno ato de amor puro é mais útil para a Igreja do que todas as outras obras juntas”, para sublinhar que “o que nasce da oração e não da presunção do nosso ego, o que é purificado pela humildade, mesmo que seja um ato de amor isolado e silencioso, é o maior milagre que um cristão pode realizar”.

No final da catequese, na biblioteca do Palácio Apostólico, o Papa lembrou a todos a importância de rezar o terço neste mês de maio, “para que a Virgem Imaculada liberte a humanidade do drama da pandemia”.

 

2. Preocupado com o rumo da grande finança mundial, o Papa Francisco pede que, no mês de maio, se reze especialmente pelos responsáveis e governantes. No vídeo mensal, realizado em colaboração com a Rede Mundial de Oração do Papa, a intenção para este mês foi divulgada esta terça-feira, 4 de maio. “Enquanto a economia real, que cria empregos, está em crise – quanta gente sem trabalho! – os mercados financeiros nunca foram tão hipertróficos como agora. Como está longe o mundo da grande finança da vida da maioria das pessoas!”, diz Francisco, neste vídeo. O Papa alerta para a urgência de regulamentar as finanças, sob pena de “se tornam pura especulação animada por políticas monetárias. Esta situação é insustentável. É perigosa”. Por isso, “para evitar que os pobres voltem a pagar as consequências, é preciso regulamentar com firmeza a especulação financeira. Especulação. Quero sublinhar este termo”.

Francisco pede que as finanças “sejam uma ferramenta de serviço, para servir as pessoas e para cuidar da casa comum” e considera que “ainda estamos a tempo de iniciar um processo de mudança global para pôr em prática uma economia diferente, mais justa, inclusiva, sustentável, que não deixe ninguém para trás”. O vídeo termina com um convite: “Rezemos para que os responsáveis das finanças colaborem com os governos para regulamentar os mercados financeiros e proteger os cidadãos em perigo”.

 

3. O Papa aprovou esta segunda-feira, 3 de maio, a canonização de Charles de Foucauld, religioso francês que foi assassinado na Argélia, e de outros seis beatos católicos, após um consistório público, no Vaticano. O portal Vatican News informa que a data da cerimónia de canonização vai ser definida em função da evolução da pandemia. Francisco recordou “vida cristã exemplar” dos futuros santos.

 

4. O Papa propôs, para o mês de maio, uma iniciativa de paz de todos os fiéis a favor do Myanmar. No final do Regina Coeli de Domingo, 2 de maio, a partir da janela do Palácio Apostólico, Francisco referiu-se à maratona de oração que inaugurou na véspera e que, durante todo este mês, reúne 30 santuários marianos espalhados pelo mundo. Neste contexto de oração mundial, Francisco deixou uma proposta: “Há uma iniciativa de que gosto muito: a da Igreja birmanesa, que convida a rezar pela paz, dedicando ao Myanmar uma Avé Maria do terço diário”. “Cada um de nós dirige-se à Mãe sempre que precisa ou tem dificuldades. Neste mês de maio, peçamos à nossa mãe do Céu que fale ao coração de todos os responsáveis do Myanmar, para que encontrem a coragem de percorrer o caminho do encontro, da reconciliação e da paz”, convidou.

No final, o Papa também enviou saudações aos irmãos das Igrejas ortodoxas e católicas de rito oriental que assinalaram, naquele Domingo, a Solenidade da Páscoa, segundo o calendário juliano, e mostrou-se solidário com a população de Israel, após o incidente no Monte Meron, que causou 45 mortos e dezenas de feridos.

Nas reflexões sobre o Evangelho, o Papa recordou que “a fecundidade da nossa vida depende da oração”. E que, se estivermos enraizados em Cristo, tal como os ramos estão na videira, “podemos pedir e pensar como Ele, agir como Ele, ver o mundo e as coisas com os olhos de Jesus. E assim amar os nossos irmãos e irmãs, a começar pelos mais pobres e sofredores, como Ele fez, e amá-los com o seu coração e levar ao mundo frutos de bondade, de caridade e de paz”.

 

5. O Papa Francisco rezou o terço na Basílica de São Pedro, a 1 de maio, acompanhado por famílias e crianças para implorar o fim da pandemia. Antes de iniciar a oração, o Papa confiou à “Mãe da Misericórdia” todas as vítimas do vírus e todos os que ainda sofrem com a doença, recordou “os defuntos e as famílias que sofrem e vivem na incerteza do amanhã” e não esqueceu “os médicos, cientistas, enfermeiros empenhados na primeira linha da batalha”. Francisco agradeceu a todos os que “com um simples sorriso ou uma boa palavra levaram conforto aos necessitados” e rezou especialmente “pelas mulheres vítimas de violência dentro da sua própria casa”.

No final do terço, o Papa confiou o mundo inteiro à proteção da Virgem Maria, implorando: “Dirige os teus olhos misericordiosos para nós nesta pandemia de coronavírus, e consola aqueles que estão desanimados e que choram os seus mortos, por vezes enterrados de uma forma que fere a alma. Apoia os angustiados com os doentes a quem, para impedir o contágio, não podem estar perto deles. Inspira confiança nos que se preocupam com o futuro incerto e com as consequências na economia e no trabalho”.

Aura Miguel, jornalista da Renascença, à conversa com Diogo Paiva Brandão
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