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Roma
“Rezemos pelo fim das guerras”
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O Papa Francisco fez um novo apelo à oração pela paz e assinalou a festa do primeiro mártir cristão, Santo Estevão. No dia de Natal, o Papa reforçou o “não à guerra, sim à paz”. “O nosso coração está em Belém”, garantiu, na Missa na noite de Natal. Francisco teve ainda um encontro natalício com a Cúria romana, pedindo “coragem”.

 

1. Na última catequese deste ano, o Papa fez um novo apelo à oração pela paz. “Não nos esqueçamos de rezar pelos que sofrem as consequências terríveis da violência e da guerra, especialmente pela atormentada Ucrânia e pelas populações da Palestina e de Israel. A guerra é um mal. Rezemos pelo fim das guerras”, afirmou, na audiência-geral de quarta-feira, 27 de dezembro.

Na Sala Paulo VI, o Santo Padre iniciou um novo ciclo de catequeses, dedicado ao tema dos vícios e das virtudes, e deixou um veemente conselho: “Nunca se deve dialogar com o diabo. Nunca. Com o diabo não se discute. Ele mais astuto e inteligente do que nós. E se vier a tentação, fechemos a porta do nosso coração”. Francisco sublinhou que tudo o que vem de Deus “deve ser acolhido, porque é o começo da felicidade. Mas se vier do Inimigo, é apenas cizânia e poluição, e mesmo que a sua semente nos pareça pequena, uma vez criada a raiz, descobriremos dentro de nós as longas ramificações do vício e da infelicidade”.

 

2. A Igreja assinalou na terça-feira, 26 de dezembro, a festa de Santo Estevão, o primeiro mártir cristão, apedrejado até à morte por ódio à fé. Na recitação do Angelus, o Papa exortou as comunidades cristãs que sofrem discriminações a perseverarem na caridade para com todos, “lutando pacificamente pela justiça e pela liberdade religiosa”. “À intercessão do primeiro mártir confio também a invocação da paz para os povos dilacerados pela guerra”, disse Francisco. “Os media mostram-nos o que a guerra produz, vimos a Síria, vemos Gaza, pensamos na atormentada Ucrânia, um deserto de morte. É isto que se quer? Os povos querem a paz, rezemos pela paz, lutemos pela paz”, afirmou.

 

3. Com o olhar e o coração voltados para Belém, “onde nestes dias reinam a dor e o silêncio”, o Papa, na sua Mensagem Urbi et Orbi no dia de Natal, convidou os cristãos de todo o mundo a refletir sobre a luz e a paz que nascem do presépio por oposição às trevas, “uma notícia que muda o rumo da história”, porque este Menino é o Príncipe da paz. “Ao Príncipe da paz opõe-se o «príncipe deste mundo»”, disse. “Vemo-lo atuar em Belém, quando, depois do nascimento do Salvador, se verifica a matança dos inocentes. Quantas matanças de inocentes no mundo! No ventre materno, nas rotas dos desesperados à procura de esperança, nas vidas de muitas crianças cuja infância é devastada pela guerra. São os pequeninos Jesus de hoje”, lamentou o Santo Padre.

No dia 25 de dezembro, no Balcão Central da Basílica Vaticana, perante mais de 70 mil pessoas reunidas na Praça de São Pedro, Francisco deixou um veemente apelo para se dizer «não» à guerra, a toda a guerra e à própria lógica da guerra, “que é viagem sem destino, derrota sem vencedores, loucura indesculpável.” E acrescentou que, “para dizer «não» à guerra, é preciso dizer «não» às armas. Com efeito, se o homem, cujo coração é instável e está ferido, encontrar instrumentos de morte nas mãos, mais cedo ou mais tarde usá-los- á.”. E lançou a pergunta: “Como se pode falar de paz, se cresce a produção, a venda e o comércio das armas?”.

O desejo de Francisco é que o Menino Jesus ajude a “sermos voz de quem não tem voz” e que o coração de todos se converta “para dizer «não» à guerra e «sim» à paz”.

 

4. O Papa celebrou a Missa de Natal, a 24 de dezembro, com o coração em Belém. “Nesta noite, o nosso coração está em Belém, onde o Príncipe da Paz ainda é rejeitado pela lógica perdedora da guerra, com o estrondo das armas que ainda hoje O impede de encontrar alojamento no mundo”, lamentou o Santo Padre, na homilia da Missa que celebrou na Basílica de São Pedro, alertando para “o risco de viver o Natal tendo na cabeça uma ideia pagã de Deus, como se fosse um patrão poderoso que está no céu; um deus que se alia com o poder, o sucesso mundano e a idolatria do consumismo”. Francisco explicou que é exatamente o contrário: “O Deus Menino não usa a varinha mágica, não é o deus comercial do «tudo e já», não nos salva carregando num botão, mas faz- Se próximo para mudar a realidade a partir de dentro”. E que “Ele nasceu para todos” e “de toda a terra”.

O Santo Padre lembrou que, “nesta noite, o amor muda a história” e implorou a Deus que ajude a acreditar no poder do Seu amor, tão diverso do poder mundano. É que “para Deus, que mudou a história durante o recenseamento, tu não és um número, mas um rosto; o teu nome está escrito no seu coração.” Ou seja, “Cristo não olha para os números, mas para os rostos”.

 

5. “É preciso coragem para caminhar, para ir mais longe. É uma questão de amor”, disse o Papa aos cardeais e colaboradores que trabalham na Cúria romana. No encontro natalício deste ano, a 21 de dezembro, o Santo Padre alertou para a dificuldade “em transmitir paixão a quem já há muito tempo a perdeu”. E deixou um conselho: “Quando o serviço que realizamos corre o risco de nos entediar, de «labirintar» na rigidez ou na mediocridade, quando nos encontramos emperrados nas redes da burocracia e da insignificância, lembremo-nos de olhar para o alto, recomeçar a partir de Deus, deixar-nos iluminar pela sua Palavra, a fim de encontrarmos sempre a coragem para partir de novo”.

O Papa lamentou que “à distância de sessenta anos do Concílio, ainda se debate sobre a divisão entre «progressistas» e «conservadores», quando a diferença central está entre «apaixonados» e «habituados»”. “Esta é a diferença. Só caminha quem ama. É preciso coragem para caminhar, para ir mais longe. É uma questão de amor. É preciso coragem para amar”, observou.

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