«Vós sois a luz do mundo. Brilhe a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem vosso Pai que está nos céus» (Mt 5,14.16).

Com uma alegria profunda, em nome das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição, venho confirmar a notícia divulgada pelos meios de comunicação: a beatificação da Ir. Maria Clara do Menino Jesus, Fundadora da Congregação. A solene Celebração acontecerá em Lisboa, no dia 21 de Maio às 10.30, no Estádio do Restelo. Convidamos todos a celebrar connosco este momento significativo para a nossa Diocese, a Congregação e a sociedade, pois fomos agraciados com o dom da sua vida e o significado da sua obra.

Este é um momento de exultação para a Igreja que, na força do Espírito, gera santos para o Reino de Cristo. É oportunidade de nos sentirmos confirmados no compromisso de seguimento de Jesus. É, ainda, convite às pessoas de boa vontade para se empenharem na busca de um mundo de justiça, fraternidade e partilha.

O Espírito Santo é o artesão da santidade. A liturgia afirma que Ele “encheu todo o universo”. O universo é, pois, habitado pelo Espírito que o recria na beleza, dinamismo e santidade. No universo, o coração humano é morada escolhida, especial, desta Presença. Quando alguém abre o coração à força irresistível do Seu chamamento, é convidado a aventurar-se pelos caminhos da caridade sem fronteiras e a oferecer a própria vida para dar vida a outros, como fez o Filho de Deus. Isto foi o que aconteceu com a Ir. Maria Clara: tocada pelo Senhor, abriu os olhos para o crescimento assustador da miséria, abandono e exclusão social de grandes contingentes da sociedade portuguesa dos fins do século XIX. Seguindo o exemplo de Jesus, desceu da sua condição privilegiada de jovem da nobreza e fez-se irmã dos pobres. Toda a sua vida se transformou numa aventura samaritana de cuidado para com os desvalidos, fossem crianças, jovens, adultos ou idosos abandonados. Procurou desenvolver nas Irmãs da Congregação fundada por ela e pelo Padre Raimundo Beirão, uma caridade capaz de tudo arriscar, inclusive a própria vida, para servir os mais necessitados. 

A Congregação da Ir. Maria Clara encontra-se, hoje, em 14 países e desenvolve uma acção missionária e pastoral diversificadas. A Casa Mãe encontra-se em Linda-a-Pastora, na Paróquia de Queijas. Visite-a e venha conhecer um pouco da herança espiritual da Ir. Maria Clara, uma luz que o Senhor fez brilhar em Lisboa e se tornou farol para o mundo inteiro.

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Paróquia de Benfica prepara beatificação: Madre Maria Clara é ‘figura gigantesca’ pelo exemplo de vida

A Madre Maria Clara é exemplo para os tempos de hoje pela sua “convicção juvenil muito forte”, disse à VOZ DA VERDADE o Bispo do Porto, D. Manuel Clemente, especialista em História da Igreja.

texto por Nuno Rosário Fernandes

A convite da paróquia de Nossa Senhora do Amparo de Benfica, lugar onde foi baptizada Libânia do Carmo, o Bispo do Porto proferiu na segunda-feira, 14 de Fevereiro, uma conferência sobre esta mulher que vai ser proclamada beata no próximo dia 21 de Maio em Lisboa, a quem apelidou de “gigantesca figura” pelo exemplo de vida “numa época que era difícil”.

A respeito da obra iniciada pela irmã Maria Clara, D. Manuel Clemente explicou na conferência que, esta “vai fazer algo que era contrário às convicções” daquela época, encontrando “mesmo dentro dos próprios católicos desafeição em relação à vida religiosa”. Assim, o ambiente que se vivia em Portugal no final do século XIX era caracterizado por uma certa “resistência confessional”, relevou o bispo historiador, mas vai ser nesse mesmo ambiente que a jovem irmã vai fundar uma congregação “contra quase tudo e quase todos”, disse.

“Maria Clara revela, sobretudo, como uma convicção juvenil muito forte, religiosa e caritativa, se pode impor a uma sociedade que não a compreendia mas que acaba por aceitá-la. Isto mostra a importância das convicções e até onde as convicções podem levar alguém mesmo num meio resistente e hostil”, declarou à VOZ DA VERDADE. “É perfeitamente exemplar! Numa altura em que tanto católico por vezes se sente constrangido, porque o meio não vai de acordo e porque encontra resistências culturais ou outras, o exemplo de Maria Clara mostra como a solução está na convicção”, reforçou.