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Um novo ano escolar (por Nuno Cardoso Dias)
Para muitas famílias Setembro é um recomeço. As crianças voltam para a escola, novos horários, actividades, reuniões. É aquela altura do ano em que nada nos cabe no tempo e no entanto, neste ano ainda mais, é importante a nossa participação.

Na escola precisamos de pais atentos, que saibam ser exigentes mas misericordiosos, que saibam trazer à realidade escolar um olhar inspirado e uma atitude de serviço. Quer este serviço passe por ser representante da turma, membro da Associação de Pais ou mero encarregado de educação, atento e participativo.

Em regime de contenção ainda vai ser mais óbvia a de falta de pessoal, em especial de pessoal auxiliar, que pode tornar a experiência escolar muito mais difícil. Se em certos estabelecimentos, por, exemplo, a hora de almoço era já tumultuosa, a realidade é que quanto menor for o número de funcionários mais problemas haverá, pelo que é importante que os pais saibam estar atentos a esta situação, denunciando os problemas, mas também encontrando soluções criativas, sem deixar de exigir o necessário. 

Mesmo que o horário fique pior – e há casos em que parece de propósito – mesmo que não dê jeito, a participação dos nossos filhos em Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) é importante. Importante por eles e pela sua formação e importante para a comunidade escolar, onde os professores (e alunos) de educação e moral têm o importante papel de ser fermento, sal e luz. Para quem acompanha a realidade de algumas escolas, é muito claro como estas turmas podem ser solução para muitos problemas, consciência crítica para muitas ilusões, estrutura para toda a comunidade escolar. 

A educação sexual continua a ser uma preocupação. A indefinição dos programas é propícia aos mais diversos conflitos e abusos, ferindo a sensibilidade de muitas crianças (e de muitas famílias). É de lembrar que pode entregar na escola uma carta, informando que não autoriza a participação do seu educando em qualquer aula, acção ou aconselhamento relativo a "educação sexual", sem o acordo escrito dos pais, atempadamente solicitado pela escola. Não se trata, pois, de bloquear aquelas matérias, mas tão só de garantir a qualidade da mesma, que não é devidamente assegurada na legislação vigente. Na escola de um dos meus filhos pediram-me autorização para fazer visitas de estudo, sem que me fosse entregue um programa das visitas a efectuar. Disse-lhes que não lhes passava um cheque em branco. Porque haveria de o fazer no que diz respeito à educação sexual, onde eu sei que há propostas de actividades com as quais não concordo?

Uma referência também ao Acordo Ortográfico. A sua aplicação este ano será indefinida, para o dizer o menos. Alguns manuais seguem o Acordo, outros ainda não. A secretária de Estado do Ensino Básico e Secundário, Isabel Leite, já afirmou que ninguém será prejudicado por escrever português correcto em vez de correto. Dada a situação é o mínimo que se pode fazer, quando se deveria ter suspendido a tempo a entrada em vigor do Acordo Ortográfico nas escolas. Perguntado sobre o Acordo Ortográfico o Ministro da Educação, Nuno Crato, diz que ele já não é uma matéria de opinião neste momento. A realidade é que para muitos de nós será o primeiro grande embate com este Acordo e talvez fosse uma boa altura para termos opinião sobre a matéria e para a expressarmos tão claramente quanto possível.

É que afinal, encarregados de educação somos nós, e era bom que fossemos os dois pais, quando ambos exercem o poder paternal. Até seria mais fácil para as escolas, ter duas figuras de referência com quem dialogar. Porém a realidade é que nos formulários apenas aparece espaço para um nome. Resistam: assinem os dois.