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Vaticano II e a Vida Consagrada
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Há 50 anos, no dia 28 de outubro de 1965, era aprovado o decreto Perfectae Caritatis (PC), sobre a renovação da Vida Consagrada. Segundo o Papa Francisco, esta é uma das motivações para a convocação deste Ano da Vida Consagrada, mas o que exatamente mudou com o Vaticano II?

 

Idealizado por João XXIII, muito sensível aos sinais dos tempos, e redinamizado por Paulo VI, o Concílio Vaticano II foi um acontecimento fundamental para a configuração da Igreja contemporânea e suscitou elementos fundamentais para a renovação da Igreja. Constatamos isso com muita clareza ao ler as constituições sobre a liturgia, a Sagrada Escritura, a missão e a constituição da Igreja. Em relação à vida consagrada, como elemento essencial da vida eclesial, não podia ser diferente.

O Vaticano II reafirmou a riqueza da vida consagrada e o seu papel fundamental na difusão da mensagem cristã no mundo e na construção do Reino (cf. PC, n.º 25), não como um “estado de perfeição”, como até então era vista, mas como um seguimento mais íntimo de Cristo. Através do decreto PC, o Concílio procurou animar e renovar os diversos institutos e as suas ações apostólicas a fim de darem uma resposta sempre mais adequada às exigências de cada tempo e lugar.

Antes de começar o Concílio, foram enviadas a Roma 558 propostas sobre o tema da vida consagrada. Uma comissão preparatória encarregou-se de as selecionar e de redigir um texto inicial. Dos 202 parágrafos, restaram apenas 52, longamente discutidos em assembleia, com cerca de 14 mil sugestões. Vê-se com clareza que a renovação da vida religiosa, em muitos aspetos obsoleta e distante das reais necessidades do povo e da Igreja, era necessária e urgente. O documento aprovado após este longo debate começa por abordar exatamente este aspecto, apresentando os princípios (n.º 2), os critérios (n.º 3) e os agentes (n.º 4) desta renovação.

Ali recebem destaque as orientações para se voltar às origens da vida cristã e à genuína inspiração dos Fundadores de cada Instituto, porém sempre adaptando-as às condições e exigências do nosso tempo. Popularizou-se a expressão “fidelidade criativa”, que significa exatamente a inculturação e atualização (adaptar o modo de viver, orar e trabalhar às exigências da cultura e da situação socioeconómica), mas sem desvirtuar o espírito dos fundadores e o sentido de ser da vida consagrada: seguir mais de perto Jesus Cristo através da profissão dos conselhos evangélicos. O Concílio exorta também os religiosos a serem fiéis à sua missão específica, dando sentido à causa pela qual nasceram, visto que cada Instituto religioso surge para responder a uma necessidade específica da Igreja e da sociedade. A partir deste convite praticamente todos os institutos revisaram as suas Constituições, dando novo vigor à própria missão no mundo.

Os votos feitos pelos religiosos é outro tema de destaque, abordados nos números 12 a 14. Diante da sociedade contemporânea, que difunde e exalta uma série de contravalores, a vivência dos conselhos evangélicos através dos votos públicos ou privados de castidade (viver a sexualidade segundo os princípios da fé), pobreza (renúncia dos bens materiais em favor de uma vida onde tudo esteja em comum) e obediência (sinal de humildade, prontidão e total dedicação ao Evangelho) assume um desafio sempre maior e por isso mais louvável.

Por fim, a PC apresenta uma série de orientações práticas (nn. 15-24) referentes à vida em comum, à clausura, ao hábito religioso, à formação, à fundação de novos Institutos, às obras apostólicas, aos Institutos decadentes, às uniões de Institutos, às conferências de religiosos e às vocações. Mudanças que nem sempre foram pacíficas e unânimes, com grande adesão por parte de alguns e uma forte resistência de outros, fator que originou inclusive o abandono de muitos membros da vida religiosa.

50 anos após a aprovação do documento conciliar e em meio a uma grande crise da vida consagrada muitos se perguntam se não é o momento de outra renovação. Talvez sim, mas mais importante é atualizar o espírito do Concílio e colocar em prática muitos dos elementos que ele propõe e que ainda não foram totalmente assumidos. A vida consagrada tem uma história muito rica e bela, mas tem também um futuro desafiador, como afirma a PC no seu número 25: «Todos os religiosos, portanto, difundam no mundo inteiro a Boa Nova de Cristo, pela integridade da sua fé, caridade para com Deus e para com o próximo, amor à cruz e esperança da glória futura, a fim de que o seu testemunho seja visível a todos e glorificado o nosso Pai que está nos céus.»

Ir. Darlei Zanon, religioso paulista
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