Missão |
Rute Silva
“O meu sim foi uma porta aberta para a Missão”
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Rute Silva nasceu a 20 de setembro de 1997, em Lisboa, onde cresceu e ainda vive. Em 2016 terminou o 12º ano na área de design de moda e resolveu fazer uma paragem de um ano para discernir o futuro. Em fevereiro de 2017 partiu por três meses para Moçambique com as Irmãs Concepcionistas.


“Sempre Alerta para Servir”

Nascida numa família de raiz católica, vivendo diariamente a “prática dos bons costumes e a oração em família”, foi batizada a 11 de julho de 1998, no Convento de S. Francisco (Paróquia de Santa Cecília, no Funchal), na “terra natal” da sua família paterna. Aos seis anos iniciou a sua caminhada de catequese tendo recebido o Sacramento do Crisma com 15 anos. Desde muito cedo que se interessou e teve vontade de se envolver nas atividades da Igreja. “Nunca fui de me instalar e ficar no sofá. Aos quatro anos entrei para o Grupo Coral Clave de Sol, pertencente à minha paróquia, saindo posteriormente aos sete anos quando entrei para o Agrupamento de Escuteiros 1264 da Falagueira, aí aprendi a estar ‘Sempre Alerta para Servir’ e a ter o respeito e a compaixão pelo próximo ao exemplo de Baden Powell e Jesus Cristo. Aos 12 anos de idade sentia um grande desejo de ajudar nas rondas da noite aos sem-abrigo, mas não podia pois era muito nova. Porém em 2009 ao participar num encontro das Irmãs Concepcionistas ao Serviço dos Pobres em Elvas, conheci o Grupo Missão Mundo e fiquei apaixonada pelo seu trabalho, desde o primeiro dia. De novo, se colocava o entrave da idade mas o grupo ficou tão admirado com o meu interesse e entusiasmo pela missão que logo me admitiram”, diz-nos.

 

Vivências de amor puro e incondicional

Começou aqui a crescer o “amor pelo próximo e o espírito missionário”. Nas suas férias escolares, começou então a fazer voluntariado nos jardins-de-infância das Irmãs Concepcionistas e no lar das Irmãzinhas dos Pobres em Campolide. Com 13 anos foi convidada para participar no encontro Sub16 da Juventude Mariana Vicentina. “Fiquei fascinada com a espiritualidade mariana e vicentina e o aprofundamento da vida cristã vivenciada pelo grupo neste encontro. A partir daí fiquei a pertencer ao grupo, a ir às reuniões de formação, aos encontros regionais e nacionais, a viver o espírito mariano e vicentino e, nos últimos anos, a participar dos campos de missão, nomeadamente na Casa de Saúde do Telhal, na Casa de Saúde do Pousal e no Externato São Vicente de Paulo, de onde guardo as melhores experiências e vivências do amor puro e incondicional ao próximo”, partilha. Ao terminar o 12º ano, decidiu fazer uma paragem de um ano para “discernir o que queria seguir na faculdade e fazer os exames nacionais.” Depois do caminho feito e do seu desejo de partir em missão, as Irmãs Concepcionistas propuseram-lhe desenvolver um projeto em Manjacaze (Moçambique) na área de corte e costura e desde logo se disponibilizou a partir “pelo tempo que fosse necessário”.

 

Ver a verdadeira alegria nas coisas simples

“No dia 1 de Fevereiro parti então por 3 meses, para pessoalmente me doar àquelas pessoas que há tantos anos ouvira falar e que junto com o grupo dava o meu melhor para os apoiar. A missão que desenvolvi junto deles foi transmitir os meus conhecimentos académicos em design de moda de maneira que tivessem oportunidade de saber construir e costurar peças de roupa. Dava três aulas por dia de segunda a sexta e uma aula coletiva ao sábado a 25 alunos começando pela modelagem, seguido de corte e por fim a costura. O objetivo da missão foi de formar futuros formadores em corte e costura e dar a possibilidade a estas pessoas de criarem e venderem peças de vestuário para o seu próprio sustento e sustento da missão. Finalizamos o curso com um desfile em que cada um fez as suas peças do início ao fim. “Bem-aventurados os puros de coração porque verão a Deus!” – esta bem-aventurança retrata bem o que vivi, pois nunca antes tinha visto pessoas com tão pouco mas com tanta fé e amor a Deus! Ao longo destes meses conheci pessoas extraordinárias que me encheram o coração e esta terra é com certeza muito especial”, partilha na primeira pessoa. Diz-nos que no princípio “não foi nada fácil, ir sozinha para o desconhecido, para um país tão longe de casa onde a realidade é tão diferente, mete um pouco de receio… Mas o que aprendi e o que pude oferecer não tem comparação a qualquer obstáculo que possa ter passado.” Partilha que nesta missão de “apenas três meses”, pôde “abrir os olhos e crescer muito enquanto pessoa, pude dar graças pelos bens que Deus colocou na minha vida e principalmente ver a verdadeira alegria nas pequenas e simples coisas da vida.” Termina dizendo-nos que “é partilhando tudo o que temos e somos que podemos sentir o amor e a bondade de Deus! Todos os dias me alegro ao saber que um pequeno gesto de partilhar aquilo que recebi pôde criar um projeto que se está a desenvolver e vem a crescer a cada dia, e ajudar muitas famílias. Tenho pena que tenha sido tão pouco tempo e guardo no coração a enorme vontade de voltar brevemente. De cá vou acompanhando os meus formandos sobre o desenvolvimento do seu trabalho e apoiar naquilo que eles precisarem através das redes sociais. Acredito que não seja uma missão cumprida, mas sim o início dos muitos projetos que Deus tem para mim, o meu sim foi simplesmente uma porta aberta para a Missão!”

texto por Catarina António, FEC | Fundação Fé e Cooperação
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