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Uma Encíclica Social, por Guilherme d?Oliveira Martins
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Como afirma a nova encíclica: “Temos hoje muitas áreas do globo que — de forma por vezes problemática e não homogénea — evoluíram, entrando na categoria das grandes potências destinadas a jogar um papel importante no futuro. Contudo há que sublinhar que não é suficiente progredir do ponto de vista económico e tecnológico; é preciso que o desenvolvimento seja, antes de mais nada, verdadeiro e integral. A saída do atraso económico — um dado em si mesmo positivo — não resolve a complexa problemática da promoção do homem nem nos países protagonistas de tais avanços, nem nos países economicamente já desenvolvidos, nem nos países ainda pobres que, além das antigas formas de exploração, podem vir a sofrer também as consequências negativas derivadas de um crescimento marcado por desvios e desequilíbrios”. Relendo hoje os textos luminosos do Padre Lebret (colaborador de Paulo VI na “Populorum Progressio”), e lendo as reflexões do Prémio Nobel da Economia Amartya Sem, percebemos que o desenvolvimento humano, a protecção do meio ambiente, a coesão social e a confiança só podem afirmar-se desde que o crescimento quantitativo e a competitividade sejam completados com políticas audaciosas de justiça distributiva e de equidade, capazes de humanizar o mercado.
Oiçamos, de novo, o Papa Bento XVI: “O desenvolvimento é impossível sem homens rectos, sem operadores económicos e homens políticos que sintam intensamente em suas consciências o apelo do bem comum. São necessárias tanto a preparação profissional como a coerência moral”. Em lugar da absolutização da técnica, onde se verifica uma confusão entre fins e meios e a prevalência do ganho imediato, importa, no fundo, pôr a justiça e a dignidade humana em primeiro lugar. Compreendê-lo-emos?
Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão
e compadeceu-Se de toda aquela gente,
que eram como ovelhas sem pastor.
E começou a ensinar-lhes muitas coisas.
Mc., 6, 34.
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