Editorial |
P. Nuno Rosário Fernandes
A caridade não é concorrente
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Estamos a entrar no mês de dezembro e, com ele, vem toda a azáfama e corrupio por causa do Natal. Contudo, não nos esqueçamos que, com este Domingo, o primeiro do Tempo do Advento, inicia um novo ano e tempo litúrgico, que é de esperança. A esperança do encontro com Deus porque é Deus que vem até nós. Um Deus que se faz criança, pobre e frágil.

Já vem sendo hábito, nesta época, o incremento e o aumento de campanhas de solidariedade junto dos mais pobres e desfavorecidos, chegando, por vezes, a pensar que, para a sociedade, esses só existem no Natal. No entanto, este ano, sinto que há algo de diferente. Há um ambiente de proximidade e de partilha de gestos de caridade que se gerou a partir do sofrimento e da tragédia vivida neste Verão, que parecia não ter fim. Há uma atitude de preocupação que leva a um desinstalar-se da comodidade própria para ir ao encontro daqueles que perderam tudo e esperam uma ajuda, um apoio, ou um simples olhar de ternura e de amor. Há um querer estar próximo em gestos de voluntariado, altruísmo, mas, também, de verdadeiro amor.

Por isso, há que evitar o perigo desta solidariedade animada por um orgulho pessoal ou por uma vontade de, simplesmente, se mostrar ou de se mascarar do que não se é. Há que evitar utilizar os mais pobres e carenciados como meros instrumentos de uma consolação pessoal. Há que evitar pensar que a solidariedade dos outros pode ser concorrente à minha. Porque, na lógica do Hino à Caridade de São Paulo (1 Cor 13, 1-13), a caridade não é concorrente e, retomando uma afirmação do novo Bispo de Santarém, D. José Traquina, na homilia da sua apresentação àquela diocese, “o pobre não é um trampolim para o benfeitor chegar a Deus, é antes o provocador do próprio encontro com Deus”. Deixemo-nos, por isso, encontrar por Ele.

 

Editorial, pelo P. Nuno Rosário Fernandes, diretor

p.nunorfernandes@patriarcado-lisboa.pt

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