Liturgia |
Os Padres da Igreja ao ritmo da Liturgia
«Eu dou a vida eterna às minhas ovelhas»
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«Estes são os que vieram da grande tribulação, os que lavaram as túnicas e as branquearam no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trono de Deus, servindo-O dia e noite no seu templo. Aquele que está sentado no trono abrigá-los-á na sua tenda. Nunca mais terão fome nem sede, nem o sol ou o vento ardente cairão sobre eles. O Cordeiro, que está no meio do trono, será o seu pastor e os conduzirá às fontes da água viva. E Deus enxugará todas as lágrimas dos seus olhos». (Ap 7, 14-17)

 

São Gregório Magno, papa e doutor da Igreja. Depois de ter entrado na vida monástica, exerceu a missão de legado pontifício a Constantinopla e foi eleito Papa em 3 de Setembro de 590. Procedeu como bom pastor no governo da Igreja, no cuidado dos pobres, na promoção da vida monástica e especialmente na consolidação e propagação da fé em toda a parte; escreveu muitas obras sobre teologia moral e teologia pastoral. Morreu no dia 12 de Março de 604. Na sua Homilia 14, 3-6, sobre os Evangelhos, proferiu:

Eu sou o Bom Pastor; conheço as minhas ovelhas, isto é, amo-as, e elas conhecem-Me. Como se quisesse dizer claramente: obedecem Àquele que amam. Quem, efectivamente, não ama a verdade, é porque ainda não a conhece. E já que ouvistes, irmãos caríssimos, o perigo que corremos nós, ponderai bem, por estas palavras do Senhor, o perigo que correis vós também. Vede se sois suas ovelhas, vede se O conheceis, vede se possuís a luz da verdade. Se o conheceis, digo eu, não só pela fé, mas também pelo amor e pelas obras. O mesmo evangelista João, de quem são estas palavras, afirma noutro lugar: Quem diz que conhece a Deus e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso.

Por isso, nesta passagem o Senhor acrescenta imediatamente: Assim como o Pai Me conhece, também Eu conheço o Pai, e dou a vida pelas minhas ovelhas. Como se dissesse explicitamente: a prova de que eu conheço o Pai e sou por Ele conhecido, está em que dou a vida pelas minhas ovelhas; por outras palavras: o amor que Me leva a morrer pelas minhas ovelhas mostra até que ponto eu amo o Pai. Continuando a falar das suas ovelhas, diz ainda: As minhas ovelhas ouvem a minha voz; Eu conheço-as e elas seguem-Me; e dou-lhes a vida eterna. Delas tinha dito um pouco antes: Se alguém entrar por Mim, será salvo; poderá entrar e sair e encontrará pastagem. Entrará, efectivamente, abrindo-se à fé; sairá, passando da fé à visão e à contemplação, e encontrará pasto abundante no banquete eterno.

As suas ovelhas, portanto, encontram pastagem, porque todo aquele que O segue na simplicidade de coração é nutrido com um alimento de eterna frescura. Que são afinal as pastagens destas ovelhas, senão as profundas alegrias de um paraíso sempre verdejante? O alimento dos eleitos é o rosto de Deus, sempre presente. Ao contemplá-lo sem interrupção, a alma sacia-se eternamente com o alimento da vida.

Procuremos, portanto, irmãos caríssimos, alcançar estas pastagens, onde poderemos alegrar-nos na companhia dos cidadãos do Céu. A alegria festiva dos bem-aventurados nos estimule. Reanimemos o nosso espírito, irmãos; afervore-se a nossa fé nas verdades em que acreditamos; inflame-se a nossa aspiração pelas coisas do Céu. Amar assim, já é caminhar. Nenhuma contrariedade nos afaste da alegria desta solenidade interior. Se alguém, com efeito, deseja atingir um lugar determinado, não há obstáculo no caminho que o demova do seu intento. Nenhuma prosperidade sedutora nos iluda. Insensato seria o viajante que, contemplando a beleza da paisagem se esquecesse de continuar a sua viagem até ao fim.

(PL 76, 1075-1314; CCL 141; Antologia Litúrgica 5417a-d).


Foto:

O Bom Pastor

séc. III

Museu Pio-Cristão no Vaticano.

Departamento de Liturgia do Patriarcado de Lisboa
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