Lisboa |
Casa do Gaiato de Lisboa inaugura lar residencial e centro de atividades ocupacionais Razões de esperança
Razões de esperança
<<
1/
>>
Imagem

Um lar residencial, para 23 rapazes, e um centro de atividades ocupacionais, dividido em dois edifícios, para 30 utentes. É assim a Casa Papa Francisco, duas respostas sociais dirigidas a pessoas portadoras de deficiência cognitiva, que a Casa do Gaiato de Lisboa inaugurou no passado dia 12 de outubro. “Os rapazes que irão mudar para esta resposta são uma grande razão de esperança”, segundo a diretora.

 

‘João’ (nome fictício) não cabia em si de contente. Este rapaz da Casa do Gaiato de Lisboa ia ter o privilégio de cortar a fita de inauguração do lar residencial da nova Casa Papa Francisco. Orgulhoso, ‘João’ aproxima-se da fita amarela, em forma de laço, colocada na porta da rua, pega-a com todo o cuidado e, de tesoura na mão, corta-a, permitindo, assim, a entrada no novo lar residencial da instituição, que vai passar a receber 23 utentes, jovens adultos portadores de deficiência cognitiva. Logo de seguida, ‘João’ descerra a placa que assinala a inauguração desta nova resposta social da Casa do Gaiato de Lisboa. “É com muita alegria que chegamos a este dia, de poder inaugurar esta Casa que dedicamos ao nosso querido Santo Padre e que servirá uma causa que lhe sabemos tão querida. O Papa Francisco tem-nos impressionado a todos, crentes e não crentes; é sem dúvida uma personalidade de consenso, e talvez a quem tem falado de modo mais exigente seja precisamente aos seus, a quem interpela a uma premente necessidade de uma nova etapa evangelizadora, indicando-nos, com um fervor e uma frescura surpreendente, que o caminho urgente é desinstalar-nos, abrirmo-nos ao mundo, correr riscos, mas ir sempre ao encontro de quem mais precisa e cuidar”, salientava, uns minutos antes, a diretora geral da instituição, Maria Teresa Antunes, sublinhando que a palavra “cuidar, este verbo utilizado como expressão da ternura no serviço aos mais pobres, é a ação central do pontificado do Papa Francisco”.

 

Responder às necessidades

A manhã do passado dia 12 de outubro era de festa na instituição que o Patriarcado de Lisboa tutela desde 2006 e foram muitos os benfeitores, mecenas e amigos da Casa do Gaiato de Lisboa que participaram na inauguração da Casa Papa Francisco. “A lista de espera de pessoas com deficiência e em situações de vulnerabilidade social extrema é uma situação social grave. Impõe medidas. Impõe ação. Impõe cuidar”, lembrava a diretora. “Aqui não se trata de fazer um trabalho muito bonito, mas de respondermos às necessidades identificadas com aquilo que nos é exigido, os nossos dons. E os dons, como a própria palavra significa, também nos foram dados. O dia de hoje, que representa centenas de dias que vivemos neste projeto da construção do que hoje se inaugura, devolve-nos o espanto pela quantidade de razões de esperança que se foram evidenciando pelo caminho, e ver, assim tão nítido e real, que, de facto, há qualquer coisa de transcendente, de Bom e de Belo, que preside e anima este rumo”, acrescentava Maria Teresa Antunes.

 

Proximidade e preocupação

O custo do lar residencial foi de mais de 137 mil euros, valor financiado totalmente pela Caixa Geral de Depósitos (CGD), a quem a diretora da Casa do Gaiato de Lisboa agradeceu a doação do valor e a “proximidade e preocupação de quem está sempre atento ao que nos falta e tudo diligencia para nos acompanhar”. Presente na inauguração, o presidente da CGD, Paulo Macedo, manifestou a “extrema alegria” pela Casa Papa Francisco, e revelou que a instituição bancária pretende ter uma “maior intervenção” na área social. “Os inúmeros pedidos que nos são feitos, em que a sociedade procura a Caixa, têm que ter uma resposta. Foi precisamente num desses pedidos que vimos esta obra e devo dizer que a Caixa também beneficiou, não só por poder associar-se a esta obra, mas também porque, a partir daí, decidiu instituir o valor de 500 mil euros, por ano, para, através de um concurso, apoiar os diversos projetos que se propõem nesta área”, referiu Paulo Macedo, anunciando que “as candidaturas abriram a semana passada”.

Maria Teresa Antunes agradeceu também ao “arquiteto e amigo Filipe Oliveira, que desde a primeira hora deste projeto de refundação desenhou a redesenhou todas as nossas necessidades”, e à Igreja Maná, que “são benfeitores regulares e muito generosos” e contribuíram com as janelas e portas exteriores do lar residencial.

 

Segundo CAO no município

A Casa Papa Francisco não se fica pelo lar residencial. Neste mesmo dia foi também solenemente inaugurado, por dois rapazes da Casa do Gaiato de Lisboa, o CAO - Centro de Atividades Ocupacionais, para 30 utentes, de ambos os sexos, e que está distribuído por dois edifícios. Os agradecimentos da diretora, neste caso, foram para a Cáritas Diocesana de Lisboa que foi “sempre benfeitora” da instituição e ajudou com 129 mil euros. A Câmara Municipal de Loures contribuiu com mais de 41 mil euros para o centro de atividades ocupacionais, com a diretora da Casa do Gaiato de Lisboa a recordar a relação antiga com a autarquia. “Há 5 anos, precisamente neste mês, quando nos reunimos aqui em Casa com o Senhor Presidente e a Senhora Vereadora Maria Eugénia para apresentar o nosso projeto de refundação, pediu-nos que fossemos para além dele, abrindo estas respostas inexistentes neste concelho com números preocupantes de pessoas a precisarem delas”, recordou. Para o presidente do Município de Loures, Bernardino Soares, aquele era “um importantíssimo momento” e, para a autarquia, era “um grato prazer”. “Este novo centro vai garantir a melhoria da vida de muita gente” e “dá resposta a uma área em que o concelho tem uma enorme carência”, lembrou Bernardino Soares, salientando que a nova resposta é “apenas o segundo CAO em funcionamento no município”.

 

Um momento de bênção

O Cardeal-Patriarca de Lisboa benzeu a Casa Papa Francisco. “Quando falamos em bênção, esta palavra evoca força, evoca impulso, evoca garantia de que as coisas comecem antes e depois continuem além de nós, mas que contem connosco, contem com a nossa colaboração. É exatamente aquilo que aqui acontece”, começou por manifestar D. Manuel Clemente, saudando depois o nome das novas respostas sociais da Casa do Gaiato de Lisboa: “Esta Casa chama-se ‘Papa Francisco’ e ainda bem que se chama assim, porque o Papa Francisco tem posto muito em realce algo que é fundamental na visão cristã das coisas, e que vai ao encontro do que a experiência humana tem no seu melhor. Ou seja, diante das dificuldades – que são sempre muitas, a todos os níveis, pessoais, familiares, sociais, em que a realidade nos aparece umas vezes de modo promissor, outras vezes de modo assustador –, o que o Papa Francisco nos tem lembrado é aquilo que o próprio fundador do cristianismo demonstrou: começa-se por reparar na necessidade, que o Papa Francisco formula em termos de centralizar as periferias, e, se se responde a uma dificuldade, o caminho vai abrir. Quem está nisso, sente um impulso, sente uma força a que os crentes chamam a própria bênção de Deus”.

Visivelmente satisfeito pela obra agora benzida e inaugurada, o Cardeal-Patriarca considerou que aquele era “um momento de bênção”. “Este hoje, cria os amanhãs. Porque o futuro não existe, o futuro cria-se no ponto onde se está, com alma grande, com objetividade na resposta e com este impulso a que nós chamamos, porque assim reconhecemos, a bênção de Deus. É por isso que este é um momento de bênção”, sustentou D. Manuel Clemente, antes de benzer o edifício.

 

Razão de esperança

Na inauguração da Casa Papa Francisco, a diretora da Casa do Gaiato de Lisboa começou por agradecer ao Cardeal-Patriarca, D. Manuel Clemente, que, “desde a primeira hora e em todos os momentos, assumiu este caminho como seu e foi sempre fonte de apoio e incentivo com um zelo pastoral que é uma enorme razão de esperança”.

Maria Teresa Antunes não esqueceu, também, a quem a obra se dirige: “Aos rapazes que vivem connosco e que irão mudar para esta resposta: o vosso entusiasmo e a vossa alegria a acompanhar tudo isto, foram alento e recompensa do esforço de tantos, e são uma grande razão de esperança. A todos estes que referi e a todos os nossos benfeitores desta Casa, estão todos de parabéns, esta obra é Vossa!”.

 

_____________


Lar Residencial

Aberto 365 dias por ano, 24 horas por dia, nas modalidades de acolhimento temporário ou permanente, o Lar Residencial da Casa do Gaiato de Lisboa visa promover o alojamento e a prestação de cuidados individualizados e personalizados a 23 pessoas com deficiência e/ou incapacidade do foro cognitivo, maiores de 16 anos. Em dois andares, o novo lar residencial tem, no piso 0 do edifício, uma zona de refeições e respetivos espaços de apoio (copa e compartimento de sujos, mais instalações sanitárias), dois quartos triplos, um duplo e dois simples, para dez utentes, com respetivas casas-de-banho. Neste piso, localiza-se ainda a sala destinada à vigilância do edifício e de apoio aos utentes. O piso 1, destinado ao alojamento de 13 utentes, contempla três quartos triplos, um duplo e dois quartos simples, com respetivas instalações sanitárias, sendo que o espaço central é ocupado por uma sala de convívio. Em termos de recursos humanos, o lar residencial tem um diretor técnico, sete ajudantes de ação direta, três auxiliares de serviços gerais e um animador sociocultural.

 

_____________


Centro de Atividades Ocupacionais

O novo CAO da Casa do Gaiato de Lisboa tem como missão desenvolver atividades para potenciar capacidades, qualidade de vida e bem-estar a 30 pessoas com deficiência intelectual e/ou incapacidade, com idade igual ou superior a 16 anos, de ambos os sexos. Esta resposta vai funcionar em dois edifícios (o CAO 1, com salas de atelieres e acolhimento, e o CAO 2, com área de ginásio, sala de fisioterapia, zonas de arrumos, instalações sanitárias, sala de convívio e sala de refeições, com apoio de copa). Treino das atividades da vida diária e ateliers de Imagem e Comunicação, Artes Performativas, Corpo e Pensamento, Agricultura e Jardinagem, Carpintaria e Restauro, Quinta e Atividades Físicas, Desportivas e Terapêuticas são as atividades que este centro de atividades ocupacionais dispõe, nos dias úteis, ao longo de 11 meses por ano.

texto e fotos por Diogo Paiva Brandão
A OPINIÃO DE
Pedro Vaz Patto
Foi muito bem acolhida, pela generalidade da chamada “opinião pública”, a notícia de que...
ver [+]

Guilherme d'Oliveira Martins
Quando Jean Lacroix fala da força e das fraquezas da família alerta-nos para a necessidade de não considerar...
ver [+]

Tony Neves
É um título para encher os olhos e provocar apetite de leitura! Mas é verdade. Depois de ver do ar parte do Congo verde, aterrei em Brazzaville.
ver [+]

Tony Neves
O Gabão acolheu-me de braços e coração abertos, numa visita que foi estreia absoluta neste país da África central.
ver [+]

Visite a página online
do Patriarcado de Lisboa
EDIÇÕES ANTERIORES