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Roma
“Deus quer que todos sejam salvos”
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O Papa Francisco convidou os cristãos a serem “testemunhas da bondade do Senhor”. Na semana em que recordou São João Paulo II, o Papa denunciou o paradoxo do desperdício alimentar num mundo com fome, canonizou o cardeal Newman e a irmã ‘Dulce dos pobres’ e apelou ao diálogo para superar os conflitos na Síria e no Equador.

 

1. O Papa lembrou que os cristãos devem ser “testemunhas da bondade do Senhor”, sem impedir a ninguém o encontro com Deus. “São Lucas é o evangelista que melhor revela o coração de Jesus e a sua misericórdia. Que esta data ajude todos a redescobrir a alegria de ser cristãos, testemunhas da bondade do Senhor”, apelou Francisco, na audiência-geral de quarta-feira, dia 16, evocando a celebração da festa litúrgica de São Lucas, a 18 de outubro. Na Praça de São Pedro, o Papa centrou-se no livro bíblico dos Atos dos Apóstolos, que relata os acontecimentos que se seguiram à ressurreição de Jesus e a primeira missionação cristã, “acompanhada pela suprema criatividade de Deus que se manifesta de forma surpreendente”. “O Senhor deseja que os seus filhos superem qualquer particularidade para se abrirem à universalidade da salvação. Este é o objetivo, pois Deus quer que todos sejam salvos”, declarou.

Na saudação aos “queridos peregrinos de língua portuguesa”, o Papa convidou à oração do Terço, em família. “De coração, saúdo-vos a todos, confiando ao bom Deus a vossa vida e a dos vossos familiares. Rezai também vós por mim! Que as vossas famílias se reúnam diariamente para rezar o Terço, sob o olhar da Virgem Mãe, para que nelas não se acabe jamais o óleo da fé e da alegria, que brota da vida dos seus membros em comunhão com Deus! Obrigado!”, referiu Francisco.

 

2. O Papa Francisco evocou a figura de São João Paulo II, 41 anos após a eleição pontifícia do Papa polaco, a 16 de outubro de 1978. “Caros irmãos e irmãs, hoje comemoramos a eleição do cardeal Karol Wojtyla para a Sé de Pedro. Agradecemos ao Senhor por todo o bem que se cumpriu na Igreja, no mundo e nos corações humanos através das palavras de João Paulo II, das suas obras e da sua santidade. Lembremo-nos que o seu apelo a abrir os corações a Cristo é sempre atual”, referiu, na saudação aos peregrinos polacos presentes na Praça de São Pedro, para a audiência-geral.

 

3. O Papa Francisco assinalou o Dia Mundial da Alimentação (16 de outubro) com uma mensagem ao diretor-geral da FAO (organismo das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), na qual denuncia o paradoxo do desperdício alimentar num mundo em que ainda existe fome. “É cruel, injusto e paradoxal que hoje haja alimento para todos e que nem todos tenham acesso a eles ou que existam regiões do mundo em que o alimento é desperdiçado, deitado fora, consumido em excesso ou que a comida seja destinada a outros propósitos que não são alimentares”, escreveu, num texto divulgado pelo Vaticano. Francisco liga a fome e a desnutrição a uma “lógica do mercado”, em que apenas se “procura o lucro a todo custo”, considerando a comida como “mero produto do comércio, sujeito a especulações financeiras e distorcendo o seu valor cultural, social e social, marcadamente simbólico”. “Não nos podemos esquecer de que o que acumulamos e desperdiçamos é o pão dos pobres”, refere o texto endereçado a Qu Dongyu, diretor-geral do FAO.

O Papa sublinha ainda que no mundo atual há 820 milhões de pessoas com fome e também quase 700 milhões com excesso de peso, “vítimas de hábitos alimentares desadequados”. “Os distúrbios alimentares só podem ser combatidos através do cultivo de estilos de vida inspirados numa visão grata do que nos é dado, procurando temperança, moderação, abstinência, autocontrolo e solidariedade”, refere a mensagem, elogiando a prioridade dada à “proteção da família rural e à promoção da agricultura familiar”.

 

4. O Papa canonizou cinco beatos, incluindo o cardeal Newman, figura de referência do pensamento católico no século XIX, e a irmã Dulce, primeira santa nascida no Brasil, conhecida pela sua dedicação aos pobres. Na homilia da celebração, Francisco destacou que Deus “não exclui ninguém” e “ouve o grito de quem está abandonado”, quando este lhe pede ajuda. “Precisamos de ser curados da pouca confiança em nós mesmos, na vida, no futuro; curados de muitos medos; dos vícios de que somos escravos; de tantos fechamentos, dependências e apegos: ao jogo, ao dinheiro, à televisão, ao telemóvel, à opinião dos outros. O Senhor liberta e cura o coração. Invoquemos diariamente, com confiança, o nome de Jesus: Deus salva. Repitamo-lo: é oração. A oração é a porta da fé, a oração é o remédio do coração”, declarou, na manhã do passado Domingo, dia 13. O Papa destacou ainda a importância de saber agradecer, de dizer “obrigado, Senhor”, ao acordar, durante o dia, antes de deitar, como um “antídoto ao envelhecimento do coração”. “Invocar, caminhar, agradecer. Hoje, agradecemos ao Senhor pelos novos Santos, que caminharam na fé e agora invocamos como intercessores”, concluiu.

Entre as delegações oficiais na celebração encontravam-se, entre outros, o príncipe Carlos, de Inglaterra, e Hamilton Mourão, vice-presidente do Brasil.

 

5. O Papa apelou ao diálogo para superar os conflitos que afetam a Síria e o Equador, recordando em particular a situação das famílias cristãs na fronteira junto à Turquia. “O meu pensamento vai mais uma vez para o Médio Oriente, em particular para a amada e martirizada Síria, de onde chegam de novo notícias dramáticas sobre a sorte das populações do nordeste do país, obrigada a abandonar as próprias casas por causa das ações militares”, referiu, antes da recitação da oração do Angelus, na Praça de São Pedro, no passado Domingo, 13 de outubro. Francisco recordou que a intervenção militar da Turquia no nordeste da Síria afeta “muitas famílias cristãs”. “A todos os envolvidos e à comunidade internacional, por favor: renovo o apelo a um compromisso sincero no caminho do diálogo, para procurar soluções eficazes”, declarou.

O Papa Francisco disse ainda acompanhar, com todos os membros do Sínodo especial para a Amazónia, a situação no Equador. “Sigo com preocupação o que está a acontecer nas últimas semanas nesse país. Confio-o à oração comum e à intercessão dos novos santos, unindo-me à dor pelos mortos e os feridos”, salientou, encorajando todos a “procurar a paz social, com particular atenção às populações mais vulneráveis e aos Direitos Humanos”.

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