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“Novas equipas de acolhimento das igrejas estarão lá para ajudar e para segurança de todos”

O pároco do Campo Grande não escondeu que “as pessoas estão com muitas dúvidas acerca de como as coisas vão funcionar” no regresso das Missas com fiéis, mas considera que as equipas de acolhimento que as paróquias estão a constituir vão “ajudar” a tranquilizar. “Nas igrejas, sabemos que há pessoas que têm uma rotina e estão habituadas a sentar no mesmo lugar, a entrar pela mesma porta, e tem de haver alguém que indique a essas pessoas que essa cadeira está livre porque é suposto estar livre, devido à distância de segurança que se tem de manter. Estas novas equipas de acolhimento servem também para tranquilizar as pessoas, para ver se todos têm máscara e se desinfetam as mãos… Estas equipas estarão nas igrejas para ajudar e para segurança de todos”, apontou o padre Hugo Gonçalves, durante a emissão do ‘3 DICAS’ desta quarta-feira, 27 de maio, lembrando ainda que “o medo das pessoas é que haja confusão”. “Acho que não vai haver confusão, e vai correr tudo muito bem”, desejou. “Aliás, estas equipas de acolhimento [os ostiários], na história da Igreja, tiveram um papel muito importante em determinadas épocas”, acrescentou.

Neste programa, que teve como tema ‘Regresso das Missas com fiéis’, o sacerdote assegurou ainda que esta paróquia da cidade de Lisboa está “a cumprir tudo aquilo que foi decretado não só pela Direcção-Geral da Saúde, mas sobretudo as normas que foram enviadas pela Conferência Episcopal Portuguesa”, para voltar a receber os cristãos para a Missa, o que vai acontecer no próximo fim-de-semana, dias 30 e 31 de maio. “A primeira coisa que fizemos foi estudar as normas, reunir o secretariado da liturgia da paróquia, que reúne os responsáveis pelos grupos dos vários ministérios, mas também por organizar a dinâmica de cada uma das várias Missas que temos ao fim-de-semana. Estamos a constituir equipas de acolhimento, à porta, que ajudem depois as pessoas a dirigirem-se aos seus locais e a respeitarem as regras que foram definidas. Estamos a cuidar para que não só a informação seja clara, com a sinalética adequada, mas também para que o próprio espaço litúrgico, sobretudo a zona do presbitério, seja segura e haja o mínimo de contacto possível nas alfaias litúrgicas e nos livros. Depois, também, as medidas de higienização e de arejamento do espaço, que foram pedidas e que vamos implementar”, resumiu o padre Hugo.

 

“Estamos a começar um novo tempo”

O padre Ricardo Franco, pároco da Lourinhã, Campelos, Marteleira e Marquiteira, e ainda administrador paroquial de Outeiro da Cabeça, paróquias na zona Oeste do Patriarcado, esteve também no ‘3 DICAS’ e lembrou que “as realidades são díspares na Vigararia da Lourinhã”, com “algumas igrejas grandes, e outras mais pequenas”, e que a Igreja está a viver um novo “tempo”. “A grande questão, nas minhas paróquias, tem sido trabalhar com as próprias pessoas na tal situação das equipas de acolhimento e ordem. Esse trabalho tem sido muito positivo, mas estamos a começar um tempo. É uma coisa que tenho sempre dito às pessoas: antigamente, para haver Missa, bastava haver padre; agora, é preciso haver comunidade, porque é difícil que haja Eucaristia se não estiverem garantidas as condições de segurança, se as pessoas não se respeitarem umas às outras, se não houver pessoas para fazer o acolhimento, que é fundamental”, alertou.

Este pároco destacou que tem “reunido com as pessoas”, para as “ajudar a tranquilizar”. “Nós também estamos a aprender”, referiu, contando ainda um pormenor “muito interessante que acontece no Oeste”. “O padre Hugo falava da situação de as pessoas terem quase lugar marcado, mas a questão é que muitas vezes o marido fica longe da mulher, e a mulher do marido, e os filhos no outro canto da igreja… E agora, por uma questão de rentabilização do espaço, vamos pedir às pessoas que se sentem em família”, observou, sublinhando que, “nas equipas de acolhimento, quem fica à porta, tem que ser alguém que conheça as pessoas da terra”. “Tudo isto é uma aprendizagem muito interessante, e que pode gerar novos dinamismos na comunidade”, considerou. “Depois das Missas de sábado e de Domingo, vamos ter que pensar, avaliar o que correu bem, o que correu mal, o que podemos melhorar… É o tempo do Espírito, que há de conduzir-nos, e não é por acaso que isto vai começar no Pentecostes”, acrescentou.

Tendo ao seu cuidado pastoral cinco paróquias, o padre Ricardo Franco revelou que tem procurado “indicar às pessoas quantos lugares existirão agora nas igrejas”. “Como temos vários horários, se as pessoas não conseguirem ir num horário, procurem ir noutro. Vai ser uma aprendizagem”, frisou, destacando ainda que na Lourinhã, “que é uma realidade muito grande”, optaram por celebrar a Missa “no pavilhão municipal”. “Estamos a preparar o pavilhão para ter todas as condições para poder receber as pessoas dos vários lugares da paróquia”, revelou.

 

Fiéis desejosos, mas receosos

Questionados sobre se sentem nos paroquianos um desejo grande de voltar às Missas presenciais, ambos os párocos confessaram estar a sentir receio nos fiéis, com este regresso das Missas comunitárias. “Durante este tempo, senti as pessoas com muita tristeza de não poderem vir à Missa, à igreja, mas a partir do momento em que foi aberta essa possibilidade, fui-me deparando com uma coisa que me surpreendeu: o receio de não ser seguro. Isso apanhou-me de surpresa, não estava à espera disso. De qualquer maneira, as pessoas estão com muita vontade de vir, mesmo as crianças com quem fazia um encontro através do Zoom, estão com muita vontade de vir”, respondeu o padre Hugo Gonçalves.

Também na zona da Lourinhã, segundo o padre Ricardo Franco, “várias pessoas manifestaram tristeza, sede e fome de participar na Missa, durante o estado de emergência”. “Agora, à medida que se vai aproximando a data do regresso das Missas comunitárias, vejo que há alguma desconfiança. É uma pergunta interessante, e agora, quando for possível, vamos ver quem vem à Missa, quem vai vencer o medo. Sempre se disse que a pior coisa da pandemia, para além do bichinho que não se vê, era o medo que ele criava. Vamos ver quem é capaz de vencer o medo”, acrescentou o pároco.

 

Proximidade espiritual

Sobre o tempo de confinamento, os dois sacerdotes foram coincidentes na opinião de que “foi um desafio e uma aprendizagem” a forma como procuraram chegar aos seus paroquianos, mas que ganharam proximidade. Para o padre Hugo Gonçalves, “a Igreja foi aprendendo, também ao longo deste tempo, a dar saltos quantitativos, mas se calhar também qualitativos, na forma de chegar às pessoas, através dos meios digitais”, apontou o pároco do Campo Grande, referido que procuraram “ser equilibrados” e “não duplicar propostas que já existiam”, e destacando também as “visitas presenciais a casa dos idosos, falando das escadas e à janela” e “mobilizando as pessoas para projetos de solidariedade e caridade”. “É engraçado, porque temos tido muitos agradecimentos de paroquianos que dizem que sentem que a paróquia lhes fez companhia, sentiram-se acompanhados e próximos de nós. E de facto, estou mais próximo de algumas pessoas do que estava antes”, assumiu.

No caso do padre Ricardo Franco, que é pároco numa zona rural, no Oeste, “aconteceram coisas engraçadas” nas transmissões online. “Há uma série de pessoas que não estavam habituadas aos meios tecnológicos – até mesmo eu! –, mas que começaram a querer aprender para poderem acompanhar as celebrações. Foi muito engraçado”, partilhou, lembrando também a visita da imagem de Nossa Senhora “por todas as terras” e “por todas as ruas”, que permitiu contacto visual com os cristãos. “É verdade que perdemos um pouco o contacto com muita gente, e há pessoas que não vemos há muito tempo. Quando andava em cima dos tratores e das carrinhas, houve vários momentos em que me comovi, porque havia caras que já não via há muito tempo”, contou, destacando ainda que, durante a quarentena, “muita gente não rezava a Liturgia das Horas e começou a rezar”. “Agora, vamos ter que avaliar e pensar como vamos continuar, mas há aqui um ganho de proximidade espiritual. Como pastor, devo dizer, que me senti muito próximo, espiritualmente muito próximo”, garantiu.

 

“Cumprir na igreja, como temos cumprido na rua”

Na Paróquia da Benedita, as equipas de acolhimento para o regresso das Missas com fiéis foram confiadas ao agrupamento de escuteiros 710-Benedita. José Ramalho, chefe do agrupamento e que integra a equipa de acolhimento, esteve no ‘3 DICAS’ e referiu que “tudo vão fazer” para que “as pessoas se sintam confortáveis” nas celebrações. “O nosso pároco, padre Gianfranco, pediu ao nosso agrupamento para ajudarmos nestas equipas de acolhimento. Estamos habituados a coordenar e a organizar a parte logística, pelo que olhamos para isto de uma forma muito prática: vamos ter três Missas – uma ao sábado e duas ao Domingo – e vamos ter três equipas de escuteiros permanentes, a acompanhar as Missas. Basicamente, vamos ter o cuidado de convidar as pessoas a sentarem-se de acordo com as regras. Como os senhores padres diziam há pouco, isto é novo para todos, vamos ver como vai correr, mas, da nossa parte, como equipa da organização, vamos fazer o melhor para que as pessoas se sintam o mais confortáveis possível”, assegurou este leigo, referindo “terem a vantagem de as pessoas olharem para os escuteiros com alguma tolerância”. “É a força do lenço”, complementou o padre Ricardo Franco.

A Paróquia da Benedita, que tem uma das maiores igrejas da diocese, com capacidade para 800 lugares sentados, vai agora acolher 200 pessoas para cada celebração, segundo anunciou José. “As pessoas estão com a tal sede e a tal fome da Eucaristia, mas é engraçado ver que as pessoas mais velhas estão conscientes que, neste ponto, se calhar, não convém ir já e deixar espaço para os mais novos, para as famílias mais novas irem. A nossa igreja vai ter espaço para cerca de 200 pessoas, distribuídas pela nave central, pela capela do Santíssimo e pelo coro alto. Penso que vai correr tudo bem”, apontou.

Convidado a deixar um conselho aos fiéis que vão participar na Eucaristia, no próximo Domingo, José Ramalho sublinhou a importância do cumprimento das novas regras. “O conselho que daria seria para cumprirem como têm cumprido. Vemos as pessoas na rua, com distanciamento, quando vão à farmácia, quando vão ao supermercado”, aconselhou este leigo da Benedita, que está a coordenar as equipas de acolhimento na paróquia, para o regresso das Missas com a presença de fiéis, focando depois outro aspeto: “À entrada da igreja, eu pedia para terem essa atenção de manter o distanciamento, porque depois alguém os convida a entrar e os encaminha, para se acomodarem dentro da igreja. Essa será a parte mais sensível: a chegada à igreja”.

 

As ‘3 DICAS’

Nesta emissão dedicada ao ‘Regresso das Missas com fiéis’ foi o pároco do Campo Grande, padre Hugo Gonçalves, quem deixou as três dicas.

- 1.ª DICA: “Não tenham medo de vir à Missa. Vai ser seguro vir à Missa, mais seguro do que, se calhar, ir ao supermercado, ao restaurante ou a outros sítios.”

- 2.ª DICA: “Respeitem as indicações que vos derem. Isso vai ajudar a que tudo corra melhor para todos.”

- 3.ª DICA: “Acolher o Espírito Santo. Como será no dia de Pentecostes a retomada das Missas com a presença dos fiéis, acolham o Espírito Santo e vivam d’Ele.”

 

Cardeal-Patriarca: “Entusiasmo” e “cautela”

Esta emissão do ‘3 DICAS’ contou ainda com a estreia, em exclusivo, da Mensagem do Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, quis dirigir aos diocesanos a propósito do regresso das Missas comunitárias. No vídeo, D. Manuel Clemente manifestou-se entusiasmado com a retoma das celebrações com a presença de fiéis e pediu “cautela” para que o “vírus muito astucioso” não aproveite algum “descuido” para se propagar.

Foi ainda anunciado, durante esta emissão, que a edição em papel do Jornal VOZ DA VERDADE vai regressar no fim-de-semana de 6 e 7 de junho, após o recomeço das Missas comunitárias.

Quanto ao ‘3 DICAS’ – e de modo a não coincidir a transmissão com o fecho da edição em papel, à quarta-feira –, regressa na próxima semana, num novo dia e num novo horário, a divulgar brevemente.

 

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